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DocLisboa ’25 | Symbiopsychotaxiplasm: Take One, em análise

Symbiopsychotaxiplasm: Take One, de William Greaves, emerge como uma obra visionária e desafiadora do cinema documental americano, servindo de ponto de partida perfeito para a filmografia do realizador, alvo de uma retrospetiva no Doclisboa 2025. A exibição deste filme no contexto do festival permite então mostrar o contributo de Greaves para o cinema experimental.

O que explora este filme?

Filmado em 1968 no Central Park de Nova Iorque, o filme é essencialmente um “filme dentro de um filme”. Nele, Greaves filma com técnicas experimentais, como múltiplas equipas de filmagem e divisão de ecrã, para capturar o making-off de um outro filme feito pelo próprio William Greaves. Assim, o mesmo interpreta deliberadamente um realizador confuso e provocador, gerando tensão entre as equipas técnicas e os atores, cuja participação espontânea acaba documentada e incorporada no filme.

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O resultado é altamente lúdico e divertido, para além de nos colocar a questionar a natureza do que estamos a ver: será tudo ficção e uma mentira ou haverá elementos de realidade, modo reality-show? William Greaves cria um ambiente onde o inesperado se torna regra, convidando tanto atores como técnicos a improvisar, a questionar, a rir e até a insurgir-se contra a própria filmagem. Esta dinâmica espontânea é, assim, parte central do filme.

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Que influência tem este filme no cinema experimental e documental?

O lado lúdico e experimental de Symbiopsychotaxiplasm não só subverte o canon documental, como inspira cineastas e públicos a ver o cinema como um espaço de questionamento permanente e de prazer criativo. É aqui uma abordagem alvo de celebração nesta exibição no Doclisboa, na Cinemateca Portuguesa, reforçando a atualidade do olhar inovador de Greaves.

Apesar de um percurso difícil desde o momento em que foi feito até à sua consagração, o filme foi gradualmente ganhando notoriedade, tendo finalmente reconhecimento como “cultural, histórica e esteticamente significativo” pela inclusão no National Film Registry em 2015.

Críticos e cineastas como Manohla Dargis e Steven Soderbergh elogiaram a inteligência e ousadia de Greaves, destacando o carácter imprevisível e sincero do filme, bem como o seu contributo para o debate sobre os limites entre manipulação e espontaneidade no ato de fazer filmes.

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Décadas depois deste primeiro filme, figuras como Steve Buscemi e Steven Soderbergh apoiaram ainda uma “sequela” também feita por Greaves. Trata-se então de Symbiopsychotaxiplasm: Take 2½, que saiu em 2006, comprovando a importância do filme enquanto referência inovadora e adorada muitos anos depois.

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Foste ao DocLisboa ver este filme?

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