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Tribeca Festival Lisboa ’25 | Charliebird – a Crítica

“Charliebird” foi um dos filmes exibidos no primeiro dia de certame do Tribeca Festival Lisboa em 2025, isto com direito à presença da realizadora Libby Ewing e de parte do elenco entre os convidados.

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Uma primeira obra em estado de graça

Um pequeno filme, em escala mas não em sensibilidades, “Charliebird” havia já estreado na versão norte-americana do Tribeca Festival, chegando agora a Portugal para uma bela estreia nacional na nossa extensão portuguesa. Este é um drama com ênfase na componente da música, e que se afirma como uma primeira obra inegável para Libby Ewing, num filme no feminino e que reconverte uma história que soa familiar mas sempre interessante.

Em “Charliebird” somos apresentados à história de Al (Samantha Smart), uma terapeuta musical num hospital para crianças, onde o seu objectivo é levar um dia de cada vez e, preferencialmente, não ficar demasiado dependente, do ponto de vista emocional, destes jovens, muitos eles moribundos.

Al é excelente neste seu trabalho, leve com os pacientes e hábil com os pais, capaz de separar as suas emoções das suas tarefas, ou assim o parece. É essa a impressão de algumas colegas mais emotivas, que se desfazem em lágrimas perante certas despedidas difíceis, ao contrário da nossa Al.

Charliebird: uma pérola no Tribeca Festival Lisboa

Todavia, a introdução de uma nova personagem, Charlie (Gabriela Ochoa Perez), mostra-nos que estas barreiras não são de facto assim tão impenetráveis, à medida que a jovem criativa e artística entra pelo coração de Al a dentro, estabelecendo-se uma real e bela amizade entre a terapeuta musical e a adolescente.

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Todas as prestações são excelentes, da protagonista Samantha Smart à jovem Gabriela Ochoa Perez, no seu primeiro papel no cinema. E eis que Gabriela venceu o prémio de Melhor Representação numa Narrativa Americana no Tribeca nova-iorquino, tendo também o filme sido premiado nesta mesma categoria.

Assim, cheio de louvores no Tribeca original, onde teve estreia, chegou “Charliebird” a Portugal. Devo confirmar que a estreante Gabriela Ochoa Perez, presente em Lisboa, merece todos os louvores que recebeu, brilhando e bem na pele de uma adolescente revoltada perante a sua sorte, mas ainda assim repleta de luz, talento e curiosidade artística. O seu pessimismo é contrabalançado pelos projetos artísticos em que se envolve com Al e pela luminosa amizade que se estabelece entre ambas.

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E sim, podemos dizer que o enredo de “Charliebird” não é único, que existem outros filmes sobre tais temáticas, inclusive com o mesmo tom. Mas a verdade é que a perspectiva desta longa-metragem de estreia é muito própria. Não há grande melodrama, a tristeza é parte da vida, e este é, genuinamente, muito mais um filme sobre viver do que sobre morrer, como todos os do género deveriam ser.

Uma obra no feminino com Charliebird (2025)

Além disso, a obra foi feita por um colectivo feminino criado durante a pandemia, mostrando resiliência e um ponto de vista próprio. Adicionalmente, a estreia de Libby Ewing foi feita com muito carinho e dedicação. Para este seu primeiro filme, e durante o Q&A posterior, a realizadora admitiu que aprendeu a editar especialmente para esta longa, tal era o baixo orçamento. Devemos dizer, ninguém diria, perante a confiança do trabalho, que esta é a sua primeira aventura ou tão pouco a sua primeira edição.

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Isto porque “Charliebird” faz-se sentir profundamente pessoal, belo, mostrando como para além do cuidado médico é preciso acrescentar um cunho pessoal e emocional. Esta jornada une duas desconhecidas e torna-as amigas próximas, de uma forma belíssima e acima de tudo credível. E o mérito é todo de Libby Ewing e do seu honesto elenco.

Não há realmente muito a extrair além da proximidade clara e inegável entre as duas personagens centrais. O filme não se esforça para introduzir ideias complexas ou contraditórias. A beleza desta amizade é tudo, o pilar central que constrói uma narrativa que voa de forma plena.

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Por agora, “Charliebird” continua na sua rota de festivais, inclusive nos Estados Unidos da América, ainda com as estreias comerciais fora de vista. No entanto, esperamos que esta pequena pérola indie chegue às salas comerciais portuguesas.

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Charliebird - em Análise

Conclusão

Não obstante a familiaridade da temática, “Charliebird” é um filme especial, belo e determinado em honrar as suas personagens e performances centrais.

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Overall
8/10
8/10
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