Rosewater – Uma Esperança de Liberdade, em análise
“Rosewater- Uma Esperança de Liberdade” é a estreia de Jon Stewart como realizador, e excede as expectativas como primeira experiência, sendo maravilhosamente bem executado. O filme é baseado na história verídica de Maziar Bahari, jornalista que foi preso e torturado durante um período de quatro meses, no Irão, devido à crença por parte do governo iraniano de que se tratava de um espião para os EUA.
Maziar Bahari (Gael García Bernal) encontra-se no Irão a cobrir as eleições para a Newsweek, nas quais os grandes candidatos são Mousavi, que representa para muitos uma eventual mudança, e Ahmadinejad, que perpetuaria o regime estabelecido até então. Apanhado de surpresa, Bahari é detido por forças iranianas e levado para uma prisão onde é vendado e interrogado intensivamente por um “especialista” que tem um cheiro intenso a água de rosas. Bahari começa a perder a fé à medida que os dias passam sem qualquer esperança da tortura acabar, e tem que encontrar a esperança dentro de si para ultrapassar o aprisionamento.
Há que admitir que uma grande parte do sucesso do filme está na interpretação excepcional e credível de Gael, que consegue transmitir as pequenas subtilezas que ganham especial importância num filme mais intimista, como é o “Rosewater”. O ator eleva o enredo, dando-lhe ainda mais qualidade.
Jon Stewart, para além de ser o realizador, também adaptou para o grande ecrã Then They Came For Me, a biografia de Bahari que serviu de base para “Rosewater”. É visível a influência de Stewart em certas cenas de humor que aliviam a carga dramática, sem a sobreporem. Contudo, há certos momentos que revelam a sua genialidade mais subtil, como a bonita e emocional cena de dança de Bahari na sua cela ao som de Dance Me to The End of Love, que revelam o poder da esperança nesta situação limite.
Existem alguns aspectos que não foram tão bem sucedidos, e que sem dúvida resultam da inexperiência de Jon Stewart, sendo o mais relevante o facto de ter sido dada uma relevância tão elevada à água de rosas no início, já de si uma escolha algo questionável, uma vez que é difícil estabelecer uma ligação forte com um cheiro num filme, tendo depois sido completamente abandonada, ou diminuída com o decorrer do enredo. É também visível que Jon Stewart está a experimentar vários estilos e abordagens, o que pode ser algo desinteressante para quem não é fã do realizador e não tem grande interesse em ver o seu crescimento, mas não é necessariamente um ponto negativo.
No geral, “Rosewater – Uma Esperança de Liberdade” é uma excelente ilustração, não só da experiência de Maziar Bahari, mas da esperança que a maioria do povo iraniano tem que o seu país mude, algo que raras vezes é transmitido para o público em geral. Mais importante que tudo o resto, mostra que a condição humana é independente da localização geográfica, que somos todos iguais, que todos temos esperança e sonhamos com algo melhor.
SL