A Visita, em análise

 

A estreia em Portugal de “A Visita” teve lugar no MOTELx – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa.

 

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 FICHA TÉCNICA

Título Original: The Visit
Realizador: M. Night Shyamalan
Elenco: Olivia Dejonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan
Género: Comédia, Horror
NOS | 2015 | 94 min

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Do mais sábio ao menos intelectualmente dotado, o homem vive uma aprendizagem constante. E deve, necessariamente, encontrar-se permeável a novas perspectivas. Não quaisquer umas, mas as certas. Aquelas que parecem expressar: “assim, resulta”.

A Visita, de M. Night Shyamalan prova que o ingrediente cómico que se atribui a um argumento/realização no campo do horror terá de ser introduzido de forma a homogeneizar-se com todo o ambiente. Numa espécie de relação paradoxal paixão-ódio; se, por um lado, a encaixar na criação; por outro lado, e interpoladamente, dela se afastando, dando lugar a momentos de tensão, como se estas cenas, então, não elencassem a mesma película.

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Ou seja, não tratamos aqui daquelas obras em que o propósito, no seu todo, é o de levar ao riso do início ao fim, satirizando até outras produções; ou, como também por vezes se dá conta, em que uma cena que potencia uma gargalhada simplesmente não é a ideal, naquele contexto de adrenalina.

Há que saber fazê-lo. E não é que O Acontecimento se deu?

A liderar as cativantes interpretações, surge-nos Tyler (Ed Oxenbould), um dos mais fenomenais protagonistas do lado do Bem, no que se refere ao recente cinema do terror. Ele descontrai-nos nos momentos de tensão, mas é também quem crê no obscuro. Ele é o ‘rapper do pedaço’, mas incorpora um conflito interior que, mais tarde, se vai abrindo aos nossos olhos. Tyler, é ainda, e afinal, uma criança, o que não impede a sua perspicácia de análise familiar, em especial no que respeita à irmã Becca (Olivia DeJonge).

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Mas quem são Becca e Tyler? Nada mais que dois irmãos, autorizados pela mãe a gozar umas pequenas férias com Nana (Deanna Dunagan) e Pop Pop (Peter McRobbie), avós maternos, cuja relação com a filha tem sido nula, desde a sua saída de casa.

Se a interacção com a mãe de ambos (Kathryn Hahn) nunca se deu – e muitos anos já decorreram desde então – o mesmo não acontece entre as quatro peças fundamentais do filme, cuja ligação será, simultaneamente, bizarra e dramática.

Shyamalan, realizador e argumentista de “A Visita” vem redimir-se de últimas fraquezas cometidas (“The Last Airbender”, “The Happening” e mesmo “Lady in the Water”), alertando-nos que poderá voltar a filmar como em “Signs”, ou até – estaremos a acreditar muito? – “The Sixth Sense” e “Unbreakable”.

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A fotografia é capturada em modo de documentário, como o próprio realizador afirma. Segundo N. Shyamalan, o documentário distingue-se do ‘found footage’, na medida em que nesta última modalidade não existe propósito, há um certo carácter aleatório na filmagem; ao invés, no primeiro estilo, existe estética, um objectivo cinematográfico.

Essencialmente, neste filme o mérito reside na conjugação de vários géneros numa película, sem deteriorar o seu desenvolvimento, a sua capacidade de se dar à nossa percepção.

Desde o horror (de qualidade) à comédia (francamente bem feita), não abstraindo do drama, N. Shyamalan soube como realizar os nossos sonhos de o voltar a ver em forma. Com twist ou sem twist – mas sem spoiler, isso é certo – será esta, sem dúvida, uma visita inesquecível, mesmo para os menos aficcionados do género principal de que aqui se trata.

Sofia Melo Esteves

 


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