Amigos Para o Que Der e Vier, em análise
“Amigos para o que der e vier” começa por ser promissor, descarrilando completamente a partir de um certo ponto.
Ben (Zach Galifianakis) e Steve (Owen Wilson), amigos de longa data, regressam à sua cidade natal após a morte do pai de Ben, que lhe deixa uma herança substancial na esperança que o seu filho mude de estilo de vida. Este, até aqui vivendo algo à deriva, tem que tomar decisões para as quais não se encontra minimamente preparado, e a constante interferência da sua irmã (Amy Poehler) apenas piora toda a situação. Enquanto isto, a madrasta de Ben (Laura Ramsey), uma mulher bastante mais jovem do que o seu falecido pai, seduz Steve com o seu encanto, fazendo-o repensar toda a sua perspectiva sobre o amor.
No começo, este é um filme que entretém, sem qualquer dúvida. Apresentam-nos as personagens, as suas pequenas peculiaridades, como vêem o mundo à sua volta, e a forma como se relacionam umas com as outras. Apesar de nenhuma delas ser particularmente cativante, o enredo resulta até este ponto. O problema começa quando a maior parte delas começa a agir de forma completamente diferente àquela que nos foi apresentada.
Ben começa por ser um ambientalista bastante comprometido com a sua causa, até demais, e é aparente a confusão mental em que vive. Não é surpresa quando (spoiler alert!) se descobre que tem problemas psiquiátricos. Após decidir tomar os medicamentos, existe uma melhoria, que é evidenciada como? Quando Ben decide casualmente deixar de ser vegetariano. Aliás, nem foi uma decisão, simplesmente apeteceu-lhe comer galinha. Porque aparentemente o vegetarianismo é um sinal de distúrbios do foro psiquiátrico, como o filme insiste em recordar-nos constantemente ao apresentar-nos diversas vezes o abandono do seu estilo de vida vegetariano como um sinal de recuperação. Completamente incompreensível.
Outra personagem completamente incompreensível é Angela, a madrasta de Ben, que nos é apresentada como uma pessoa profunda, completamente devota ao pai de Ben, ao ponto de ter insistido em não receber nada com a sua morte. No entanto, isso não a impede de dormir com um membro da família na semana da sua morte, e presumidamente apaixonar-se por Steve, só porque a vida é muito curta.
Steve é o único que escapa, pois há motivos para a mudança que vemos nele, apesar desta não o tornar numa personagem interessante.
Para compensar, de certa forma, os atores fazem um bom trabalho, mas também não são brilhantes. As cenas de choro parecem forçadas, e não comovem ninguém.
Não há forma de avaliar “Amigos para o que der e vier” de maneira positiva. A sua única qualidade é o começo, que de facto é engraçado, mas o certo é que no final não nos deixa nada, nem mensagem, nem sentimento.
SL