Anomalisa | Mini-Crítica

anomalisa Rítulo Original: Anomalisa
Realizador: Duke Johnson, Charlie Kaufman
Elenco: Jennifer Jason Leigh, David Thewlis, Tom Noonan
Género: Drama, Animação
NOS Audiovisuais | 2015
[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’]

What is it to be human? To ache?

Realizado por Duke Johnson e Charlie Kaufman em stop-motion, Anomalisa narra a história do falso despertar de um individuo despegado e desiludido com a humanidade. Michael Stone, orador motivacional, voa para Cincinnati (Ohio), para promover o seu último livro How May I Help You Help Them?, onde, apesar de casado e com um filho, recorda desesperadamente uma relação que demoliu há muitos anos, combinando um encontro fogaz no bar do hotel que nos remete para a fatídica realidade do filme. Para Michael, todas as vozes e rostos são iguais, permanecendo uma uniformidade desconfortante em tudo o que o circunda.

Entre devaneios e alucinações loucas oriundas do seu lugar mais negro, apercebemo-nos que esta personagem está imersa numa forte depressão da alma e desespera por alguma conectividade ou sentimento. Num ato de angústia relacional acaba por bater à porta de duas amigas que se encontram na cidade com o intuito de ouvir o seu discurso. Com o ego massajado e a ajuda de alguns cocktails durante o serão, Stone convida uma das amigas, Lisa, para tomar uma última bebida no seu quarto.

anomalisa

Lisa. Lisa é dissemelhante. Além da aparência individualizada de todas as outras personagens, a sua voz é também distinta e cativa Michael de uma forma que nem o próprio sabe compreender. Lisa não desfruta de qualquer tipo de inteligência específica, mas cativa Michael com o seu jeito inocente e daí seguem-se conversas futurísticas e planos amorosos que parecem ser a solução do universo.

No entanto, e num ápice, o sol nasce velozmente e com ele vem a razão. Após um pesadelo que confirma o seu egocentrismo intensamente estragado e corroído, a beleza superficial da noite anterior desvanece-se num instante e Michael retoma à mesma condição de desalento e desilusão. E tudo se torna frágil: simpatizamos com esta alma perdida, relacionamo-nos com a problemática e assimilamos que tudo aquilo é o representativo do mais profundo fosso sentimental. A anulação da identificação, a efemeridade e liquidez de sentimentos, como se nada fosse certo e tudo se trate de uma variável sujeita a mudanças a cada minuto que passa.

anomalisa

Anomalisa é um rebuscado exercício para a intelecto e um absoluto prodígio cinematográfico que nos estremece vagarosamente, como se de uma anomalia se tratasse.


Também do teu Interesse:


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *