“Trabalhei sem ganhar nada”, a chocante confissão do realizador de Brutalist
Por trás das luzes da ribalta e do glamour do sucesso de “The Brutalist”, esconde-se uma realidade que poucos conhecem e menos ainda compreendem.
O cinema, essa arte centenária que continua a capturar a nossa imaginação colectiva, revela-se frequentemente como uma indústria de contrastes profundos. De um lado, temos as celebrações extravagantes, os prémios cobiçados e os elogios da crítica. Do outro, encontramos um mundo muitas vezes invisível ao público comum: o das dificuldades financeiras, sacrifícios pessoais e incertezas constantes que marcam a vida de muitos cineastas, mesmo aqueles no auge do reconhecimento artístico.
O realizador premiado que não consegue pagar a renda
Brady Corbet, o aclamado realizador de “The Brutalist“, filme nomeado para dez Óscares este ano, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador, acaba de fazer uma revelação surpreendente que lança luz sobre esta realidade inegavelmente contraditória: não ganhou “absolutamente nada” com o seu filme multipremiado.
“Acabei de realizar três anúncios em Portugal”, confessou Corbet durante uma entrevista no podcast “WTF With Marc Maron“. “Foi a primeira vez que ganhei algum dinheiro em anos.”
O realizador não se ficou por aqui nas suas revelações, explicando que tanto ele como a sua esposa (e parceira criativa) Mona Fastvold “não ganharam um único cêntimo com os últimos dois filmes que realizaram”. Antes de “The Brutalist”, a dupla tinha criado “Vox Lux” em 2018, outro filme que, apesar do reconhecimento artístico, aparentemente não se traduziu em segurança financeira para os seus criadores.
Um problema sistémico na indústria do cinema
Inegavelmente, este fenómeno vai muito além do caso isolado de Corbet. Segundo o próprio realizador, esta é uma situação generalizada mesmo entre os cineastas com obras nomeadas aos mais prestigiados prémios da indústria.
“Falei com muitos realizadores cujos filmes estão nomeados este ano que não conseguem pagar a renda. Isto é real”, afirmou, expondo uma face da indústria cinematográfica raramente discutida em público. Para agravar a situação, Corbet explicou que os cineastas “não são pagos para promover um filme”, apesar de dedicarem meses a esta atividade essencial. “Se olharmos para certos filmes que estrearam em Cannes, já lá vai quase um ano… O nosso filme estreou em Setembro. Portanto, tenho feito isto há seis meses. E não tive qualquer rendimento porque não tenho tempo para trabalhar. Nem sequer posso aceitar um trabalho de escrita neste momento.”
Assim, o que muitos veem como uma fase glamorosa de promoção, Corbet descreve como “um interrogatório de seis meses”, revelando que completou 90 entrevistas só na semana passada. “São sete dias por semana. É ilimitado. É viagem constante, e também se trabalha aos sábados e domingos. Não tive um dia de folga desde o Natal, e mesmo nessa altura foram apenas quatro dias.”
Alguma vez imaginaste que por trás dos teus filmes favoritos podia existir um realizador talentoso incapaz de pagar as suas contas, apesar do reconhecimento mundial? Partilha connosco a tua opinião nos comentários.