Ciclo Cinema e Revolução | Espaço Nimas
Nos dias 19, 20 e 21, o Espaço Nimas acolhe o Ciclo Cinema e Revolução, com a presença de diversas personalidades
Cinema e Revolução traduz-se numa amostra de cinema que assinale os 40 anos decorridos desde 1975 e da Revolução portuguesa que se iniciou no 25 de abril.
O ciclo Cinema e Revolução é organizado pela CULTRA, em parceria com a MEDEIA FILMES, Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e RTP.
PROGRAMA:
19 JUNHO
21h
FÁTIMA de A a Z de Margarida Gil
Portugal, 2009, 53’, documentário
Sob uma arbitrária ordem alfabética, a escritora Maria Velho da Costa dá-se a conhecer. A sua visão, a sua casa, a sua família, o seu modo de ver, o seu modo de ser. Uma escritora por muitos considerada a maior da sua geração abre-nos a sua intimidade. Excertos da sua obra são interpretados por Lia Gama.
VERÃO COINCIDENTE de António de Macedo
Portugal, 1962, 13’, documentário
Interpretação cinematúrgica de um poema de Maria Teresa Horta, em três partes: A Manhã, A Tarde, A Noite, que são outras tantas variações sobre o calor.
O ócio, o trabalho, dias cheios de sol, rituais de amor.
O QUE PODEM AS PALAVRAS – 40 anos de Novas Cartas Portuguesas (work in progress) de Luísa Marinho e Luísa Sequeira
Portugal, 2015, 10’, documentário (excerto)
O impacto que o livro «Novas Cartas Portuguesas», das “três Marias” Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, editado em 1972, teve a nível internacional continua a ser uma história por contar. A partir do projecto transnacional «Novas Cartas Portuguesas – 40 anos depois», coordenado pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o documentário aborda a importância desta obra na sociedade portuguesa da época – pré e pós a revolução de 25 de Abril – e nos países onde foi acolhida e divulgada como manifesto político, literário e feminista. Transgressor e vanguardista, o livro – que foi censurado e fez com que as autoras fossem a julgamento por atentado à moral – conseguiu ir de encontro às aspirações de uma geração inconformista. A sua riqueza literária e temática abre-o a múltiplas leituras, que dependem do contexto em que é lido. O documentário quer, por isso, aferir também a atualidade das questões que coloca neste início de século XXI.
Debate com Ana Luísa Amaral, Luísa Marinho e Margarida Gil
24h
ON EST VIVANTS de Carmen Castillo – Legendado em PT
França/Bélgica, 2015, 100’
De que é feito o engajamento político hoje em dia?
Será ainda possível desviar o rumo do mundo?
É com estas questões, num diálogo íntimo e político com o amigo Daniel Bensaïd, filósofo e militante recentemente falecido, que Carmen Castillo embarca numa jornada ao encontro daqueles que decidiram não aceitar o mundo que lhes é imposto. Dos sem-abrigo de Paris aos sem-terra brasileiros, dos zapatistas mexicanos aos moradores dos bairros dos subúrbios de Marselha, dos guerreiros da água da Bolívia aos sindicalistas de Saint-Nazaire, as caras que marcam essa viagem traçam um retrato do combate político nos nossos dias, feito de esperanças comuns, de sonhos íntimos, mas também de derrotas e desilusões. Como Daniel, eles dizem: “A história não está escrita, somos nós que a fazemos”.
Apresentado por Francisco Louçã e Pilar del Rio
20 JUNHO
11h
ZERO EM COMPORTAMENTO de Jean Vigo – Legendado em PT
França, 1933, 43’, ficção
Filme maldito e proibido pela Censura entre 1932 e 1946 e que marcou a carreira de Jean Vigo.
Vigo explicava que, embora «Zero em Comportamento» não pretendesse ser um retrato da sua infância na fase escolar, o filme continha inúmeros elementos visuais e humanos inspirados na experiência vivida. Um filme que retrata a sociedade da época e o abuso da autoridade e a privação da liberdade que então se praticavam.
Apresentado por Francisco Bairrão Ruivo
15h
O ESPIRITO DE 45 de Ken Loach – Legendado em PT
Reino Unido, 2013, 94’, documentário
Memórias e Reflexões da Vitória do Partido Trabalhista em 1945
“A Segunda Guerra Mundial foi uma luta, talvez a maior e mais considerável luta colectiva em que este país esteve envolvido. Apesar de outros terem feito sacrifícios maiores, o povo da Rússia, por exemplo, a determinação de construir um mundo melhor era tão forte aqui como nos outros países. Nunca mais, acreditava-se, iríamos permitir que a pobreza, o desemprego e o fascismo desfigurasse as nossas vidas.
Ganhámos a guerra juntos, juntos podíamos ganhar a paz. Se conseguíamos planear campanhas militares, não conseguiríamos também construir casas, criar um serviço de saúde e um sistema de transportes, fazer o que era necessário para a reconstrução?
A ideia central era a do bem público, em que a produção e os serviços beneficiariam todos. Não deveriam uns poucos ficar ricos em detrimento de todos os outros. Foi uma ideia nobre, popular e aclamada pela maioria. Foi o Espírito de 45. Talvez seja altura de o relembrar hoje. “ Ken Loach.
Apresentado por Mariana Mortágua
18h
SO THAT YOU CAN LIVE de Cinema Action – Legendado em PT
Reino Unido, 1982, 83’, documentário
O filme explora os efeitos de forças históricas complexas na indústria, família, trabalho, educação e aprendizagem numa vila pequena do sul de Gales. Foi feito em colaboração com e centrando-se nas vidas da família Butts durante cinco anos. Uma família tenta compreender e sobreviver ao encerramento das minas de carvão e ao dizimar de uma comunidade.
Debate com Manuel Mozos
21h
O MEDO À ESPREITA de Marta Pessoa
Portugal, 2015, 97’, documentário
Em Portugal, ao longo de quase meio século, a PIDE/DGS foi a máquina atemorizadora que alimentou o poder do Estado Novo de Salazar/Caetano. A par dos quadros de inspetores e agentes efetivos, a polícia política recorria aos serviços dos “informadores”. Cidadão comum tornado delator, que se diluía com o intuito de vigiar para denunciar, o informador tornou-se numa figura omnipresente. Entre denúncias e denunciados, O MEDO À ESPREITA constrói uma memória do medo e de um país onde viver era viver vigiado.
Debate com Fernando Rosas e Marta Pessoa
24h
A CANTIGA ERA UMA ARMA de Joaquim Vieira
Portugal, 2014, 90’, documentário
Com o 25 de Abril e os meses que se seguiram, a chamada música “de intervenção” ou “de protesto” atingiu o seu apogeu. Músicos e poetas puseram-se ao serviço dos novos tempos revolucionários e meteram-se à estrada, de norte a sul do país, para levar a toda a população a mensagem libertadora anunciada pelos capitães no “dia inicial inteiro e limpo”. Mensagem que cada um interpretava à sua maneira, dedicando-se de corpo e alma a difundi-la apesar das condições precárias em que se organizavam os espetáculos musicais. Com autoria e realização de Joaquim Vieira, “A Cantiga É uma Arma” reconstitui toda essa atmosfera, única e irrepetível, a partir do ponto de vista dos que a viveram, contando com os depoimentos inéditos de Carlos Alberto Moniz, Erm elinda Duarte, Fausto, Fernando Tordo, Francisco Fanhais, José Jorge Letria, José Mário Branco, Luís Cília, Manuel Freire, Maria do Amparo, Paulo de Carvalho, Samuel e Sérgio Godinho, além do registo feito na época, em som e imagem, de cerca de meia centena de canções.
Apresentado por Joaquim Vieira e Luís Cília
21 JUNHO
11h
O MENINO E O MUNDO de Alê Abreu
Brasil, 2013, 80’, animação
Sofrendo com a falta do pai, um menino deixa sua aldeia e descobre um mundo fantástico dominado por máquinas-bichos e estranhos seres. Uma inusitada animação com várias técnicas artísticas que retrata as questões do mundo moderno através do olhar de uma criança.
Apresentado por José Luís Costa
15h
NÓS POR CÁ TODOS BEM de Fernando Lopes
Portugal, 1976, 80’, documentário
A chegada duma equipa de cinema à Várzea dos Amarelos, onde regista a matança do porco – cerimónia tradicional que nos introduz no seio da comunidade; outros trabalhos, como a preparação do pão e tarefas quotidianas.
A mãe do realizador comenta a existência, a memória e a precariedade do quotidiano, recordando a experiência de sua ida para Lisboa, em demanda de nova vida.
Apresentado por Maria João Seixas
18h
COMUNAL, UMA EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA de José de Sá Caetano
Portugal, 1975, 25’, documentário
Próxima de Torres Novas, uma cooperativa agrícola original: os cooperantes não são só habitantes da região, mas também pessoas da cidade das mais diversas profissões que a essa experiência aderiram.
HERDADE DO ZAMBUJAL de Unidade de Produção Cinematográfica nº 1
Portugal, 1975 10’, documentário
A herdade do Zambujal, de três mil e quinhentos hectares, antes propriedade aristocrática onde se realizavam festas e touradas, é ocupada por trabalhadores. Nela pretendem reativar a produção agrícola e constituir uma escola para os seus filhos.
CANDIDINHA de António de Macedo
Portugal, 1975, 24’, documentário
O filme documenta as movimentações no famoso atelier de alta-costura lisboeta – Candidinha. Com a fuga dos sócios gerentes, as trabalhadoras ocupam as instalações no Verão de 1975 e organizam-se para garantir a continuidade da produção e respetiva distribuição.
Debate com José Filipe Costa e António de Macedo
21h
A RESPEITO DA VIOLÊNCIA de Göran Hugo Olsson – Legendado em PT
Suécia, 2014, 78’, documentário
Uma narrativa visual ousada e nova de África, baseada em material de arquivo recentemente descoberto que abrange a luta de libertação do domínio colonial, no final dos anos 1960 e nos anos 1970, acompanhado por excertos de Os Condenados da Terra, de Frantz Fanon.
Debate com João Madeira e Ansgar Schaefer
Bilhete 1 sessão: 4€
Bilhete 1 dia: 8€