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“Lisboa é perfeita para Festivais”: Robert de Niro durante o Tribeca Festival

Os destaques da primeira edição do Tribeca Festival, co-criado por Robert De Niro e Jane Rosenthal, em Lisboa.

“Lisboa é a jóia da coroa que as pessoas ainda não conhecem”, revelou o ator Chazz Palminteri na abertura do Tribeca Festival Lisboa. Esta é a primeira vez que o Festival norte-americano viaja até a Europa e Lisboa foi a cidade escolhida.

O Tribeca Festival foi criado pelo ator Robert De Niro e produtora Jane Rosenthal no ano de 2002 e o objetivo era revitalizar o bairro de Tribeca, em Nova Iorque, após os ataques do 11 de setembro. Ao longo dos anos o Tribeca Festival foi-se transformando num dos festivais de cinema mais importantes dos EUA que, não só celebra o mundo dos filmes, como apoia séries, artistas, música e podcasts.

Este é o primeiro ano em que o Tribeca Festival vai para além dos EUA e foi o Beato Innovation District, em Lisboa, quem o recebeu durante os dias 18 e 19 de outubro. Estrelas nacionais e internacionais estiveram presentes para vários visionamentos de novos filmes, podcasts ao vivo e conversas sobre a atualidade e o futuro do cinema.


O que faz uma boa história?

Tribeca
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Este foi um dos temas abordados no Festival, num painel que incluía Chazz Palminteri, Victória Guerra, Pedro Lopes, Albano Jerónimo, Patrícia Vasconcelos, Joana Vicente e Rui Maria Pêgo. Cada um dos intervenientes tinha a sua opinião sobre o que faz uma boa história, no entanto, no final, todos conseguiram estabelecer um ponto em comum, a conexão emocional. 

É importante contar histórias que toquem os espectadores. Chazz Palminteri, ator que entrou em grandes filmes como “The Usual Suspects” e foi nomeado para um Óscar com “Bullets Over Broadway”, de Woody Allen, referiu que as pessoas têm medo de arriscar e que é por isso que as sequelas se têm tornado uma trend. É uma zona de conforto. O ator deu o exemplo de Francis Ford Coppola que foi quase obrigado a realizar “O Padrinho 3”, após o sucesso dos dois primeiros, e acabou por não correr bem.

“Em Hollywood toda a gente tem medo de acabar na Hollywood Jail”, foi a expressão que o ator usou para expressar o medo de arriscar e não ser bem sucedido em Hollywood e referiu que é por isso que é muito difícil de encontrar grandes argumentos hoje, porque as pessoas escrevem o que acham que o espectador quer ouvir e não aquilo que querem realmente expressar. “É por isso que adoro trabalhar com novos realizadores e argumentistas, eles são malucos, não querem saber de nada, não têm medo, ainda não foram corrompidos pelo sistema”, revelou o ator.


O futuro do cinema

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O futuro do cinema foi amplamente abordado durante várias discussões no Tribeca Festival. Na palestra “The Content Revolution: What’s The Next Big Thing in Media and Entertainment?”, foram lançadas as cartas sobre quais serão as próximas trends no que toca ao entretenimento. O painel de palestrantes, formado por Tony Gonçalves, Vanessa Fino Tierno, Ricardo Carbonero, Alex Medeiros, José Fragoso e Marta Reis, chegou à conclusão que o conteúdo se vai tornar cada vez mais personalizado. Tudo será distribuído pelo streaming, desde filmes, a notícias, passando pelo desporto. O algoritmo vai-se tornar cada vez mais inteligente e em vez de apenas apontar aquilo que poderemos gostar de ver, tendo em conta o que já vimos nessa plataforma, vai ter a capacidade de definir aquilo que queremos ver conforme o mood que temos naquele dia. 

Short Content é cada vez mais uma trend, com a popularidade do instagram e, principalmente, do TikTok. O conteúdo longo, como filmes, não vai deixar de existir, mas séries séries de episódios curtos feitos especialmente para plataformas como o TikTok vão começar a existir. Experiências imersivas também serão uma tendência, como é o caso do Sphere, em Las Vegas, uma arena de espetáculos em que, tanto o interior como o exterior, são preenchidos por ecrãs e criam uma experiência de realidade virtual.

No que toca ao futuro de Portugal, no cinema, o ator e realizador Griffin Dunne, conhecido por filmes como “After Hours” e “Practical Magic”, partilhou, durante a sua palestra sobre passar de ator para realizador, que, ao passear pelos arredores de Lisboa, viu muitas semelhanças com Los Angeles. “Não sei como é que ainda não começaram a gravar filmes passados na Califórnia em Portugal. Com os preços a aumentar para filmar em Los Angeles, as produções vão ter de encontrar novos lugares”, revelou o ator.

Não sobre o que virá no futuro, mas sobre aquilo que a tecnologia já evoluiu até agora, na mesma palestra, os atores e realizadores Daniela Ruah e Francisco Froes, partilharam que as self tapes, que têm vindo a ser uma tendência, ao invés dos castings presenciais, tornam muito mais fácil trabalhar a partir de qualquer lado e mesmo assim poder ser candidato numa grande produção americana. Também confirmaram que o mundo do cinema está mais exigente, no entanto, também mais acessível, no sentido em que, já é possível gravar um filme inteiramente com um telemóvel, e ter qualidade.

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Filmes exibidos no Tribeca Festival Lisboa

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Vários filmes passaram pelo Beato Innovation District, com direito a conversas e Q&A’s com realizadores, produtores e atores. Foi o caso de “Devia Ter Esperado Por Agosto”, que contou com a presença de César Mourão, Kevin Dias e Júlia Palha, e “Ezra”, com o criador do festival, Robert De Niro, e o produtor Jon Kilik.

“Silence”, a curta-metragem de Francisco Froes teve a sua Premiere no festival, com direito a uma conversa com o realizador e os atores Rafael Morais e Sara Sampaio. A curta é um thriller que segue uma série de eventos na vida de um traficante de droga em Los Angeles, que acabam por mudar o curso da sua vida e dos que o rodeiam. 

Chazz Palminteri partilhou, pela primeira vez na Europa, o novo filme que fez, com base no seu One Man Show, “A Bronx Tale”, que está em cena há mais de trinta anos. O ator cresceu no bairro de Bronx, em Nova Iorque, onde, com apenas nove anos, assistiu a um assassinato que acabou por mudar a sua vida. Com a lição em mente, “a coisa mais triste na vida é o talento desperdiçado”, que o seu pai lhe transmitiu, Chazz construiu uma peça de teatro sobre a sua vida, em que interpreta dezoito personagens.

Um dia, Robert De Niro foi ver o seu show e ficou rendido, tendo proposto ao ator realizar o filme baseado na peça, sendo que seria Chazz a escrever o argumento. O ator aceitou a proposta e, em 1993, estreou “A Bronx Tale”. Na altura o filme teve pouca expressão, mas hoje em dia é considerado um clássico de culto, com uma história inspiradora. O ator terminou a sua presença no Tribeca Festival a incentivar: “Se há escritores ou realizadores por aí, vocês têm uma vida, não desperdicem o vosso talento”.

Já está confirmado que em 2025 o Tribeca Festival volta a Lisboa, que atores gostarias de ver na próxima edição?



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One thought on ““Lisboa é perfeita para Festivais”: Robert de Niro durante o Tribeca Festival

  • Ouvi dizer que foi uma grande vergonha.

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