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Cinco dicas para criar uma cena de poker inesquecível

O mundo dos jogos e do cinema sempre andou de mãos dadas. Existem grandes filmes sobre jogos e grandes jogos baseados em filmes. Mas de todos os jogos que fazem parte da história da sétima arte, o poker é provavelmente o mais significativo. Existe qualquer coisa de especial acerca deste clássico jogo de cartas, que é tão comummente e brilhantemente explorado pelos realizadores e escritores de cinema de Hollywood.

Ao longo de décadas, o poker foi a base por detrás de algumas das cenas mais intensas alguma vez capturadas no grande e pequeno ecrã. Hoje, vamos tentar perceber o que faz do poker um jogo tão cinematográfico e quais são alguns dos segredos por detrás de uma grande cena de poker.

1: O poker como destruidor de egos

Aconteceu no filme Rounders – A Vida É Um Jogo, mas é sem dúvida um dos temas clássicos de qualquer produção que envolva uma cena de poker. O protagonista, Matt Damon, senta-se à mesa de jogo para enfrentar o antagonista, John Malkovich, e o vilão tem plena confiança na sua vitória. Durante as primeiras rondas, ele coloca cada vez mais dinheiro no pote e gaba-se da sua habilidade para o jogo. No entanto, quando a última carta é revelada, o herói, Matt Damon, é declarado o vencedor, contra todas as probabilidades. O antagonista sente-se chocado e exibe a sua verdadeira natureza: a de um homem inseguro e com um ego frágil, incapaz de lidar com o fracasso.

O poker é sem dúvida um dos grandes mecanismos de destruição de egos da história do cinema. Mas porquê?

A resposta reside na própria natureza do jogo. Ao contrário do que acontece com outras modalidades competitivas, o desfecho de um jogo de poker pode mudar completamente num único lance. Além disso, como os jogadores de poker mantêm as suas cartas em segredo do início ao fim de uma jogada, o poker funciona na perfeição para contrariar as expetativas das personagens e do público.

2: O poker como espelho do caráter das personagens

No filme clássico de 1973, A Golpada, os atores Paul Newman e Robert Shaw encontram-se para um jogo de poker. O filme envolve a Máfia e está repleto de momentos cómicos, sendo que esta cena não é exceção. O plano de Newman passa por fazer batota de forma a levar a melhor sobre os seus adversários, mas ao contrário do que Newman esperava, Shaw também decide jogar o jogo à margem das regras…

O resultado é um clássico dilema cómico que espelha na perfeição a personalidade destas duas personagens: eles são charlatães por natureza, que não têm medo de fazer o que quer que seja preciso para ganhar. Neste exemplo, o poker serve para educar os espetadores acerca da verdadeira personalidade e caráter de certas personagens.

3: O poker e as relações entre personagens

Quando vemos um jogo de poker no cinema, nem sempre estamos a ver um jogo entre o protagonista e o antagonista. Por vezes, o poker pode ser uma ferramenta útil para aprendermos mais acerca das relações entre duas personagens que estão do mesmo lado. Mas como? Basta recordar o filme de 2001, Ocean’s Eleven – Façam as Vossas Apostas, e a partida de texas holdem que os amigos/rivais Brad Pitt e George Clooney partilham a determinado ponto da história.

Esta cena usa o poker para ilustrar que, embora Pitt e Clooney tenham uma relação algo animosa, eles são na verdade íntimos companheiros. Os dois entendem-se na perfeição na mesa de jogo e demonstram ter um conhecimento profundo acerca de um e de outro.

4: O poker como instrumento de karma

Aconteceu numa cena do filme Jogo Fatal, de 1987. A personagem de Joe Mantegna decide levar um psicólogo para um jogo de poker para enganar o seu rival, mas o tiro sai-lhe pela culatra quando Mantegna descobre que ele próprio está a ser enganado.

Neste exemplo, o poker funciona como um instrumento de karma: é apenas quando uma personagem decide ir contra as regras do jogo, que o próprio jogo o acaba por “apanhar” e por lhe servir um pouco do seu próprio remédio. No poker, é bastante comum que o feitiço se vire contra o feiticeiro.

5: O poker como fonte de ressentimento

Aconteceu na excelente série Deadwood e não propriamente num filme. Mas é uma cena de poker absolutamente épica. Um dos heróis da série, Wild Bill Hicock, reúne-se ao longo de vários episódios com uma trupe de jogadores de poker na pequena localidade de Deadwood. Nesta série de jogos, ele desenvolve um ódio cada vez maior por um dos seus adversários, um homem desprezível e que acaba por desempenhar um papel fundamental na história.

Esta cena demonstra de forma exemplar o papel que o poker pode ter no desfecho de uma narrativa: para começar, é uma excelente maneira de reunir duas ou mais personagens no mesmo local; além disso, é uma ferramenta muito útil para ilustrar a maneira como duas personagens se podem ressentir mutuamente ao longo do tempo.

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