Do Livro à Tela | Maze Runner

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Do Livro à Tela

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Maze Runner

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As distopias estão na moda. Os Jogos da Fome, Divergente, e agora Maze Runner, entre outros, levaram o público adolescente a olhar para um género que há uns anos atrás tinha pouco interesse no meio. Maze Runner é o novo nome do género, levando os leitores para uma clareira, rodeada por um labirinto, na qual um grupo de adolescentes, composto por rapazes que não recordam nada do seu passado, tenta sobreviver.

Maze Runner foi um filme muito desejado, principalmente porque outros filmes do género foram êxitos de bilheteira e foi aplaudido por muitos fãs do livro que esperaram para ver Tomás e Teresa aparecem nos ecrãs. Mas quais são as diferenças mais significativas? Estamos perante uma boa adaptação, ou os seus produtores decidiram levar a história por outro caminho?

De um ponto de vista global, a adaptação está muito próxima da obra original, não existindo um número significativo de diferenças que seja realmente importantes para o desenrolar do enredo para este, e também para os próximos filmes. Existem sim, várias diferenças mínimas, mas que quase nem vale a pena mencionar.

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A primeira diferença que notamos é que Tomás no livro recorda tudo a partir do momento em que chega à clareira, e tal não acontece no filme. Esta diferença, muito suave, serve apenas para que o espectador, que terá menos tempo de enredo no filme, consiga de imediato perceber que o jovem está desamparado. De seguida o filme volta a equilibrar, levando a que Tomás seja aceite pelo grupo muito mais rapidamente do que no livro, em que tal aceitação demorará alguns dias. No filme vemos ainda a tentativa de mostrar que a vida dos clareirenses antes do início do enredo não foi fácil, e se no livro já estão na clareira há dois anos, no filme são três. A isto junta-se ainda o facto de no filme, Alby ter chegado primeiro à clareira do que todos os outros, algo que não acontece no livro. Tudo isto serve para enaltecer a personagem, neste caso Alby, mas também o sofrimento e a capacidade de sobrevivência do grupo. Outra diferença que promove a capacidade do grupo é o facto de aqui existirem alterações climatéricas, que não existem no livro e que fazem todo o sentido que não existam (não aprofundamos este tema para não oferecer spoilers do segundo filme/livro).

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Existem ainda muitas outras alterações que se prendem com o facto de ser preciso acelerar o enredo quando este é transferido para um filme. Alby é de imediato uma personagem simpático, e tal não acontece no livro, levando a uma inadaptação mais prolongada de Tomás e que aqui seria difícil de prolongar. O mesmo acontece com Teresa, que no livro está vários dias inconsciente após chegar à clareira, e tal não acontece no filme.

O filme tenta ainda dar maior foco às alterações provocadas pelas chegadas de Tomás e Teresa. Tal nota-se em dois momentos: o primeiro é que no livro o Soro sempre existiu, e não apenas quando Teresa aparece. O segundo momento prende-se com o facto de que no livro, a solução do labirinto sempre esteve à disposição de quem estava na clareira, e no filme não. Tal pormenor parece colmatar uma dúvida que o livro deixa: se tudo isto foi planeado para que Tomás e Teresa entrassem na Clareira, então os Criadores sabiam que o grupo, durante anos, não conseguiria encontrar a solução antes da chegada dos dois? Então qual é o objetivo de tanto tempo? Para quê esperar tanto tempo quando a salvação da humanidade está em causa? Os próximos livros poderão ter a resposta.

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De seguida a solução do labirinto é encontrada, de forma diferente, pois no livro os jovens desenham mapas, no filme montam maquetas (nada  de relevante nesta mudança, servindo para que o espectador tenha uma melhor noção do labirinto no filme em poucos segundos), mas existe um ponto em que livro e filme diferem e que tem alguma relevância para a solução, que é a forma como Minho e Tomás vencem o primeiro Magoador na noite que passam no labirinto.

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A isto junta-se uma ligeira alteração na forma como Gally reage em certos momentos, e também outras alterações nos momentos finais, principalmente no confronto que existe no fim do livro e que não existe no filme (não iremos revelar aqui para que possam ler o livro).

Para o fim deixamos duas alterações que apesar de pouco alterarem o enredo, são significativas: a primeira é a forma como os Magoadores começam a atacar quando o labirinto deixa de fechar. No livro os Magoadores atacam uma pessoa por noite, dando tempo para uma organização, e aqui o filme acelera, com os Magoadores a atacarem em força, obrigando os jovens a agir. Esta pequena diferença serve para aumentar o ritmo mas retira a sensação de que existiu um planeamento para cada ataque, e quem tiver lido o livro perceberá o que estou a dizer.

Maze Runner 3

Todavia a diferença mais importante de Maze Runner está no facto de no livro existir uma capacidade telepática entre Tomás e Teresa. No filme tal comunicação não existe. De uma forma global, tal adição não é necessária no filme, pelo menos para já, principalmente porque a ligação “romântica” entre os dois é facilmente feita no filme. No entanto, duvidamos que o autor tenha adicionado tal capacidade apenas porque sim, e fica a dúvida se não será necessário adicionar esta capacidade no futuro.

Maze Runner 7

No geral, Maze Runner é uma adaptação bem conseguida do ponto de vista da aproximação entre os dois enredos. O livro oferece mais respostas, mas também cria mais perguntas. Algumas amizades estão mais sólidas no filme, o âmbito do filme é igual ao do livro, não existindo aqui uma obra que se destaque. A diferença está, como na grande maioria dos casos, no facto de o livro ter muito mais tempo para nos dar informação, quer seja sobre a trama, personagens ou espaço em que se desenrola. Se tiverem que optar, o livro é a escolha certa pelo que oferece, mas se quiserem algo mais rápido, o filme consegue o que lhe é pedido.

LP

 Para saberem mais sobre o livro, cliquem aqui.

Para lerem a crítica ao livro no blog Ler y Criticar, cliquem aqui.

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