Emma Stone (Poor Things) volta a fazer história com o novo projeto de Yorgos Lanthimos
A atriz Emma Stone volta a reunir-se com o cineasta grego Yorgos Lanthimos numa proposta cinematográfica que, à primeira vista, parece tão absurda quanto provocadora e os números recentes deixam claro que não se trata apenas de arte: é também fenómeno de bilheteira.
Bugonia é o novo delírio extraterrestre de Yorgos Lanthimos?

Aparentemente, sim. Depois de Poor Things e Kinds of Kindness, Yorgos Lanthimos regressa com uma sátira cósmica intitulada Bugonia, e a julgar pelos números, o planeta Terra já foi abduzido. Segundo o Deadline, o filme abriu com 690 mil dólares em apenas 17 salas, um impressionante média por ecrã de 40.600 dólares, tornando-se uma das estreias mais fortes de 2025 no circuito arthouse.
A história, escrita por Will Tracy (The Menu), segue dois jovens obcecados por teorias da conspiração que decidem raptar a CEO de uma megacorporação, interpretada por Emma Stone, porque acreditam que ela é, literalmente, uma extraterrestre disfarçada a planear o fim da humanidade. Sim, é tão delirante quanto parece. E claro, Lanthimos realiza tudo com o seu habitual misto de crueldade e elegância clínica.
Com um elenco que junta Jesse Plemons, Alicia Silverstone e Stavros Halkias, o filme promete um dos retratos mais ácidos da paranoia moderna. Afinal, quem precisa de alienígenas quando o algoritmo já nos observa?
O que faz de Bugonia um sucesso tão imediato?

Primeiro, Emma Stone é uma força da natureza. Desde que colaborou pela primeira vez com Lanthimos em The Favourite (2018), a atriz parece ter encontrado no realizador grego o seu alter ego cinematográfico. Em Poor Things (2023), Emma Stone renasceu como uma criatura de Frankenstein feminista e ganhou o Óscar. Agora, em Bugonia, ela parece brincar com o mesmo arquétipo, mas virado do avesso: a criatura é humana, e os monstros somos nós.
O sucesso inicial do filme deve-se também à reputação que Lanthimos construiu: um autor que transforma o absurdo em arte e o grotesco em filosofia social. O realizador confessou ao Deadline que precisa “de uma pequena pausa” após o filme, mas acrescentou: “Segurem-me a palavra.” Mas com Lanthimos, claro, nunca é só uma pausa, é mais um prelúdio para a próxima excentricidade genial.
Por último, há o fator produção de luxo. Bugonia é produzido por Ari Aster, Lars Knudsen e Emma Stone, sim, a própria, numa colaboração que parece saída de um sonho febril entre Midsommar e La La Land. O resultado? Um delírio visual embalado por um humor tão negro quanto elegante, marca registada de Lanthimos.
Será Bugonia o prenúncio de uma nova fase de Emma Stone?

Talvez este seja o ponto mais fascinante. Emma Stone já ultrapassou a fase das “boas raparigas excêntricas”. O seu trabalho com Lanthimos é um grito de independência artística: ela não quer apenas interpretar papéis, quer reinventá-los.
A atriz parece ter encontrado nos filmes do realizador grego o laboratório perfeito para testar os limites entre humanidade e monstruosidade, empatia e desumanização. Bugonia leva isso ao extremo, uma CEO que talvez seja alienígena, mas que nos obriga a questionar se não será, afinal, a única personagem realmente humana.
Mas o público parece ter aderido à provocação. As primeiras sessões nos EUA estiveram esgotadas, e a Focus Features planeia uma expansão nacional para a próxima semana.
Vais ver?
Não é difícil imaginar Bugonia a dominar a temporada de prémios. Lanthimos está no auge, Emma Stone está imparável, e Hollywood adora histórias sobre alienígenas, sobretudo quando somos nós os vilões. Logo, se Poor Things foi a história de uma mulher que se reconstrói, Bugonia é a de uma mulher que decide destruir, ou salvar, o planeta. Depende do ponto de vista.
Assim, no fundo, Bugonia não é sobre alienígenas. É sobre o medo humano de perder o controlo e o prazer perverso de o fingir. E agora pergunto-te, se descobrisses que Emma Stone era mesmo uma extraterrestre… ficavas chocado ou simplesmente compravas bilhete para ver o que ela fazia a seguir?

