Zendaya (Euphoria) © Marcell Rev/HBO

Estética VS Saúde: A Ditadura da Imagem em Tempos de TikTok

Espelho meu, espelho meu… haverá filtro mais perfeito do que o teu?

Vivemos tempos em que o “bom dia” já vem com ring light e o pequeno-almoço só existe se for digno de uma story.

Num scroll de 15 segundos, és bombardead@ com “dicas milagrosas” para ter um corpo de verão (spoiler: o corpo de verão é o que tu tens agora, basta colocá-lo ao sol) e com desafios estéticos que mais parecem saídos de um laboratório de ficção científica.

Mas o preço deste culto à imagem é bem real. E caro. Em termos hormonais, emocionais e até existenciais.
Se és jovem ou adulto, então… bem-vind@ ao Coliseu da autoimagem, onde o palco é digital e a audiência nunca dorme.

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“Euphoria”: O espelho partido da geração TikTok

Sydney Sweeney HBO Max Euphoria, geração tiktok
Sydney Sweeney em “Euphoria” | © HBO Max

A série “Euphoria“, da HBO Max, não é só “drama juvenil em esteróides”. É uma radiografia visceral da adolescência moderna, onde a estética deixou de ser escolha e passou a ser exigência.
Personagens como Cassie (Sydney Sweeney) e Jules (Hunter Schafer) ilustram, com brutalidade poética, o que acontece quando o corpo deixa de ser casa e passa a ser montra.

Disforia corporal, distúrbios alimentares, insegurança hormonal, dependência emocional e uso de substâncias para controlar… emoções (ou a falta delas).

Sim, porque nesta era de filtros e likes, sentir de verdade virou quase subversivo.
Hormonas aos gritos, autoestima em sussurro. A exposição constante a imagens idealizadas ativa o nosso sistema de comparação interno (obrigada, cérebro límbico).

Resultado? Cortisol nas alturas, dopamina viciada em notificações e um sistema endócrino em modo montanha-russa.
Menstruações desreguladas, acne por stress, ciclos de compulsão alimentar seguidos de dietas restritivas este cocktail não é servido em copos bonitos, mas no consultório, na ansiedade crónica e na perda de identidade.
E não, não é só “frescura” ou drama adolescente. O cérebro em desenvolvimento é altamente vulnerável.

Estudos como o “Expression of the chemokine receptor CCR1 promotes the dissemination of multiple myeloma plasma cells in vivo”, publicado na National Library of Medicine, mostram que a exposição precoce a ideais estéticos irreais está diretamente ligada ao aumento de depressão, ansiedade e comportamentos autolesivos.

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Mas existem saídas e não envolvem cirurgias pásticas!!!

A primeira chave é desinstalar a app da comparação. Ou, pelo menos, aprender a usá-la com consciência. 
A segunda? Reconectar com o corpo como território sagrado, e não como projeto de engenharia.

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Práticas de desintoxicação estética com selo de longevidade saudável

  • Escolhe seguir pessoas que partilham corpos reais, vulnerabilidades e saúde acima de estética.
  • Dorme. Hormonas descompensadas fazem-nos ver o espelho com olhos de monstro.
  • Move o corpo com prazer e não com punição.
  • Aprende a ouvir os sinais internos e não os trends do momento.
  • Consulta profissionais que te vejam como um organismo vivo e não como “antes e depois”.

E se a verdadeira beleza for a coerência?

Coerência entre o que sentes, pensas e fazes. Entre o corpo que tens e a vida que queres ter. A estética não precisa ser vilã. Mas quando passa à frente da saúde, deixa de ser estética e vira ditadura.

Por isso, da próxima vez que fores tentad@ a comparar-te com um TikTok perfeito, lembra-te: nem aquele criador de conteúdo acorda assim.

Há ângulos, filtros, edições… e às vezes, muito sofrimento camuflado por trás do “glow”.

Estética e saúde podem coexistir quando há consciência. E, sejamos honestos, nada é mais sexy do que alguém que brilha de dentro para fora.

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