Estética VS Saúde: A Ditadura da Imagem em Tempos de TikTok
Espelho meu, espelho meu… haverá filtro mais perfeito do que o teu? Vivemos tempos em que o “bom dia” já vem com ring light e o pequeno-almoço só existe se for digno de uma story.
Num scroll de 15 segundos, és bombardead@ com “dicas milagrosas” para ter um corpo de verão (spoiler: o corpo de verão é o que tu tens agora, basta colocá-lo ao sol) e com desafios estéticos que mais parecem saídos de um laboratório de ficção científica.
Mas o preço deste culto à imagem é bem real. E caro. Em termos hormonais, emocionais e até existenciais. Se és jovem ou adulto, então… bem-vind@ ao Coliseu da autoimagem, onde o palco é digital e a audiência nunca dorme.
“Euphoria”: O espelho partido da geração TikTok
A série “Euphoria“, da HBO Max, não é só “drama juvenil em esteróides”. É uma radiografia visceral da adolescência moderna, onde a estética deixou de ser escolha e passou a ser exigência. Personagens como Cassie (Sydney Sweeney) e Jules (Hunter Schafer) ilustram, com brutalidade poética, o que acontece quando o corpo deixa de ser casa e passa a ser montra.
Disforia corporal, distúrbios alimentares, insegurança hormonal, dependência emocional e uso de substâncias para controlar… emoções (ou a falta delas). Sim, porque nesta era de filtros e likes, sentir de verdade virou quase subversivo. Hormonas aos gritos, autoestima em sussurro. A exposição constante a imagens idealizadas ativa o nosso sistema de comparação interno (obrigada, cérebro límbico).
Resultado? Cortisol nas alturas, dopamina viciada em notificações e um sistema endócrino em modo montanha-russa. Menstruações desreguladas, acne por stress, ciclos de compulsão alimentar seguidos de dietas restritivas este cocktail não é servido em copos bonitos, mas no consultório, na ansiedade crónica e na perda de identidade. E não, não é só “frescura” ou drama adolescente. O cérebro em desenvolvimento é altamente vulnerável.
Estudos como o “Expression of the chemokine receptor CCR1 promotes the dissemination of multiple myeloma plasma cells in vivo”, publicado na National Library of Medicine, mostram que a exposição precoce a ideais estéticos irreais está diretamente ligada ao aumento de depressão, ansiedade e comportamentos autolesivos.
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Mas existem saídas e não envolvem cirurgias pásticas!!! A primeira chave é desinstalar a app da comparação. Ou, pelo menos, aprender a usá-la com consciência. A segunda? Reconectar com o corpo como território sagrado, e não como projeto de engenharia.
Práticas de desintoxicação estética com selo de longevidade saudável
- Escolhe seguir pessoas que partilham corpos reais, vulnerabilidades e saúde acima de estética.
- Dorme. Hormonas descompensadas fazem-nos ver o espelho com olhos de monstro.
- Move o corpo com prazer e não com punição.
- Aprende a ouvir os sinais internos e não os trends do momento.
- Consulta profissionais que te vejam como um organismo vivo e não como “antes e depois”.
E se a verdadeira beleza for a coerência? Coerência entre o que sentes, pensas e fazes. Entre o corpo que tens e a vida que queres ter. A estética não precisa ser vilã. Mas quando passa à frente da saúde, deixa de ser estética e vira ditadura. Por isso, da próxima vez que fores tentad@ a comparar-te com um TikTok perfeito, lembra-te: nem aquele criador de conteúdo acorda assim.
Há ângulos, filtros, edições… e às vezes, muito sofrimento camuflado por trás do “glow”. Estética e saúde podem coexistir quando há consciência. E, sejamos honestos, nada é mais sexy do que alguém que brilha de dentro para fora.
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