Fantasporto 2014 | A Casa do Fim dos Tempos, em análise
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Primeiro dia do Fantasporto e o Pequeno Auditório estava composto. A sessão de abertura – Vampire Academy de Mark Waters – tinha lugar no Grande Auditório, mas não me arrependi da escolha que fiz.
Considerando ser este um filme de baixo orçamento, Alejandro Hidalgo revelou-se genial. Se todos os realizadores do género tivessem à sua disposição quantias modestas para construírem obra e lhes saíssem das mãos películas a este nível, poderíamos contar, durante todo o ano, sem excepção, provindo de todas as partes do mundo, com cinema fantástico de alta qualidade.
“La Casa del Fin de los Tiempos” é um filme venezuelano que conta com as interpretações de actores pouco conhecidos, mas de uma fabulosa entrega – Rosmel Bustamante, Gonzalo Cubero, Ruddy Rodríguez, Guillermo Garcia. O script brinda-nos com a existência de um segredo profundamente enraizado na habitação de quatro pessoas (pai, mãe e duas crianças), mistério cuja evolução se vai dando ao longo do filme, de forma extremamente bem consolidada, clara e sem perda de sentido.
Não fosse o brilhantismo de alguns criadores, o cinema de terror já teria caído no desgaste total. Há histórias que caem na repetição dos temas, a imprevisibilidade não se reflecte como seria suposto, originalidade precisa-se. E mesmo quando sucede sermos presenteados com algo inovador, acontece, com mais frequência do que o público cinéfilo merece, ali a meio da viagem ou a meia hora do final, sermos confrontados com emaranhados sem lógica, enredos complexos ou conclusões que desiludem. De qualquer forma, penso que esta tendência tem vindo agradavelmente a inverter-se, e para tal contribuem, não só os rasgos de artistas como, por exemplo, James Wan, Hideo Nakata e respectivos argumentistas, mas também os guiões apresentados em Festivais e Mostras de Cinema, tantas vezes reveladores de talentos desconhecidos.
O objectivo de A. Hidalgo terá sido atingido na sua plenitude. Senão vejamos: Dulce (R. Rodríguez) vê-se perante o assassínio de marido e filho, respectivamente [Juan José (G. Cubero) e Leopoldo (Rosmel Bustamante)]. Acusada e condenada pelas ocorrências, o filme desenrola-se décadas mais tarde, já após o cumprimento da sua pena. Sendo que a meta a alcançar é a de nos levar a compreender o passado. E o fio condutor da narrativa é repleto de coerência e capacidade de nos cativar até aos créditos finais.
Acrescem à aposta de A. Hidalgo (primeira longa-metragem da sua carreira) francas doses de maturidade e inteligência de direcção. Com isto, pretendo referir-me à sua noção de expectativas do público. Não deixa de ser surpreendente que um realizador, ao que parece inexperiente no que respeita à sensibilidade e gostos de quem o vai julgar, se muna tão eficazmente das ferramentas do sucesso: suspense em quantidade suficiente para não quebrar o ritmo, factos solidamente encadeados, subtis apontamentos de humor, relações familiares (essencialmente focadas no amor maternal) tendencialmente aptas a aprofundar a ligação espectador/película, e plot twists sempre bem-vindos.
Venham mais histórias venezuelanas, contos fantasmagóricos de um nível que, de ano para ano, nos puxem para o Fantasporto.
Alejandro, donde has estado?
Sofia Melo Esteves
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(in página facebook oficial do filme)
La casa del fin de los tiempos
Una critica de la película realizada durante el Fantasporto presenta a Alejandro Hidalgo como el descubrimiento del Festival, presenta a la película como una genialidad! El articulo culmina invitando a mas películas venezolanas. “Alejandro donde habías estado”? http://www.magazine-hd.com/apps/wp/fantasporto-2014-a-casa-do-fim-dos-tempos-em-analise/
