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Não é só ficção, estes escândalos de Gilded Age aconteceram mesmo

Gilded Age, o nome só por si já tem aquele cheiro a ouro, luxo e escândalo. Mas o que realmente aconteceu naquela época?

Verão, sol, e a vontade de ver séries que não me façam perder tempo a contar tudo ao detalhe. Se já andaste às voltas com The Gilded Age da MAX, talvez tenhas reparado que aquela alta sociedade americana do século XIX é uma festa com um cheiro a champanhe e conspirações dignas de novela. Mas, será que o que vemos na série tem alguma coisa a ver com a realidade?

A produção criada por Julian Fellowes (o mesmo génio por trás de Downton Abbey) tem aquele dom de misturar factos históricos com doses generosas de ficção, porque, sejamos honestos, a verdade nem sempre é suficientemente dramática. Mas vamos lá pôr os pontos nos is: o que é que The Gilded Age temporada 3 nos anda a contar, e onde é que a História verdadeira dá um pontapé na ficção?

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A História verdadeira de Gilded Age

The Gilded Age Streaming na Max
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É importante começar por dizer que a linha temporal da série não bate certo com a linha temporal real. Por exemplo, o escândalo da Charlotte Drayton (a tal da filha da Mrs. Astor com caso extraconjugal) e o livro polémico de Ward McAllister aparecem na série e no trailer de maneira reversa ao que realmente aconteceu. Na vida real, o livro saiu em 1890, o escândalo foi notícia em 1892.

O divórcio era assim tão mau?

Sim, o divórcio naquela época era uma espécie de sentença de morte social, especialmente para as mulheres. Se hoje já achamos que ser divorciada pode ser difícil, imagina nos tempos vitorianos americanos, onde o divórcio era visto como uma dissolução intencional da família, mesmo quando o marido era o traidor.

Quais as opções para a mulher?

Para uma mulher rica e divorciada, havia poucas opções: basicamente mudar-se para Newport e sobreviver na marginalidade da alta sociedade, ou morrer socialmente. Alva Vanderbilt, inspiração para a Bertha Russell na série, foi uma dessas vítimas. Os jornais da época não perdoavam, e a sociedade de Newport fazia questão de a manter à distância.

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Nobres, divórcios e casamentos

The Gilded Age Streaming na Max
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E quando falamos de alianças, não falo só de anéis. Nos anos 1890, casar a filha milionária americana com um nobre britânico era o equivalente a comprar um passaporte para a eternidade social. Nada de novo: a ideia aparece em The Gilded Age com Gladys Russell e o Duque de Buckingham, mas era algo que já acontecia há décadas. A vida imita a arte — e vice-versa.

Casamentos com a nobreza inglesa

Consuelo Yznaga, uma cubano-americana que realmente casou com o Duque de Buckingham em 1876, é o exemplo histórico mais conhecido. Alva Vanderbilt sabia disso e tentou replicar o feito com a filha, a Consuelo Vanderbilt da vida real, que foi praticamente posta num altar que ela não queria. Afinal, casamento arranjado sempre teve os seus dramas, e não era incomum haver fugas frustradas.

O mais curioso é que o amor verdadeiro, ou pelo menos o que as jovens queriam, não costumava alinhar com os planos das mães poderosas. Por isso, muitos dos casamentos de conveniência tinham aquele sabor amargo de “quem manda aqui é a carteira e o título”, e não o coração.

As história que nunca apareceu em Gilded Age

The Gilded Age
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Aqui é onde a realidade ultrapassa a ficção — e com um sentido de humor que até Julian Fellowes teria inveja.

Sabias que houve um duelo… num navio? Pois é, James Drayton, marido traído da filha da Mrs. Astor, desafiou o amante da esposa para um duelo com espadas. O problema? A justiça francesa impediu o duelo e Drayton fugiu para Inglaterra. O amante, em vez de fugir, seguiu o barco no dia seguinte, ficando confinado com o marido furioso e a mulher no mesmo navio. O New York Times chegou a publicar uma vigília para o duelo, com pessoas à espera para ver quem sairia vivo.

No fim, ninguém foi ferido. Assim, o marido trancou-se na cabine e o amante aproveitou para beber e dançar. Isto sim é drama real, muito mais engraçado e humano que qualquer escândalo ficticio. Mas porque é que isto não entrou no guião da série? Talvez porque, por vezes, a realidade seja demasiado caricata para ser ficção.

Agora sabes mais

No final, The Gilded Age é uma mistura deliciosa de história com doses calculadas de entretenimento. Se gostas de história, esta série é um banquete para olhos e cérebro, mas é preciso saber olhar para além dos fatos e perceber onde a ficção entra para melhorar o drama. E não te esqueças: a alta sociedade, por mais que mude de roupa e século, continua a ser um palco para dramas humanos que, no fundo, nos são muito familiares.

Qual destas histórias te surpreendeu mais? E que outro período histórico gostavas de ver desmontado assim? Deixa a tua opinião nos comentários.



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