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Final de Gilded Age revela a jogada mais arriscada de Bertha Russell

O final de Gilded Age não foi apenas o fechar da temporada, foi o abrir de um jogo onde o silêncio fala mais alto que qualquer escândalo.

Quando falo de Gilded Age não me refiro apenas a uma série televisiva de época com vestidos impossíveis e salões dourados; falo de um retrato agridoce de um tempo em que riqueza e vaidade competiam com intrigas e alianças secretas.

Talvez seja por isso que, quando nos aproximamos do final da mais recente temporada, a tensão não esteja apenas no que se diz, mas no que não se diz. Um olhar atravessado pode selar um destino; um convite recusado pode matar uma reputação mais depressa que uma bala. E, como sempre, é nas fissuras entre o brilho e a vergonha que a história respira.

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O final, a ousadia de Mrs. Russell

The Gilded Age Streaming na Max
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Chegámos ao último episódio de Gilded Age com um prato cheio: George Russell baleado, um baile pendente, amores interrompidos, intrigas de bastidores. E, no centro de tudo, Bertha Russell, que parece ter feito um pacto com o próprio orgulho para não ceder um milímetro de terreno social. A série leva-nos por becos de etiqueta onde cada passo é um risco calculado ou um erro fatal.

O clímax? A decisão de convidar mulheres divorciadas para o baile, uma afronta que Mrs. Astor apelida de “a temeridade imprudente de Mrs. Russell”. O choque é palpável. Num mundo em que o estatuto social é mais frágil que um copo de cristal, este gesto é tanto uma jogada de poder como um manifesto silencioso. Mrs. Russell não apenas desafia regras; redesenha-as com um sorriso controlado e um vestido impecável.

O problema é que, no xadrez social da Gilded Age, cada avanço traz riscos incalculáveis. O episódio deixa claro que, mesmo para quem parece invencível, há sempre um preço. George, salvo de uma morte iminente, começa a repensar a própria vida e a questionar a mão firme (por vezes demasiado firme) da esposa. A tensão que se instala não é gritante, é silenciosa, densa, o tipo que mata aos poucos.

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O drama de Gilded Age

The Gilded Age © Alison Cohen Rosa/HBO

Confesso: esperava mais pólvora neste final. Tivemos casamentos alinhados, reconciliações amorosas, e até uma proposta de casamento digna de Bridgerton, com joelho no chão e promessa de amor eterno. Mas, no meio de tanto acerto de contas emocional, faltou aquela faísca final que nos fizesse roer as unhas até à próxima temporada.

Claro, houve momentos deliciosos. Mrs. Astor a entrar no baile foi um espetáculo em si, um desfile de autoridade e joias que só podia ter música própria. A frase “A tua situação pode ser embaraçosa, mas tu não és um embaraço. És minha filha.”, dita a Charlotte, foi talvez o único momento em que a série nos deu ternura sem cinismo. Traduzo-a aqui porque merece ser saboreada.

Ainda assim, o episódio fecha com uma sensação estranha: quase todos estão bem, quase todos encontraram o seu lugar, e o drama que ficou é mais sussurrado do que estrondoso. Para uma série que sempre viveu da tensão latente, este “tudo em ordem” deixa-nos inquietos, não pela tragédia iminente, mas pelo risco de um sossego excessivo.

O que fica por dizer

Carrie Coon em The Gilded Age
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Na minha opinião, este final de temporada de Gilded Age pareceu mais uma pausa estratégica do que um clímax. É como se Julian Fellowes tivesse decidido segurar o grande golpe para mais tarde, deixando-nos a mastigar as implicações sociais em vez de nos afogar num mar de escândalo. Isso não é mau, é só diferente. Mas, convenhamos, para quem se habituou a duelos verbais e quedas espetaculares de reputação, é um pouco como ir a um banquete e sair com fome.

O que é fascinante, no entanto, é como The Gilded Age continua a provar que, por detrás dos salões iluminados e da prata polida, a verdadeira guerra é silenciosa. Um convite retirado, uma mão não apertada, uma dança negada, cada gesto pesa toneladas no equilíbrio de poder. E é precisamente aí que a série brilha: não no fogo-de-artifício, mas no fumo que se espalha devagar.

Por isso, quando penso na “temeridade imprudente” de Mrs. Russell, vejo mais do que um ato de desafio social. Vejo uma lembrença de que, na vida real, os grandes momentos raramente chegam com música de orquestra e luzes dramáticas. Muitas vezes, vêm disfarçados de conversas educadas e decisões aparentemente pequenas que mudam tudo.

Se estivesse no lugar de Mrs. Russell, arriscavas tudo por um gesto de orgulho ou manterias a paz a qualquer custo? Quero ler a tua resposta nos comentários.

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