Flesh and Bone, em análise

 

 

Flesh and Bone é a nova aposta do canal Starz, criada por uma das mentes por trás da série de sucesso Breaking Bad, Moira Walley-Beckett.

FICHA TÉCNICA

flesh and bone

Título Original: Flesh and Bone
Elenco: Sarah Hay, Ben Daniels, Josh Helman, Damon Herriman 
Género: Drama, Dança
Starz | 2015 | USA[starreviewmulti id=19 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

 

Quando a série Flesh and Bone começou a ser divulgada foi sempre acompanhada por frases como “uma série que vai mostrar as entranhas de uma companhia de ballet” ou “a série que vai pôr o ballet a nu”. Basicamente iria alcançar algo que filmes relacionados com o mundo do ballet (Black SwanCenter Stage) não tinham conseguido até hoje. Visto que as mentes por trás deste projeto orgulhosamente afirmaram que a série iria ser verdadeiramente inovadora é mais que natural que confrontemos o que Flesh and Bone foi, em oposição àquilo que os criadores queriam que fosse.

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A história centra-se na sua protagonista, Claire (Sarah Hay), uma jovem dançarina, bastante talentosa, mas também bastante perturbada a nível emocional, que consegue juntar-se a uma companhia de ballet de Nova Iorque, a American Ballet Company. Até aqui temos uma premissa razoavelmente normal e sem grandes surpresas. Contudo, tendo como informação prévia tudo o que foi dito sobre a série, seria de esperar que surgisse entretanto algo deveras original relacionado com a linha narrativa do mundo do ballet. Um dos principais problemas de Flesh and Bone é que isto não acontece.

 

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Flesh and Bone engloba todos os clichés do “lado desconhecido do ballet” que possam imaginar. Temos a rapariga estranha e outsider, mas imensamente talentosa, que luta pelo seu lugar na companhia; as colegas invejosas que não lhe facilitam a vida nem por um segundo, incluindo a estrela do grupo; o diretor da companhia e as suas variações de humor bastante repentinas, que levam muitas vezes os seus dançarinos à beira das lágrimas; as várias lesões físicas que os bailarinos de ballet são obrigados a suportar; a rapariga que usa a dança como fuga dos seus problemas mais profundos; e é claro, a companhia de ballet e o seu desejo de quebrar com o que é tradicional e seguir num caminho novo e arrojado. Contudo, também é preciso dizer que Flesh and Bone não tem só clichés. Há certos elementos narrativos, como a bailarina da companhia que trabalha num bar de striptease ou o tráfico de humanos, que são interessantes e apelativos mas acabam por não ser desenvolvidos por não haver tempo suficiente para eles.

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Assim, resta-nos olhar para o drama principal e para os personagens. O segundo problema que encontramos em Flesh and Bone está ligado exatamente aos seus personagens. O elenco desta série é muito bom. Temos grandes atores como Ben Daniels (House of Cards), Josh Helman (X-Men: Days of Future Past, Mad Max: Fury Road), Damon Herriman (Justified), Tina Benko (The Good Wife), e a série teve o cuidado de escolher bailarinos profissionais na vida real para os papéis dos dançarinos da companhia de ballet. Este último aspeto é muito importante para Flesh and Bone pois desta forma é conseguida uma maior credibilidade nos momentos de dança onde estão presentes personagens que devem saber dançar como profissionais.

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Contudo, apesar do casting da série ter sido muito bem feito, Flesh and Bone não sabe explorar corretamente o vasto grupo de personagens que reuniu na sua história. A grande maioria apresentava claramente um enorme potencial a nível individual que, se tivesse mais tempo para ser desenvolvido, iria oferecer uma maior dinâmica nas relações entre cada personagem e, consequentemente, na história. No fundo, o que se sente após a visualização completa da série é a da necessidade de uma segunda temporada. Infelizmente isto não parece ser o futuro do projeto, visto que após a conclusão da primeira temporada, os criadores decidiram que Flesh and Bone seria uma minissérie, e nada mais.

 

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Quem consegue escapar ligeiramente ao problema referido previamente é a protagonista, Claire. Sarah Hay faz um excelente trabalho na pele de uma jovem emocionalmente transtornada. É de uma subtileza incrível como a atriz e bailarina consegue transmitir ao espetador as grandes perturbações de Claire sem ser demasiado óbvia ou completamente impercetível. Esta é, naturalmente, a personagem mais desenvolvida na série. Afinal, Flesh and Bone é, acima de tudo, sobre Claire e sobre a necessidade de se libertar de tudo e todos os que a impedem de crescer e prosseguir com a sua vida. É exatamente assim que Flesh and Bone tem início, quando a protagonista foge de casa, e de tudo o que a prende nesse local, e viaja para Nova Iorque, em busca do seu sonho. Contudo, Claire mal podia imaginar que estaria a sair de uma prisão para se encontrar noutra.

 

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Durante os oito episódios que compõe Flesh and Bone, assistimos à evolução de Claire e à forma como esta vai superando os múltiplos obstáculos profissionais e pessoais que surgem no seu caminho, assim como aqueles que nunca a chegaram a abandonar, enquanto acompanhamos o trabalho da American Ballet Company até à estreia do seu grande e inovador espetáculo. O final da minissérie mostra-nos a vitória de Claire contra todos os que a oprimiam e controlavam, e chega-se à conclusão de que, no fundo, Flesh and Bone foi sempre sobre a batalha interna inevitável que Claire teria de enfrentar.

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Para além da componente dramática, outro elemento central da série criada por Moira Walley-Beckett é a dança. Esta é uma área onde não podemos apontar grandes falhas. Na verdade, a única coisa da qual nos poderíamos queixar é de não termos mais momentos protagonizados pelos bailarinos ao longo dos episódios devido ao tempo extremamente limitado da série. Ainda assim, o pouco que temos é, como seria de esperar, muito bom, especialmente no último episódio, onde somos presenteados com a atuação final da companhia e temos oportunidade de ver por completo todos os pequenos fragmentos da coreografia que foram surgindo ao longo dos episódios anteriores.

 

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Em suma, Flesh and Bone não é uma má série, muito pelo contrário! A protagonista é hipnotizante, principalmente graças à performance da jovem Sarah Hay, nomeada para um Globo de Ouro, e o elenco em geral teve desempenhos formidáveis. Contudo seria um crime não destacar o trabalho de Ben Daniels como Paul Grayson, que tem uma presença incrível em todas as cenas que surge, com a capacidade de roubar as atenções, mesmo sem dizer uma única palavra. Embora tenha sido curta e não tenha sido capaz de concretizar aquilo que tanto prometeu, a aposta da Starz é um bom drama, capaz de cativar o espetador de diversas formas, quer através da dança, quer dos elementos de suspense e mistério.

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