Friends: Ator da série revela “ambiente tóxico” durante as gravações
Por detrás dos risos e dos sofás do Central Perk de “Friends”, esconde-se uma realidade bem menos acolhedora para alguns dos seus participantes.
“Friends” é, sem dúvida, uma das séries de comédia mais amadas de todos os tempos. Desde o seu primeiro episódio em 1994 até ao final em 2004, captou o coração de milhões de espectadores em todo o mundo, criando inegavelmente um fenómeno cultural que perdura até aos dias de hoje. Assim, as histórias de Ross, Rachel, Monica, Chandler, Joey e Phoebe tornaram-se parte da nossa memória coletiva, mas o que se passava longe das câmaras nem sempre foi tão divertido como aquilo que víamos nas nossas televisões.
Ator de “Friends” revela ambiente racista durante gravações da série icónica
Stephen Park, ator que participou em dois episódios da série de culto, abriu recentemente o livro sobre as suas experiências no plateau de “Friends”, descrevendo-as como parte de um “ambiente tóxico”. Durante uma participação no podcast “Pod Meets World“, Park relatou um incidente particularmente perturbador: “James Hong era o ator que também estava no episódio comigo, e [o assistente de realização] estava a chamá-lo para o set a dizer, essencialmente, ‘Onde raio está o tipo oriental? Tragam o tipo oriental’.”
O ator, que apareceu no episódio “The One With the Chicken Pox” da segunda temporada e em “The One With the Ultimate Fighting Champion” da terceira, sublinhou que este tipo de comportamento não era um caso isolado. “Esta não foi a primeira vez que isto aconteceu, sabem, mas este era o ambiente onde isto era o normal em Hollywood em 1997, creio eu. E ninguém sentiu a necessidade de corrigir isto ou dizer algo sobre o assunto. Então, este era um comportamento normal”, explicou Park.
A revelação é particularmente chocante quando contrastada com a aparente mensagem de inclusão e amizade que a série tentava transmitir nos seus episódios, criando uma dissonância entre o produto final e os bastidores da sua produção.
A luta solitária de um ator
Assim, Park não ficou parado perante esta situação. Tentou contactar o Screen Actors Guild sobre o incidente, mas o representante com quem falou apenas “recomendou que escrevesse um artigo para o L.A. Times”. Seguindo este conselho, Park redigiu uma “declaração de missão” e enviou-a para a publicação. Embora tenham eventualmente enviado “alguns repórteres” para o entrevistar, o artigo nunca chegou a ser publicado. Determinado a fazer-se ouvir, o ator acabou por divulgar a sua declaração a todos na sua “lista de emails” como uma carta aberta. Park afirmou que, após o seu envio, a carta “tornou-se viral antes de ‘viral’ ser sequer uma palavra”.
A experiência teve um impacto profundo na sua carreira e bem-estar. “Tinha-me tornado tão consciente da questão racial e tão zangado que estava a olhar para tudo através da lente da raça”, confessou Park. “Sentia que não havia liberdade. Não sentia qualquer liberdade. Então, não tinha ideia do que iria fazer, mas decidi simplesmente desistir. Disse a toda a gente: ‘Não vou mais representar’.” Park acabou por regressar à representação após uma “lenta reaproximação ao mundo do espectáculo”. Nos anos que se seguiram, o ator apareceu em séries como “Boy Meets World” e “Law & Order“, construindo uma carreira respeitável apesar dos obstáculos.
As revelações de Park surgem num momento em que Hollywood enfrenta inegavelmente um escrutínio sem precedentes relativamente à sua história de tratamento desigual de minorias, tanto em frente como atrás das câmaras. “Friends” já tinha sido alvo de críticas pela sua falta de diversidade no elenco, algo que os criadores reconheceram como falha em entrevistas recentes.
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