Homem de Aço, em análise
Zack Snyder, juntamente com Christopher Nolan, traz de volta o super herói que inspirou milhões ao longo das décadas. Não é um pássaro, não é um avião, é o Super-Homem.
Havia muita apreensão em relação a este reboot. Apesar de Nolan já ter provado que sabe como pegar nos super heróis e torná-los “fixes” outra vez, Snyder não tinha o melhor currículo. Para além disso, uma coisa é tornar uma personagem mais realista que tenha um background mais normal e essencialmente humana, e outra é pegar num extraterrestre com super poderes e torná-lo real. E temos ainda as coisas que o trailer anuncia: Lois Lane sabe quem Clark é, ele não trabalha no Daily Planet, e parece que a história que queriam contar era demasiado grande para um filme.
Está presente algum trabalho de Nolan, mostrando que este não esteve lá só para atrair mais pessoas para o filme. Podemos vê-lo pela história, que apesar de ao início parecer grande demais, é-nos contada de uma maneira inteligente, mas talvez a um ritmo demasiado rápido. De qualquer maneira, a dupla Nolan/Snyder evidência-se pela realidade que conseguiram dar à personagem, tal como foi dada a Batman na trilogia “Dark Knight”, e pela realização de Snyder, escura e espectacular, fazendo de “Man of Steel” um dos grandiosos blockbusters deste ano.
Mas este universo não é o mesmo que os filmes originais nos apresentaram. Temos Clark que não ingressa no Daily Planet, uma escolha muito acertada, visto que o filme é sobre ele descobrir o que significa ser o Super-Homem e essa opção só surge depois de ele ter percebido como pode ajudar as pessoas. Não aparece, nem há menção da famosa kryptonite. E, como já referimos, Lois Lane conhece o segredo de Clark e isso é perceptível pelo trailer. Isso pode fazer-nos torcer um bocadinho o nariz mas a forma como isso foi justificado no filme até faz sentido.
Em “Man of Steel” outra coisa que é feita e que nos originais não, provavelmente devido à tecnologia da altura, é apresentar-nos o planeta Krypton. Este é um planeta muito parecido com Pandora de Cameron, com montanhas no ar e umas criaturas estranhas que os kryptonianos montam, mas é menos verde e tem tecnologia espalhada por todo o lado. Mas é um mundo no qual conseguimos acreditar, até pela maneira como as coisas são apresentadas. Tudo demora o tempo que tem de demorar. As coisas que são importantes para o planeta… Bem, se calhar podiam estar mais bem protegidas, mas mesmo assim não estão ali à mão de semear. E este prelúdio é essencial para nós ficarmos a conhecer Jor-El e Zod, principalmente. Russell Crowe não foi desperdiçado, tal como Marlon Brando, e deu-se mais ênfase a Jor-El, pelo menos nessa parte, aproveitando aquilo que o ator podia trazer à personagem. Se por acaso algum “génio” se lembrar de fazer um spin-off deste filme, que seja um sobre o Jor-El de Russell Crowe!
Zod é que já não foi assim tão cativante. Na primeira parte ele luta contra os líderes do planeta, nós percebemos porquê, depois ele quer encontrar KalEl, também percebemos porquê, mas o que não percebemos é o porquê desse porquê. Porque é que ele quer tão desesperadamente reconstruir Krypton? Ele bem podia ficar com a Terra e manter os seus super poderes, mas não… Cabeça dura! Mas a verdade é que nós ficamos a perceber isso na parte em que era suposto o filme parar e ser só encostar para trás e aproveitar. Zod nasceu com a missão de proteger Krypton e a continuação da raça tal como ela é e ele precisava de algo novo para proteger. Com a original destruída, era preciso criar uma nova protegida para Zod.
Em relação a Christopher Reeve, Henry Cavill esteve muito bem como Clark Kent, apesar de serem os dois muito diferentes um do outro. Como SuperHomem a história é outra… Cavill não dá um super herói tão normal como Reeve e acaba por parecer um bocado forçado. É verdade que neste filme Clark e Kal-El são iguais, mas o fato subiu à cabeça de Cavill e estragou um bocado o nosso herói. Por falar em fato, foi bom ver o Super-Homem sem fazer figura de bimbo com as cuecas de fora e com um fato trabalhado como deve de ser, sem ser aquela coisa de licra que ele usava nos originais. Mas apesar de o fato ser diferente e de Cavill não conseguir ser tão credível como Reeve, há momentos em que conseguimos ver o Super-Homem que todos nós amamos e que nos inspirou a sermos melhores.
As senhoras sim conseguiram superar as expectativas todas! Diane Lane e Amy Adams superam Phyllis Thaxter e Margot Kidder. Diane Lane é uma Martha Kent adorável e pela qual nós nos apaixonamos. Faz-nos lembrar aquela avó querida que sempre nos mimou em miúdos. Amy Adams é a razão pela qual a relação Super-Homem/Lois resulta, pois consegue transmitir alguma química com Cavill, a qual este não partilha. Esse é um aspecto do filme que devia ter sido encarado com mais calma. Se calhar, deixavam o primeiro beijo para a sequela, ahn? Que acham?
Não há dúvidas que “Man of Steel” leva a mitologia de Super-Homem a outro nível. Snyder, como sempre, dá espectáculo e Nolan ajuda a dar-lhe coesão. O casting não foi perfeito, mas por vezes somos capazes de ver as personagens que todos amamos de volta.