Miles Davis abriu a manhã de sábado: A história do jazz de fusão tomou conta da Imacustica – Lisboa
Na manhã de 4 de outubro, pelas 11h00, a loja da Imacustica em Lisboa foi palco de uma agradável celebração à música: a primeira edição das sessões Saturday Mornings, neste caso dedicada ao jazz de fusão. Sob a curadoria do audiófilo, conhecedor e amante do jazz Carlos Ferreira, os presentes foram conduzidos numa belíssima viagem sonora pelas margens mais dinâmicas e inventivas do jazz entre o final dos anos 60 e meados da década de 70.
A música primeiro (mas bem acompanhada, de preferência)
A Imacustica decidiu abrir as portas a algo mais do que a comercialização e o aconselhamento técnico da sua excelente gama de equipamentos. O objetivo: proporcionar momentos de convívio e encontros musicais cuidadosamente preparados, para um público conhecedor e exigente — sempre em torno de um sistema requintado e configurado com precisão. A ideia é simples, mas valiosa: levar quem ama música a ouvir, entender e melhor apreciar discos emblemáticos num sistema de alta-fidelidade calibrado a rigor, para que cada nota inspire a maior autenticidade possível.
De Miles Davis a Weather Report: o percurso do jazz de fusão, em vinil
Foram 11 as faixas que Carlos Ferreira escolheu para ilustrar a evolução do melhor jazz de fusão. Uma viagem de hora e meia, muito bem conduzida, com detalhes sobre a produção e belas histórias sobre os seus intérpretes. E, claro, tudo em vinil, o formato que continua a conquistar gerações e a celebrar o som analógico em toda a sua textura.
- Miles Davis — Filles de Kilimanjaro — “Frelon Brun” (1969)
- The Tony Williams Lifetime — Emergency! — (excerto) (1969)
- Miles Davis — Bitches Brew — “Sanctuary” (1970)
- Deodato — Prelude — “September 13” (1972)
- Stanley Clarke — Stanley Clarke — “Lopsy Lu” (1974)
- George Benson — White Rabbit — “Little Train” (1971)
- Freddie Hubbard — Red Clay — “Delphia” (1970)
- Wayne Shorter (com Milton Nascimento) — Native Dancer — “Beauty and the Beast” (1975)
- Return To Forever — Romantic Warrior — “Sorceress” (1976)
- Mahavishnu Orchestra — Visions of the Emerald Beyond — “Lila’s Dance” (1976)
- Weather Report — Heavy Weather — “Teen Town” (1977)
Esta seleção mostra bem a evolução deste género do jazz: da viragem inicial com Davis, passando por incursões sinfónicas e rítmicas de Stanley Clarke, até ao exotismo progressivo de Mahavishnu e o groove marcante de Heavy Weather.
Carlos Ferreira, com a sua calma, saber e paixão, soube intercalar a audição com breves contextualizações históricas e técnicas de cada faixa. Desde a inevitável referência à transição de Miles Davis para o uso de instrumentos elétricos, à explicação que faz de Emergency! uma obra revolucionária para a bateria elétrica, passando pela ponte entre Stanley Clarke e o jazz-funk, ou pela fusão orquestral de Mahavishnu Orchestra. E ainda houve tempo para apreciar algumas capas icónicas, como a do lendário Bitches Brew, assinada pelo mesmo criativo das inesquecíveis capas dos Santana.
Também uma excelente fusão entre o jazz e um sistema top
Durante a audição, disco após disco, a clareza tímbrica e rítmica do sistema ajudou a encantar a audiência. Muitas texturas de fundo — frequentemente soterradas em sistemas mais comuns — vieram à tona. A linha de baixo em Teen Town foi particularmente surpreendente.
As estrelas de serviço foram, na amplificação, a Constellation Audio, acompanhada pela pré-amplificação phono HSE Swiss, as colunas Wilson Audio, cabos Nordost e o magnífico gira-discos EAT. Com esta combinação, o evento não foi apenas uma audição, mas uma demonstração viva do que um bom sistema pode fazer pela música.
Sobre a Imacustica
A Imacustica, presente desde 1986 no mercado, especializou-se em alta-fidelidade & cinema em casa. Representa e distribui cerca de 50 das melhores marcas de alta-fidelidade em Portugal e tem duas lojas físicas: uma em Lisboa (Avenida do Brasil 147 B) e outra no Porto (Rua Santos Pousada, 644). A proposta da empresa abrange desde uma vasta gama de equipamentos mais acessíveis a soluções high-end sofisticadas, passando por um magnífico e sempre atualizado lote de oportunidades a preços convidativos — dirigidas a públicos diversos, desde quem procura o primeiro sistema “entry level” até ao audiófilo mais exigente.
O futuro dos Saturday Mornings
À conversa com Manuel Dias, o sempre bem-disposto fundador e proprietário da Imacustica, sobre as próximas sessões:
“A ideia é tornar o Saturday Mornings um ritual mensal. Já temos em mente outros temas — jazz clássico, música portuguesa, bandas sonoras, rock progressivo, heavy metal — para que cada edição permita alcançar públicos diferentes. Queremos que estes encontros cresçam, sem pressas, mas com autenticidade e a motivação de todos os que nela participarem”.
Foi o primeiro capítulo de uma série que promete proporcionar manhãs de música cuidadosamente selecionada, com um toque pedagógico e som de grande qualidade.