Indie Mania | 6 estreias que não podes (mesmo) perder em julho
Comer um gelado com pés enterrados na areia enquanto se processa a fotossíntese ou ingerir um grande balde de pipocas com explosões e CGI como paisagem? Ou que tal uma alternativa igualmente estimulante?
Julho não é um mês muito dado a propostas cinematográficas do circuito independente. Ainda assim, atrevemo-nos a selecionar seis estreias que não deves perder de vista.
Nota: as datas de estreia apresentadas estão sujeitas a alterações.
Our Kind of Traitor / Um Traidor dos Nossos
Porque não podes (mesmo) perder? Esta é mais uma adaptação de um thriller da vasta obra literária do mestre da espionagem John Le Carré, desta feita com a pouco conhecida realizadora Susanna White ao leme. É curioso observar o portefolio de projetos que Susanna White coleciona ao longo dos últimos anos: no meio de séries como Masters of Sex e Broadwalk Empire e a minissérie Jane Eyre, há um elemento estranho chamado “Nanny McPhee Returns”. Se a realização não é um elemento lá muito entusiasmante, então desviemos o olhar para o elenco onde nomes como Ewan McGregor, Naomie Harris, Stellan Skarsgård e Damian Lewis se destacam e nos fazem salivar por uma teia de acontecimentos tão rica quanto “A Toupeira” ou “O Homem Mais Procurado”.
De que é que trata? Em férias em Marraquexe, Perry (Ewan McGregor) e Gail (Naomie Harris) travam amizade com um extravagante e carismático russo chamado Dima (Stellan Skarsgård) que, embora não o saibam, é um importante elemento da máfia russa. Quando Dima lhes pede ajuda para fazer chegar informações confidenciais aos serviços secretos britânicos, Perry e Gail são apanhados no perigoso mundo da espionagem internacional e da política sem escrúpulos. O casal é então obrigado a percorrer uma perigosa viagem por Paris, Berna e pelos cantos mais obscuros da cidade de Londres, impelidos por um determinado e implacável agente do MI6 (Damian Lewis).
Estreia: 7 de julho
Francofonia
Porque não podes (mesmo) perder? Foi um dos favoritos a vencer o Leão de Ouro em Veneza em 2015 e chega agora aos cinemas nacionais num momento em que a França é um dos palco do mundo e todos holofotes estão virados para Paris. Aleksandr Sokurov documenta a história do Louvre durante a ocupação nazi e reflete sobre o sentido e a intemporalidade da arte. Uma pedaço de cinema obrigatório para quem deseja perceber o que acontece quando a guerra e a arte se interceptam ferozmente.
De que é que trata? 1940. Paris, uma cidade ocupada. E se, no decorrer dos bombardeamentos, a guerra levasse a Vénus de Milo, a Mona Lisa, a Jangada da Medusa? O que aconteceria a Paris sem o Louvre? Dois homens em lados opostos – Jacques Jaujard, director do Louvre, e o Comandante Franz Wolff-Metternich, chefe da comissão alemã para a protecção das obras de arte em França – aliam-se para preservar os tesouros do museu. Através da narração desta história pouco conhecida, Aleksandr Sokurov faz uma reflexão sobre a relação entre a arte, o poder e a cultura.
Estreia: 14 de julho
Miles Ahead
Porque não podes (mesmo) perder? É um one-man-show de Don Cheadle, literalmente. Cheadle assume o papel de realizador, ator e argumentista neste seu poema ao músico Miles Davis. Para os fãs mais puristas de Davis, esta poderá não ser a biografia definitiva, mas Cheadle, apesar dos precalços,improvisos e imprecisões, consegue criar um retrato inconvencional, apaixonado e tão experimental quanto a música de Davis.
De que é que trata? No final da década de setenta, e no meio de uma fascinante e prolífica carreira na vanguarda da inovação do jazz moderno, Miles Davis (Cheadle) afasta-se abruptamente da vida pública. Sozinho e escondido em sua casa, Miles é atormentado por dores crónicas, pela sua voz musical abafada e entorpecida por drogas e medicamentos, e com a mente assombrada por perturbadores fantasmas do passado. Até que Dave Braden (Ewan McGregor), um repórter da Rolling Stone, força Davis a embarcar numa selvagem e angustiante aventura para recuperar a gravação de uma das suas últimas composições, que lhe havia sido roubada anos antes. É nessa altura que, enquanto enfrenta o abismo, Miles Davis se apercebe que mais uma vez só pode encontrar a salvação na sua arte.
Estreia: 14 de julho
A War / Uma Guerra
Porque não podes (mesmo) perder? “O que farias quando não existe uma resposta certa?” – é assim que Olly Richards da Empire Magazine atira, e bem, a questão na sua reflexão sobre este filme dinamarquês nomeado ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares 2016. Num híbrido entre o thriller e o drama (e conseguindo alcançar distintos patamares de qualidade em ambos os géneros), este tenso, inteligente e refrescante filme tem tudo para ser um dos melhores pequenos filmes do ano.
De que é que trata? O comandante Claus M. Pedersen e o seu pelotão estão em missão numa província do Afeganistão. Na Dinamarca, Maria, a mulher de Claus, prossegue a vida de todos os dias, com o marido na guerra e três filhos que sentem a falta do pai. Um dia, durante uma missão de rotina, o grupo de soldados é apanhado num fogo cruzado. Claus, para o salvar, toma uma decisão, com consequências profundamente graves para si e para a sua família.
Estreia: 14 de julho
Victoria
Porque não podes (mesmo) perder? É tão obrigatório que, devido a ter visto a sua estreia adiada para este mês, o voltamos a colocar na lista de filmes a não perder. A forma singular como é filmado – 140 minutos num único take – fazem deste “Victoria” um achado. Mas, para lá da impressionante forma como as cenas se interligam, há um drama-romântico-que-vira-heist-thriller que sobrevive de forma independente desse atributo técnico. Principal vencedor dos prémios do cinema germânico, presente na competição em Berlim e Toronto e ainda selecionado na short-list de oito filmes da Alemanha para submissão ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro (acabou por ser desqualificado devido à percentagem de diálogo falado em inglês). Os prémios falam por si. O triunfo, esse, é indescritível.
De que é que trata? Victoria, uma jovem espanhola, diverte-se na noite berlinense. Encontra quatro rapazes numa discoteca: Sonne, Boxer, Blinker e Fuß. Começam a falar, Sonne e Victoria sentem-se atraídos um pelo outro, mas o flirt é interrompido pelos outros amigos. Por causa de uma dívida, acabam por arrastar Victoria para conduzir um carro roubado. O que começa como um jogo acaba por se tornar em algo perigoso. Uma noite, um filme filmado num só plano, de cortar a respiração.
Estreia: 14 de julho
The Program / Vencer a Qualquer Preço
Porque não podes (mesmo) perder? Com uma estreia sem chama no último Festival de Toronto, e imediatamente chutado para 2016, pode-se dizer que filme de Stephen Frears sobre a mentira de Lance Armstrong já captara muito mais a nossa atenção do que agora. O enredo é quase papel químico do poderoso documentário de Alex Gibney, “The Armstrong Lie”, mas existem realmente dois elementos que não nos deixam perder este filme de vista: (1) perceber como o dotado realizador Stephen Frears é capaz (ou não) de revitalizar a história e (2) admirar a prestação de Ben Foster.
De que é que trata? É o escândalo do caso do ciclista Lance Armstrong mas agora ficcionado. Um jornalista desportivo irlandês convence-se de que as vitórias de Lance Armstrong na Volta à França são conseguidas com a ajuda de substâncias proibidas. Com esta convicção, começa a caçar indícios que irão expor Armstrong.
Estreia: 28 de julho
Depois desta nossa viagem pelas estreias de filmes independentes do mês de junho, quantas delas é que pensas ver no cinema?