15 anos depois, José Saramago regressa à TV portuguesa
Quinze anos após a morte de José Saramago, a memória do escritor continua a desafiar o tempo, mas onde termina o homem e começa a literatura?
Se há escritores que transcendem as páginas dos seus livros para se tornarem parte da nossa própria identidade coletiva, José Saramago é um deles. Não se trata apenas de um Nobel da Literatura, mas de um pensador que esculpiu palavras em forma de martelo, batendo sempre no mesmo prego: a humanidade, com todas as suas contradições. Agora, a RTP2 traz-nos um documentário que promete mergulhar nas profundezas da sua memória, 15 anos após a sua morte.
Documentário sobre José Saramago na nossa TV
A realizadora chilena Carmen Castillo realiza “José Saramago. O Tempo de Uma Memória”, uma viagem pelas reflexões do escritor sobre a vida, a morte e, claro, a literatura. Não é um documentário biográfico convencional—é antes um mosaico de vozes, imagens e silêncios que compõem José Saramago.
Assim, entre os entrevistados estão figuras como Sebastião Salgado, cujas fotografias dialogam com a escrita crua de José Saramago, e Maria de Medeiro. Há ainda espaço para David Elbaz, astrónomo, que nos lembra que José Saramago via a literatura como um universo em expansão, talvez tão infinito como o cosmos.
A estreia acontece a 18 de Junho, às 22h55, na RTP2, com posterior disponibilidade na RTP Play. Uma oportunidade para ver (ou rever) o homem que disse: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.”
Por que Saramago continua a importar?
Passados mais de dez anos da sua morte, José Saramago permanece não só nos programas escolares, mas no imaginário português. Porquê? Porque a sua escrita não se limita a contar histórias, ela desmonta a realidade.
Assim, este documentário chega num momento em que a literatura portuguesa vive uma nova vaga de internacionalização, com autores como Valter Hugo Mãe e Djaimilia Pereira de Almeida a conquistarem leitores além-fronteiras. José Saramago foi inegavelmente pioneiro nesse caminho, e este filme serve tanto para celebrar o seu legado como para questionar: o que é que ele diria sobre o mundo de hoje?
15 anos após a morte de um mestre
Assim, se há coisa que José Saramago detestava era a passividade. “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”, escreveu em “Ensaio sobre a Cegueira”. Este documentário não é apenas para fãs do escritor—é para quem acredita que a literatura pode inegavelmente mudar o mundo.
Vais ver o documentário? Concordas que Saramago continua a ser uma voz necessária, ou achas que o seu tempo já passou? Deixa a tua opinião nos comentários.