Khumba, em análise

 

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  • Título Original: Khumba
  • Realizador:  Anthony Silverston
  • Vozes (VP): César Mourão, Inês Castel Branco, Bruno Ferreira e Maria Vieira
  • Género: Animação/Comédia
  • Outsider Films| 2013 | 85 min

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“Khumba” (pré-nomeado aos Óscares 2014 na categoria de Melhor Filme de Animação), do estúdio que trouxe “Zambézia”, conta a história de Khumba, uma zebra com apenas metade das riscas, que se aventura numa viagem iniciática para conquistar as riscas que lhe faltam, quando a sua ‘tribo’ o culpa pela falta de chuva.

Seguindo as mais lineares e fantasiosas histórias de animais falantes, “Khumba” leva-nos na busca da lendária fonte onde as primeiras zebras obtiveram as riscas e, na jornada do seu herói, cruzamo-nos com um estranho naipe de personagens, nos quais se destacam uma gnu super-protectora e um avestruz auto-obcecado. Mas antes de poder reintegrar a ‘tribo’, Khumba terá de defrontar o feroz leopardo que controla a fonte e aterroriza os demais animais.

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Como se pode constatar pela sinopse, estamos na presença de uma narrativa semelhante a tantas outras, onde o underdog ultrapassa as suas deficiências e se ergue como herói entre os seus. E depois de alguns minutos de visualização, podemos desde logo concluir que este “Khumba” não é um filme para ser levado a sério: não podemos esperar personagens memoráveis, nem uma narrativa original e, muito menos, um grande espetáculo visual.

Poderíamos então, desde esse momento, começar a traçar os defeitos que lhe estavam assentes, mas preferimos uma abordagem diferente. É um facto que já vimos isto em qualquer lado, mas este “Khumba” merece um segundo olhar.

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Alicerçado num orçamento diminuto, “Khumba” consegue, mesmo assim, oferecer um visual atraente e colorido, aprofundando a tela com um 3D que joga bem com as formas, sombras e as distâncias para lá do ecrã – é pena que, passado algum tempo, o seu efeito se torne demasiado acessório.

Mas do que vos queríamos mesmo confidenciar é a raridade da sua dobragem.

Quem vos escreve não é – de todo – um adepto efusivo das dobragens nacionais. Por vezes são transições que diminuem a obra a infantilidades e confinam a animação a um reduto (mas importante) âmbito de apreciação: as crianças. No entanto, e mesmo tratando-se de um filme direcionado para uma faixa etária bem definida, a verdade é que a dobragem de “Khumba” nunca é um apêndice desajeitado, mas sim um grande motor por excelência.

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Se por vezes sentimos que há vozes que não encaixam naquele universo, no momento seguinte somos maravilhados por tantas outras que nos fazem mergulhar naquelas manhãs de sábado quando acordávamos mais cedo do que toda a gente e víamos sequências infinitas de desenhos animados. Mas as qualidades não se resumem às vozes, há também muitíssimo bom gosto na seleção do humor e na sua adaptação para a realidade portuguesa (como algumas piadas futebolísticas e políticas – será impossível conter o riso na referência ao ‘compromisso de salvação nacional’). São apontamentos subtis mas que elevam o trabalho de Bruno Ferreira (diretor artístico de dobragem) para uma outra dimensão: tornando a sala de cinema num mágico lugar onde as crianças se divertem à brava e onde os adultos não se divertem menos que elas.

E por muito que “Khumba” seja um objeto modesto, pouco imaginativo, bastante linear e até ‘copião’ (assemelha-se a uma mescla menor de “O Rei Leão” e “Happy Feet”), não há nada que nos impeça de sair da sala com um enorme sorriso nos lábios.

Pode até nem ser uma das grandes longas-metragens animadas do ano, nem ser oriunda de um grande estúdio de animação, mas… alguém estaria à espera que o fosse? É divertido na simplicidade do seu argumento, energético nas suas cores e sonoplastia e, por fim, extremamente carismático quanto aos seus personagens.

E para nós, às vezes isso basta. O menos, neste caso, é mais.

DR

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