© Patrick McElhenney / 2024 Netflix, Inc

Leanne, primeiro episódio em análise

Chuck Lorre (“A Teoria do Big Bang”, 2007-19; “Dois Homens e Meio”, 2003-15), um dos grandes mestres das séries de televisão de comédia americana, está de volta à Netflix com mais uma série. Depois de ter lançado na plataforma “Desajustados” (2017-18) e “O Método Kominsky” (2018-21), Chuck Lorre traz-nos, agora, “Leanne” (2025).

O título desta nova série de 16 episódios de cerca de 20 minutos cada (para já, ainda sem renovação) é homónimo da própria atriz / personagem principal da série, Leanne Morgan. É a segunda vez que tal acontece numa série criada por Chuck Lorre que o fez antes com Cybill Shepherd em “Cybill” (1995-98).

“Leanne” começa com a nossa protagonista a saber que o marido se apaixonou por outra mulher e que quer o divórcio após 33 anos de casamento. Leanne vai contar com o apoio da irmã Carol (Kristen Johnston, que anteriormente interpretou Tammy em “Vida de Mãe”, 2013-21, também de Chuck Lorre), que já passou por dois divórcios.

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Leanne – fazer de um percalço uma comédia

Nos bastidores de "Leanne"
Chuck Lorre, Kristen Johnston e Leanne Morgan nos bastidores de “Leanne” | © Patrick Mcelhenney / 2024 Netflix, Inc

Chuck Lorre regressou à Netflix com uma nova série “Leanne”, estreada no passado dia 31 de julho. A obra tem como co-criadores a protagonista da série Leanne Morgan e Susan McMartin, com quem Lorre já havia trabalhado em “Dois Homens e Meio” e “Vida de Mãe”. McMartin foi produtora e argumentista das séries anteriores. Quanto a Leanne Morgan esta é a sua primeira série, já que ela tem trabalhado enquanto comediante de stand-up.

“Leanne” é uma série bem-disposta e que sabe entreter mas também, de vez em quando, refletir, como nas séries anteriores de Chuck Lorre.

Para quem conhece algumas das séries de Chuck Lorre também conhecerá certamente os seus famosos “vanity cards” [cartões de vaidade]. Estes cartões no final de cada episódio duram 2 segundos mas dão algumas opiniões pessoais do autor sobre a série ou sobre factos quotidianos.

Para lermos os cartões precisamos, claro, de pausar os episódios no momento certo. Muitas vezes leio estes cartões que nos dão logo uma veia pessoal do criador e trazem, regularmente, coisas interessantes. Nas séries que Chuck Lorre tem na televisão aberta, o autor acaba por os repetir entre séries. Aqui, sendo uma série numa plataforma de streaming, tal não é possível.

No primeiro “vanity card” da série, Chuck Lorre explica-nos um pouco o conceito da série. Sabemos, assim, que ele conheceu Leanne Morgan num dos seus espectáculos de stand-up. Ficou encantado com o seu génio de comédia. Mais tarde, reuniu-se com ela na casa dela e percebeu que a fonte da genialidade vinha da sua família. Assim nasceu “Leanne”…

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Um divórcio na menopausa

Leanne
© Patrick McElhenney / 2024 Netflix, Inc

De momento, ainda só vi um episódio de “Leanne” pelo que a minha análise será mesmo das primeiras impressões. Curiosamente, ao ver o trailer, vejo que a série pode ter, de facto, algum potencial e que o primeiro episódio ainda pouco mostra disso: nomeadamente, o facto de Leanne tentar novas relações amorosas após o marido lhe pedir o divórcio.

Nestes 18 minutos que perfazem o primeiro episódio somos introduzidos à nossa personagem e ao seu conflito narrativo. A série começa com a nossa protagonista triste e incrédula, com a sua irmã ao lado dela. Percebemos que ela acabou de saber que o seu marido Bill Murphy lhe pediu o divórcio e, assim, tenta procurar respostas do porquê enquanto, igualmente, recebe conforto da irmã.

A série abre, portanto, de forma direta apresentando-nos logo o problema que constrói a narrativa. Pouco depois, chega o seu filho Tyler (Graham Rogers) que traz o seu neto bebé Bill Jr. Leanne pede-lhe para que ele mude o nome do filho. Sentimos isso simultaneamente como uma graça mas também como uma forma de “aceitar” o divórcio.

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Esconder a verdade

Leanne
© Patrick McElhenney / 2025 Netflix, Inc

A segunda cena continua com as nossas duas protagonistas. Agora, na igreja. Leanne tenta ser forte perante as suas amigas e vizinhas, escondendo o divórcio, mas Carol sabe que ela está a sofrer. Entretanto, conhecemos a filha de Leanne, Josie (Hannah Pilkes), que também ainda não sabe do divórcio dos pais.

De seguida, somos apresentados aos pais (Celia Weston e Blake Clark) das nossas personagens. Também eles ainda não sabem do divórcio da filha e ela tem um pequeno surto quando o pai tanto elogia o agora seu ex-marido. Carol brinca: “Menopausa”.

De regresso a casa, Leanne conta a Josie que se vai divorciar do pai. Incredulamente, Josie não vê o centro do problema e acha que o divórcio lhe fez quem é (mesmo tendo acabado de acontecer).

Na conversa que Leanne e Carol têm no alpendre fica implícita a ideia do que se seguirá nos próximos episódios da série: Carol diz que ela vai encontrar alguém ao que a irmã responde “Estás louca? Não vou namorar.” Se estivéssemos num filme, haveria um excelente corte de montagem aqui caso víssemos Leanne a namorar novamente. Estaríamos perante um crescimento narrativo da personagem que afirma uma coisa e, depois, faz o seu contrário. No entanto, estamos numa série e os tempos são geridos de outra forma… e não há mal nenhum nisso.

Mais tarde, Leanne reencontra o marido Bill (Ryan Stiles) que veio, às escondidas, buscar coisas a casa. É o momento de enfrentarem o final da sua relação já que ele evitou fazê-lo pessoalmente ao pedir-lhe o divórcio por e-mail… Ainda assim, Bill não quer grandes conversas. Esperemos novos desenvolvimentos nos próximos episódios…

Algumas notas mais técnicas de Leanne

© Patrick McElhenney / 2024 Netflix, Inc

Em termos gerais, esta série é uma comédia ligeira mas que nos faz refletir sobre as nossas vidas e sobre as relações amorosas.

A fotografia da série é demasiado igual do princípio ao fim. Se, por um lado, se nota uma iluminação típica de uma série de comédia feita em estúdio, por outro, quase não são usados planos mais fechados. Assim, vemos as nossas personagens quase sempre em planos americanos ou de escala ainda mais larga. É pena, pois perdem-se algumas emoções necessárias que pontuariam os planos mais aproximados.

Por fim, a típica faixa de gargalhadas, por vezes, suja um pouco o som pois nem sempre estamos perante momentos de gargalhada. Aceita-se que exista mas podia ser menos “forçada”.

Em relação aos atores, de facto, as personagens mais secundárias ficam um pouco na sombra. Destacam-se, assim, claro, Leanne Morgan e Kristen Johnston que poderão muito bem sustentar a narrativa da série uma vez que, inclusive, aparecem quase a tempo inteiro juntas.

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Conclusão

  • “Leanne” é a nova série de Chuck Lorre (“A Teoria do Big Bang” e “Dois Homens e Meio”) para a Netflix. Protagonizada por Leanne Morgan, comediante de stand-up, esta é uma série ligeira para ver em família mas que também nos faz refletir um pouco e reavaliar as nossas vidas.
  • A série perde um pouco quando nos força para certos risos, através da faixa de gargalhadas, perdendo-se, por vezes, alguns significados mais sentimentais da narrativa.
  • Não será a melhor série de Chuck Lorre – que, no caso da Netflix, surpreendeu com “O Método Kominsky” – mas tem potencial para ter mais temporadas.
Overall
6.5/10
6.5/10
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