Metal Gear Solid V: Ground Zeroes (PS4) | Análise
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É um dos jogos mais esperados do ano mesmo tendo em conta que estamos perante apenas um prólogo do que será Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Respondendo de imediato às perguntas mais ouvidas: sim, a campanha dura perto de duas horas, e sim, vale mesmo muito a pena jogar este jogo. MGSV:GZ é realmente bom a cada instante, e mesmo sendo curto, proporciona uma experiência tão única e intensa que só pela sua longevidade de enredo não sai desta análise com uma nota superior.
Começando pela longevidade, a campanha durará uma média de duas horas. É verdade que pode ser feita numa simples hora, se souberem tudo o que têm de fazer e se seguirem o caminho mais curto, mas também poderá durar várias horas se quiserem optar por uma maior exploração e caminhos mais longos. E aqui entramos num dos primeiros pontos fortes do jogo, o seu open world. Este é o primeiro MGS “não-linear”, e são tantos os caminhos possíveis que fica a sensação que nunca este jogo será repetitivo, mesmo após ter sido jogado muitas vezes. Com tantas opções em relação aos caminhos, também na forma de actuar e avançar existem várias opções. Nota-se que Kojima tentou dar um passo em frente em relação ao realismo na forma como operamos, e conseguiu.
Para tal, muito contribui um factor: não temos radar. Agora, ao contrário dos anteriores jogos da saga, teremos primeiro de encontrar os inimigos, marcá-los e apenas então saberemos onde estão. Este pequeno detalhe, a juntar ao open world do jogo, transforma toda a jogabilidade. Somos, constantemente, obrigados a avançar lentamente e com atenção a tudo o que acontece à nossa volta. Outro pormenor interessante é o fim da contagem decrescente do tempo após termos sido detetados. Nos anteriores jogos, após sermos descobertos, tínhamos um alerta no ecrã, e apenas após nos termos escondidos durante muito tempo é que a contagem acabava e os inimigos retomavam as suas posições normais. Aqui não temos tal informação, e para a termos devemos ouvir as transmissões de rádio do inimigo. Tudo isto pode parecer estranho aos fãs da série, mas transforma toda a experiência em algo muito melhor. Outra inovação, necessária para não tornar o jogo demasiado difícil, é o facto de o tempo abrandar quando somos detatados, oferecendo uma oportunidade de remediar o nosso erro e matar o guarda antes que o alarme seja disparado.
Em termos gráficos o jogo está muito bom. A versão experimentada é a da PS4 e nota-se um excelente trabalho nos detalhes dos cenários, na meteorologia e nas faces das personagens. A isto alia-se um impressionante trabalho de vozes, que encaixa perfeitamente no que estamos a ver, e ainda uma realização quase perfeita do parte de Kojima. Como sempre, o criador de MGS sabe como deslocar a câmara, como criar suspense em cada cut-scene e prender-nos a cada instante. Todavia, este é um jogo que tem muito menos componente cinematográfica do que o normal. A percentagem de cut-scenes no jogo é bem mais reduzida e deu lugar a um fantástico gameplay, tornando este jogo mais num jogo e menos num filme.
Voltando à jogabilidade, é possível enfrentar este jogo sempre a disparar, avançando sem preocupações e matando os inimigos, mas não será fácil, e provavelmente acabarão por desistir de tal ideia. É notório, desde o início do jogo, que a inteligência artificial está muito melhor, com o inimigo a detetar barulhos e sombras como nunca antes vimos num jogo. Com este salto na IA vem a interação do inimigo com as condições meteorológicas, e acreditem que as alterações entre dia/noite e sol/chuva poderão obrigar-vos a jogar de forma diferente. Tudo muito bem pensado e aumentando o realismo.
Para além da história principal, temos ainda algumas missões secundárias. Estas missões são interessantes, mas não conseguem ter o impato e atmosfera da missão principal, e acreditamos que a grande maioria dos jogadores apenas olhará para estas missões uma vez, mas olhará várias vezes para a missão principal, sempre jogando de forma diferente. É na missão principal que o jogo nos oferece uma atmosfera que deve ser sentida. Este é um jogo que vale pela forma como nos absorve para dentro da televisão. Com um open world muito bem construído, várias condicionantes que nos obrigam a estarmos mais atentos e uma IA melhorada, este jogo consegue oferecer uma atmosfera intensa e que nenhum outro jogo da série conseguiu. Sentimos que a qualquer momento podemos ser apanhados e é isso que faz a diferença e eleva este jogo para novos patamares.
Sendo um prólogo, e sendo feito por Kojima, este é, naturalmente, um jogo que levanta várias perguntas e responde a muito poucas. Este é um prólogo curto mas que será jogado muitas vezes, e será sempre diferente. É intenso e só é pena o final não ser marcante nem nos deixar de boca aberta como os anteriores jogos costumam fazer, mas tudo o que vemos aqui é mesmo muito bom, e parece óbvio que Kojima está no caminho certo, e o próximo MGS V, a sair talvez em 2015, será de certeza um grande jogo.
Kojima oferece um jogo pequeno a um preço pequeno, mas o que oferece é um grande salto na forma como a série poderá seguir e na forma como o jogador sente o próprio jogo.
Pontos fortes:
- Excelente atmosfera
- Grande trabalho gráfico e sonoro
- Open world repleto de opções
- Inteligência artificial melhorada
- Diálogos de grande qualidade
- Ligeiro corte com a jogabilidade dos jogos anteriores torna tudo mais realista
Pontos fracos:
- O enredo é curto, mas é um prólogo e o preço é acessível
Para saberem mais sobre o jogo, cliquem aqui.
LP
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