Monty Python e o Cálice Sagrado – Blu-Ray em Análise

O fenómeno cultural dos Monty Python rebentou no fechar da cortina dos anos 60, e pode dizer-se que se estendeu de muito boa saúde até ao momento em que estiverem a ler esta crítica, seja lá quando isso for. A televisão, o teatro, a literatura, a música e a indústria de jogos renderam-se aos seus encantos, e o Cinema, claro está, também o fez.

 

Volvidos quase 40 anos do seu lançamento nas salas de Cinema, parece um quanto desprovido de sentido dedicar algumas linhas à análise de um título tão icónico como Monty Python e o Cálice Sagrado. Mas a mescla de gana de conquistar novos fãs com o lançamento recente de uma impecável e imperdível versão em blu-ray do clássico do grupo de 6 tipos britânicos que parecem não ser bons da cabeça pareceu-nos uma oportunidade demasiado preciosa para desperdiçar.

No ano de 932 D.C., o rei Artur consegue convencer Sir Lancelot, Sir Galahad e Sir Robin a juntarem-se à irmandade da Távola Redonda. Depois de uma aparição divina, os bravos cavaleiros partem em busca do… wait for it… muito apetecido Cálice sagrado.

A anarquia é a palavra de ordem, bem como uma completa e consciente indiferença às convenções da estrutura de um enredo e um desinteresse em manter os acertos técnicos a rédea curta. Afinal, ninguém quer ver os Monty Python na procura de um Cinema tecnicamente perfeito e correto. O que procuramos é rir, rir e rir e depois, rir mais um pouco se possível, das coisas mais disparatadas com as quais nos possamos defrontar. Admirar este Cálice é, no fundo, abraçar o absurdo. Mas um absurdo inteligente, capaz de contornar todas as dificuldades.

Pode começar a parecer que aqui na Magazine-HD temos uma obrigação contratual que nos força a dizer que todos os Blu-Rays da Sony são de excelência… mas a verdade é que não, não temos qualquer obrigação, e sim, as transferências são mesmo fantásticas.

Devemos relembrar que o Cálice Sagrado não só foi filmado com um orçamento mínimo, como o tempo também não foi o seu melhor amigo, sendo que a sua preservação não foi de facto a melhor. Esta transferência derradeira deverá ser a melhor versão do filme na qual poderemos por as mãos.

A imagem é enquadrada em 1.66:1 e as cores estão mais fortes do que nunca. O grão é diminuído até ao ponto certo (nunca desaparecendo) e o contraste é forte e vigoroso, sendo especialmente apreciado em cenas em close-up e planos médios.

O som surge numa trilha 5.1 DTS-HD MA quase imaculado – as músicas soam de uma forma muito mais ampla e os diálogos são bastante claros.

Contudo não queremos aqui enganar ninguém: se há razão para juntar este ícone à vossa coleção (além da razão óbvia de serem *OS* monty python) essa razão tem um nome – extras.

Um paraíso de extras, para ser mais correta.

Da edição anterior foram transportados muitos elementos: os ‘Cintilantes Comentários de Terry Gilliam & Terry Jones’ e ‘Comentários Ainda Mais Reveladores de John Cleese, Eric Idle e Michael Palin’, que oferecem comentários hilariantes dos Python sobre a produção do Cálice Sagrado; ‘Os Exteriores de Em Busca do Cálice Sagrado" é um featurette que segue Michael Paln e Terry Jones na visita de alguns dos locais de flmagem mais icónicos do Cálice Sagrado; ‘Os Cavaleiros da Távora Redonda em LEGO’ traz-nos uma inventiva recriação que dispensa esclarecimentos; ‘Como Usar os Seus Cocos’ é uma curta-metragem educativa que reflete sobre os vários e inovadores usos dos cocos; a ‘Versão Japonesa Especial’ contém duas cenas do filme dobradas em japonês e traduzidas em inglês nas legendas; o ‘BBC Film Night em Exteriores’ compila entrevistas ao elenco com filmagens no set em 1974; ‘Três Canções em Sing-Along’ oferecem-nos a versão karaoke de Knights of the Round Table, Sir Robin, e Monks" Chant; e por fim temos a ‘Galeria Fotográfica com a Lista dos Atores’.

Mas há mais, meus amigos, e mais importante – temos material novo. Nesta categoria podemos incluir ‘A Segunda Experiência Cinematográfica do Livro Sagrado dos Dias’, uma aplicação de iPad que recria os 28 dias de filmagem com outtakes, stills, sketches e sons nunca antes vistos; as ‘Animações Perdidas com Introdução por Terry Gilliam’ dá-nos um olhar privado sobre a série de animações que acabaram por não aparecer no produto final; e ‘Outtakes e Cenas Aumentadas com Introdução de Terry Jones’ que, suspeitamos, sejam todas as cenas que eram demasiado palermas para aparecer na versão final… ou daí talvez não.

Apreciar este Cálice e o trabalho de Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Gilliam e Terry Jones é, no que a Comédia diz respeito, encontrar o pote de ouro no final do arco-íris. E não encontrar este clássico do humor nas vossas prateleiras, é simplesmente criminoso.