Mr. Robot | Primeiras Impressões T1

Mr. Robot é puro ecstasy cibernético para as mentes menos “digitalizadas”.

Mr. Robot pode soar a um mega cliché nos dias de hoje – em que somos açambarcados por esta cultura self-made geek de inputs e outputs de pixeis e teclados sempre online -, mas se a isso ainda adicionarmos o vetor mega conspiração, então aí é que ficamos com demasiados conceitos megalómanos para a nossa mente lenta processar. Para a maioria de vocês, sobretudo os mais cotas  (“no hard feelings”), aceitar que o mundo vai cavalgando a passos largos para a sua virtualização, não é notícia que se assimile de ânimo leve. Mas eles andam por aí, aqueles que aceitaram o outro cosmos, os piratas do ciberespaço, que sabem tudo sobre todos, que podem tudo contra todos, porque já não podemos ser só humanos sem existirmos digitalmente.

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E é com estas assunções e presunções arrojadas de tablóide, que Elliot (Rami Malek) – uma espécie de “Neo” antes da sua libertação digital – nos dá as boas-vindas a este universo obscuro do pirateamento informático. A personagem de Elliot, num primeiro contacto, até gera alguma antipatia devido ao seu olhar esbugalhado e expressões faciais robotizadas no sentido mais anti-emocional, mas logo nos cativa com os monólogos introspetivos dotados de um timbre de voz reconfortante, que bem poderia corresponder a um qualquer cavaleiro de copas. É fácil de adivinhar, portanto, que Elliot seja recluso da sua própria solidão social, expressando-se melhor no colóquio codificado com a máquina, que aceita todos os seus comandos sem reservas.

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Curiosamente, é na demanda por essa exploração do lado não verbal – pelo menos nos moldes convencionais – que Mr. Robot revela toda a sua proficiência e engenho, permitindo o acesso “in loco” aos  pensamentos mudos de Elliot para logo nos sentirmos como os felizes contemplados ao seu próprio “hacking” mental à “borlieux”. Sim, porque os “hackers” serão sempre conotados  como os eternos ladrões delinquentes da “Web”, mas Mr. Robot tenta pintar um quadro mais pitoresco destes piratas de símbolos e números, colocando Elliot no passadiço noctívago de um justiceiro tecnológico com um coração de Robin dos Bosques.

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Até se percebe que Elliot não queira jogar com a sua vida totalmente pelo seguro, não quando se é um “geek” de secretária sedentarizado por uma respeitável empresa de segurança cibernética (AllSafe), e mesmo que o rótulo de crânio “All Star” lhe possa oferecer “kudos” junto do “boss” Gideon (Michel Gill) e da colega “in help” Angela (Portia Doubleday), é Mr.Robot (Christian Slater) – um “hacker” pseudo vagabundo -, que incita Elliot a voos mais altos. E que voos são esses, perguntam voçês? Bem, eles – a irmandade dos “hackers” – que até assina com o cognome de “FSociety” como se estivessem nas tintas para todos vocês, afinal pretende arruinar o papão multinacional responsável pela pobreza no mundo, uma tal de “EvilCorp.” E Elliot é a nova coqueluche do dedilhado eletrónico capaz de levar avante essa missão filantrópica, libertando o comum mortal das garras dos vilões de fato e gravata que sugam as carteiras da arraia miúda.

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Mr. Robot é uma abordagem ousada e sensível ao universo dos saqueadores virtuais; um olhar intimista e profundo às crenças, motivações e, sobretudo, disfunções psicológicas que ajudam a desmistificar o génio destas mentes brilhantes amaldiçoadas. Mr. Robot não podia ser mais pertinente e obrigatório, mais perverso e pragmático, numa era em que as nossas vidas são cada vez menos nossas, e cada vez mais deles.

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MS


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