MOTELX 2025 | Opus – Análise
A 19ª edição do MOTEL X, o festival de cinema de terror de Lisboa, tem entre os títulos mais comentados o filme Opus, uma produção da A24 realizada por Mark Anthony Green (ex-editor da GQ Magazine).
O enredo centra-se em Ariel (Ayo Edebiri), uma jornalista musical em ascenção que recebe um convite exclusivo. Trata-se do lendário cantor Alfred Moretti (John Malkovich), desaparecido da vida pública há três décadas, que está de volta com um novo álbum e convida um grupo seleto de pessoas para uma sessão privada no seu luxuoso refúgio remoto. Ariel, juntamente com outros convidados, começam a questionar a natureza da comunidade de Moretti, que se revela como um culto. A oportunidade de carreira transforma-se rapidamente num filme de terror.
Quais são os pontos fortes de Opus?
O filme é sem dúvida divertido quando aproveita a sua premissa excêntrica e o epílogo, em particular, oferece uma reflexão, ainda que superficial, bastante atual sobre o “culto da personalidade” na era das redes sociais.
O maior trunfo é, no entanto, o elenco. A ascensão de Ayo Edebiri a estrela nos últimos anos é justificada mais uma vez aqui, com a atriz a mostrar a sua veia cómica e natural vulnerabilidade, enquanto John Malkovich, mesmo num registo já conhecido, continua a ser uma presença magnética. O elenco secundário é também sólido, com Murray Bartlett (excelente em The White Lotus) e Juliette Lewis como colegas de profissão mais experientes que Ariel, mas comicamente impressionados pelo estatuto e celebridade de Moretti.
Quais são os pontos fracos do filme?
Apesar destes pontos fortes, Opus acaba por ser um filme pouco marcante. O grande problema é a previsibilidade do enredo, que segue uma fórmula que já vimos em filmes recentes do mesmo género como O Menu e Midsommar. Os momentos de tensão e as reviravoltas são óbvios desde o início, e os comentários sobre jornalismo, pop stars e o comportamento dos fãs são ideias óbvias e pouco originais. A ambição de crítica social dilui-se assim numa repetição de lugares-comuns.
Além disso, a personagem de Moretti nunca convence como um ícone musical de culto, parecendo mais uma coleção de tiques do que uma pessoa real, o que mina a credibilidade do filme. Nem a sua música é particularmente distinta. No final de contas, Opus é uma experiência passageira e tépida.
Nota: 5/10
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