Peter Bogdanovich | Kathy Hutchins / Shutterstock.com

Peter Bogdanovich (1939 – 2022) | Adeus a um dos grandes de Hollywood

Peter Bogdanovich, um dos cineastas associados à Nova Hollywood dos anos 60 e 70, faleceu aos 82 anos de causas naturais. 

Peter Bogdanovich morreu de causas naturais na manhã do dia 6 de janeiro, conforme informou a sua filha Antonia ao meio de comunicação The Hollywood Reporter. O realizador, crítico e historiador de cinema estava em sua casa em Los Angeles e tinha 82 anos.

Nascido na cidade de Kingston, nos EUA, Peter Bogdanovich era filho de judeus austríacos, que fugiram às perseguições nazistas. A sua paixão pelo cinema levou-o a trabalhar como crítico e contactar com alguns dos maiores nomes da indústria de Hollywood, que viriam a tornar-se seus amigos, como Frank Capra, King Vidor, Cary Grant, John Ford ou Orson Welles.

Apesar de idolatrar os trabalhos desses grandes artistas, e prestar-lhes homenagem no seu cinema, a obra de Peter Bogdanovich pertence à Nova Hollywood, um movimento que para muitos iniciou-se com “Bonnie & Clyde” em 1967 . Contudo, mais do que os seus contemporâneos como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Arthur Penn, William Friedkin, Brian DePalma, George Lucas, Michael Cimino ou Steven Spielberg, foi Peter Bogdanovich o responsável por estabelecer a ponte entre o cinema clássico e uma nova América. Para perceber o seu cinema é preciso ver o que está por detrás dele.

Com uma memória sobrenatural, um discurso sempre inteligente e até malandro, Peter Bogdanovich conta com uma obra recheada de obras de arte. Entre elas encontramos “A Última Sessão” (1971), onde abriu as portas a jovens talentosos como Jeff Bridges; “Que se Passa Doutor” (1972), num discurso familiar à screwball comedy e a Howard Hawks; ou “Lua de Papel” (1973), onde colocou Ryan O’Neal e Tatum O’Neal – pai e filha na vida real – em confronto.

“A Última Sessão” é mesmo a sua magnus opus, e valeu-lhe duas nomeações para os Óscares da Academia, como Melhor Realizador e Melhor Argumento Adaptado. Perdeu ambas, mas o filme foi acalmado nas categorias de Melhor Ator Secundário (para Ben Johnson) e Melhor Atriz Secundária (para Cloris Leachman). O monólogo de Sam, a quem dá vida Ben Johnson é um dos mais potentes da história do cinema.

Peter Bogdanovich amava Hollywood e para além de querer mostrá-lo na arte das imagens em movimento, também fê-lo pela escrita. Bogdanovich foi, na verdade, o primeiro crítico de cinema americano a seguir o caminho dos seus colegas da Nouvelle Vague francesa. Era um autor e foi graças a ele que a Nova Hollywood começou a ser levada a sério. Contudo o seu percurso nem sempre foi um mar de rosas e esteve durante muito tempo cercado por escândalos e até falências.

Curiosamente, tem uma conexão muito forte com o próprio Orson Welles, que o contratou para “O Outro Lado do Vento”, longa-metragem rodada entre 1970 e 1976 e que Bogdanovich ajudou a terminar em 2018, após ter encomendando mais de 100 horas de material. Como documentarista, o seu mais recente trabalho estreou em 2019 e intitula-se “The Great Buster“, a sua homenagem à comédia de Buster Keaton.

“O Outro Lado do Vento” está atualmente disponível no catálogo da Netflix Portugal. Muitos dos filmes de Peter Bogdanovich estão disponíveis no mercado de DVD. 



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