Psicopatas no Cinema | Parte 1

 

“O psicopata não deve ser confundido com o psicótico – doente mental que sofre de Psicose, onde se verifica um grave afastamento e perda de contacto com a realidade. A Psicopatia é um distúrbio da personalidade que se caracteriza por uma falta anormal de empatia e conduta amoral (muitas vezes) mascarada por uma capacidade do indivíduo de se fazer passar por normal. O psicopata define-se como alguém que procura continuamente a gratificação psicológica, sexual, ou impulsos agressivos e é incapaz de aprender com os erros do passado.”

São uma jóia da coroa para Hollywood, e não raras vezes geradores de interpretações altamente reconhecidas. O psicopata tradicional da sétima arte é o vilão da história exibindo características como inteligência refinada, gosto pela arte e outros estímulos intelectuais, comportamento caracterizado pela vaidade, atitude calma, calculista e controlada e planeamento minucioso das suas ações.

A propósito da chegada breve do Halloween, neste post (dividido em duas partes) partilharemos convosco alguns dos psicopatas mais memoráveis já passaram pelo grande ecrã. Sem ordem específica de preferência, todos eles obedecem a dois grandes critérios:

1. A performance deve ser duradoura, marcante e importante, querendo isto dizer que prevaleceu/prevalecerá na memória dos espectadores ao longo de várias gerações;
2. Os indivíduos deverão ser verdadeiramente dementes mas, ainda assim, fascinantes e interessantes de ver e observar: alguém que nos meta medo mas, ao mesmo tempo, seja “cool” à sua maneira.

Posto isto e sem mais demoras… a lista.

 

NORMAN BATES | PSICO (1960)

normanbates

Quem lhe deu vida: Anthony Perkins
Porquê na lista? Talvez aquele que esteja mais associado ao termo “psicopata” seja mesmo Norman Bates. Fingia que era a mãe e vestia as suas roupas, guardava o cadáver dela em casa, matava mulheres no chuveiro, tinha um hotel no meio do nada… Este é um bom conjuntinho para ter entrada directa nesta lista. Pelas mãos do mestre Alfred Hitchcock, Anthony Perkins encarnou o psicopata com mestria, sendo a sua atuação tão marcante que passamos por um turbilhão de emoções ao ponto de simpatizar com Bates no início e odiá-lo e temê-lo no final. Desafiam-se todos os leitores a assistir ao filme e a experimentar tomar um bom duche depois.
Pérolas: “We all go a little mad sometimes”; “A boy’s best friend is his mother
Reconhecimento: Norman Bates ficou em 4º lugar (Premiere americana) e em 80º (Emipre britânica) no ranking dos 100 melhores e mais marcantes personagens de cinema de todos os tempos.

 

ALEX DeLARGE | LARANJA MECÂNICA (1971)

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Quem lhe deu vida: Malcom McDowell
Porquê na lista? O narrador ultraviolento de LARANJA MECÂNICA é psicótico até à pontinha dos cabelos. Depois de matarr, violar e beber leite com drogas, Alex é preso e submetido a um tratamento de choque para se ver livre da sua natureza violenta. Tão enamorado consigo mesmo e com o seu estilo de vida deplorável e louco, é também um intelectual e conhecedor da arte. No final do filme até nos aparece curado… ou será que não?
Pérolas: “The Korova milkbar sold milk-plus, milk plus vellocet or synthemesc or drencrom, which is what we were drinking. This would sharpen you up and make you ready for a bit of the old ultra-violence”; “Viddy well, little brother. Viddy well”.
Reconhecimento: Alex DeLarge ficou em 68º lugar (Premiere americana) e 42º lugar (Emipre britânica) no ranking dos 100 melhores e mais marcantes personagens de cinema de todos os tempos. A performance de Malcom McDowell é a nº 100 das 100 melhores performances em cinema de todos os tempos (Premiere americana).

 

HANNIBAL LECTER | SILÊNCIO DOS INOCENTES (1991)

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Quem lhe deu vida: Anthony Hopkins
Porquê na lista? Com o seu fino gosto por vinho e partes humanas, discurso eloquente e olhar penetrante Hannibal Lecter é um dos mais infames psicopatas que já passaram pelo grande ecrã. Um homem de alta educação, capaz de comer os nossos fígados com favas e vinho. O que ainda é mais espantoso é que Lecter tem um total de apenas 17 minutos em cena – mais que suficiente para arrepiar qualquer espectador.
Pérolas: “Good evening Clarice”; “A census taker once tried to test me. I ate his liver with some fava beans and a nice chianti
Reconhecimento: Hannibal Lecter ficou em 15º lugar (Premiere americana) e 5º lugar (Emipre britânica) no ranking dos 100 melhores e mais marcantes personagens de cinema de todos os tempos. A performance de Hopkins é a nº 70 das 100 melhores performances em cinema de todos os tempos (Premiere americana), e esta valeu-lhe em 1992 um Óscar da Academia.

 

PATRICK BATEMAN | PSICOPATA AMERICANO (2000)

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Quem lhe deu vida: Christian Bale
Porquê na lista? Patrick Bateman é um homem completamente banal e superficial: um obcecado pelo corpo (sorri para o espelho enquanto se exercita) que espelha os homens de negócios de Wall Street dos anos 80 que enfrentavam um mercado violento e que toma o dizer “apunhalado pelas costas” de forma um pouco literal. Adora música, bons restaurantes e, claro, matar prostitutas. Bateman vive no núcleo de uma cultura tão doente como ele próprio: não faz segredo dos seus hobbies amorais. Todavia, toda a gente à sua volta está tão ocupada e obcecada que não presta atenção.
Pérolas: “I like to dissect girls. Did you know I’m utterly insane?“; “I’m into murders and executions, mostly

 

ANNIE WILKES | MISERY – O CAPÍTULO FINAL (1990)

misery

Quem lhe deu vida: Kathy Bates
Porquê na lista? Annie é uma fã fanática (perdoe-se a redundância) do autor Paul Sheldon que tenta finalizar a sua série de livros cuja personagem central é Misery. Ela é uma conturbada ex-enfermeira com antecedentes criminais por matar bebés que acha que foi salva pela série de livros do escritor. Mas a sua obsessão ultrapassa qualquer padrão da normalidade, e quer consideremos que o aprisionamento do autor seja uma espécie de prémio pela sua devoção ou um incentivo à escrita do romance em falta, Annie é completamente louca e perturbadora. O génio da performance de Bates reside no equilíbrio que se perde num piscar de olhos, entre a alegria doce e a raiva demoníaca.
Pérolas: “God I love you”; “I am your number one fan. There is nothing to worry about. You are going to be just fine. I am your number one fan
Reconhecimento: A performance de Kathy Bates valeu-lhe em 1990 um Oscar da Academia (Melhor Actriz Principal).

 

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