©Queer Lisboa

Queer Lisboa 2025 | Lesbian Space Princess – Análise

Entre os dias 19 e 27 de setembro, regressa a Lisboa o festival de cinema mais antigo da capital. Falamos, claro, do Queer Lisboa. Depois de uma inauguração em grande, visitamos a Competição de Longas-Metragens com a amistosa comédia animada “Lesbian Space Princess”.

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Da Austrália chega: um coming of age lésbico animado

Duas autoras importantes na cena queer australiana, Emma Hough Hobbs e Leela Varghese, assinam a longa “Lesbian Space Princess”, um invulgar coming of age animado. No centro da narrativa temos Saira, uma princesa espacial introvertida com uma auto-estima muito frágil.

Saira é nativa e a princesa do planeta Ctilopolis (descrito repetidamente como “famously hard to find” – “difícil de encontrar”). Este é o planeta por excelência das lésbicas, onde homens hetero não são senão uma memória longínqua do passado.

Space Princess Queer Lisboa
©We Made A Thing Studios

A jornada da heroína de Saira começa quando a sua egocêntrica ex-namorada Kiki é raptada. Agora, a tímida e receosa princesa terá de partir numa missão “inter-gay-láctica” para salvar a sua amante das garras de um grupo de “toxic white males”. Estes “Machos Brancos Heterossexuais Extraterrestres” são também eles uma coisa do passado, neste universo onde a homossexualidade venceu, mas eis que Saira terá de se confrontar com comportamento típico do século XXI.

“Lesbian Space Princess” é uma comédia animada divertida e extremamente “raunchy”, à semelhança de narrativas animadas em 2D como “Family Guy” ou, ainda mais próximo”, “Rick & Morty“. Ou seja, as piadas são abertamente provocadoras e o humor faz alusões sexuais constantes.

Em geral, as piadas assentam a esta narrativa como uma luva (quem não aprecia uma alusão a “Straight White Malians”?). Há trocadilhos linguísticos abundantes, alusivos a todo o tipo de matérias, nomeadamente questões identitárias e de género.

Lá está, no fundo, com “Lesbian Space Princess”, é como se tivéssemos direito a uma série produzida pela “Adult Swim”, mas politicamente correta, inclusiva, e sem piadas que sejam pejorativas para o sexo feminino e população queer.

Além disso, a longa-metragem animada de ficção científica é também um romance, introduzindo a certa altura um novo interesse romântico na vida da princesa, a alegre e positiva Willow, que contrasta em todos os aspectos com a personalidade de Saira e que não deixa, no entanto, de contribuir largamente para o seu crescimento pessoal.

Lesbian Space Princess  no Queer Lisboa: adeus machos tóxicos

Outro trunfo de “Lesbian Space Princess” é o facto da obra ser também, para lá de tudo o resto, um musical com um conjunto encantador de canções originais, algumas delas interpretadas pela jubilante Willow, com destaque para a divertida e auto-referencial canção que fecha o filme.

“Lesbian Space Princess” não é perfeito, tem um final abrupto e deixa muitas coisas por responder no que diz respeito à vida de Saira, seja romântica ou pessoal, junto das suas mães. Mas equilibra-se com o seu humor inteligente, nomeadamente a sua capacidade de brincar com estereótipos lésbicos, aqueles que ditam que as paixões são demasiado rápidas e que as relações avançam à velocidade da luz.

A figura do macho tóxico é também escrutinada e a resposta para o final dos padrões danosos destes homens é maravilhosa (e não ousamos revelar tal spoiler).

O filme tem de tudo um pouco – é um musical, uma comédia adulta, uma obra de animação e uma longa queer que inverte um conjunto vasto de estereótipos.

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Quanto ao Queer Lisboa, a sua 29.ª edição continua na capital até ao dia 27 de setembro e cá estaremos para garantir a cobertura de mais uma excelente programação!

CONCLUSÃO

“Lesbian Space Princess” tem de tudo um pouco: é um musical, uma comédia adulta, uma obra de animação e uma longa queer que subverte e dá nova vida a  um conjunto vasto de estereótipos.

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