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Quentin Tarantino adora este western considerado o mais devastador da história do cinema

Se há um filme que Quentin Tarantino desejaria ter feito seria um obscuro e sangrento western italiano que poucos ousaram terminar.

O cinema é um cemitério de influências. Algumas são óbvias, como os tributos descarados de Quentin Tarantino a “City on Fire” ou “Lady Snowblood“. Outras, porém, são mais subtis—como um faroeste esquecido dos anos 60 que moldou não só “The Hateful Eight“, mas toda a filosofia cinematográfica do realizador. Não falamos de Sergio Leone. Não falamos de Clint Eastwood. Falamos de Sergio Corbucci que tem um filme tão brutal que até Tarantino hesitou em copiá-lo por completo.

Porquê? Porque este não é um western sobre heróis. É um filme sobre fracasso, vingança e, acima de tudo, silêncio—um silêncio que ecoa em cada plano de “The Hateful Eight”. E se Quentin Tarantino o venera, talvez seja hora de perguntar: o que há neste filme que até um mestre da violência considera demais?

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O faroeste que Quentin Tarantino não teve coragem de filmar

Quentin Tarantino
Crédito editorial: Denis Makarenko / Shutterstock.com (ID: 2206316977)

Em 1968, Sergio Corbucci—o “outro Sergio” do spaghetti western—lançou “Il Grande Silenzio” (O Grande Silêncio), um filme tão brutal quanto poeticamente desesperançado. Ao contrário dos heróis cínico-charros de Leone, aqui não há redenção. Só neve, sangue e um silêncio que corta como uma navalha.

Assim, Tarantino fala da sua inspiração à The New York Times e a influência vai além da narrativa. A fotografia gelada de “Hateful Eight”, com os seus close ups em rostos marcados pelo ódio, é um tributo direto a Corbucci. E aqui está o detalhe genial: enquanto Leone usava desertos, Corbucci escolheu a neve—um cenário que transforma a violência em algo quase elegíaco.

O final? Ah, o final. Sem spoilers, mas digamos que “Hateful Eight” é uma versão light do que Corbucci fez. Num género inegavelmente conhecido por duelos épicos, “Il Grande Silenzio” opta por um desfecho que desafia o próprio conceito de justiça. Quentin Tarantino, em “Kill Bill“, deixou Beatrix Kid vingada. Corbucci? Nem tanto.

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Por que este filme ainda assombra o cinema moderno?

Il Grande Silenzio
© Le Films Corona

A resposta está no seu niilismo. Enquanto “The Good, the Bad and the Ugly” brinca com a moralidade, “Il Grande Silenzio” nega-a. Silenzio (Jean-Louis Trintignant), o protagonista mudo, é inegavelmente um anti-herói que falha. Loco (Kinski) é um vilão que vence. E a neve? A neve cobre tudo, como se a natureza risse da insignificância humana.

Assim, curiosamente, o filme foi um fracasso em 1968. Mas décadas depois, tornou-se culto—não só por Quentin Tarantino, mas por realizadores como Alejandro González Iñárritu (The Revenant) e os irmãos Coen (No Country for Old Men).

A lição? Às vezes, a arte precisa de tempo para ser entendida.

Já conhecias “Il Grande Silenzio”? Deixa a tua opinião do filme nos comentários.



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