Radiolab, a crítica | Um podcast para começar pelo princípio
Se já existissem óscares para os melhores podcasts, o “Radiolab” ganharia o prémio de melhor produção, investigação e narração.
Produzido pelos WNYC Studios, o “Radiolab” foi um dos pioneiro no formato de Podcast e inspirou muitos programas que se seguiram. Criado por Jad Abumrad em 2002, durante 20 anos o programa abordou temas de ciência, história, filosofia ou política, de uma forma inovadora, criativa e com muito humor à mistura.
E o Óscar de Melhor Podcast vai para: Radiolab
O “Radiolab” era, e ainda é, um programa de rádio, mas foi, desde o seu início, muito além da reportagem ou do documentário. Segundo o seu site oficial, é um “curiosity bender”, que usa todos os meios possíveis e imaginados, para contar uma boa história.
A ideia original partiu de Jad Abumrad, que se descreve a si próprio como um músico que compõe histórias para serem ouvidas. Do outro lado da mesa estava Robert Krulwich, que tem um talento especial para ouvir as conversas alheias e descobrir uma boa história.
Qual o melhor episódio?
É difícil escolher qual é o melhor episódio – são mais de 20 anos a ouvir coisas boas, mas alguns ficaram na minha memória. O “Apocalyptical” é o que mais se destaca por ser ter gravado ao vivo, num palco com músicos, efeitos sonoros, projeção de imagens e uns estranhos animais.
Gravado em 2013, durante mais de 2 horas, Jad, Robert contam, com muito humor, mas com base científica, a história da formação do universo, da extinção (ou talvez não) dos dinossauros e do fim do mundo. É uma espécie de concerto de ciência.
Outro dos meus favoritos começa com Robert a contar que, durante um voo conheceu alguém que criava crocodilos numa banheira na cave de sua casa. Ou outro em que procuraram resposta para uma simples pergunta: qual foi a primeira palavra que o ser humano proferiu, em toda a humanidade e em todos os povos, desde a Pré-história.
Onde ouvir, quando e como?
Podes ouvir o podcast em qualquer das plataformas habituais. Se quiseres percorrer o arquivo, no site Radiolab.org encontram-se alguns programas, sendo os mais antigos de 2007, mas não estão numerados. No Spotify, podes ouvir todos, desde 2006. Aliás, num dos mais antigos, transmitido em maio de 2006, incluem um excerto de uma entrevista com o neurologista português António Damásio.
Ao longo dos anos, o podcast deu origem a outros projetos paralelos e os narradores iniciais deram lugar a outra equipa. Hoje “Radiolab” é apresentado por Lulu Miller e a Latif Nasser. O espírito crítico, o humor e a qualidade mantém-se, mas é difícil igualar as personalidades de Robert e de Jad.
Todas as semanas sai um novo episódio e cada um dura cerca de 1 hora, mas demora meses a ser produzido. Para narrar a história, a equipa faz as coisas mais inusitadas ou vai até ao outro lado do mundo, se for preciso. Num episódio recente, sobre a erupção do vulcão Vesúvio e a tragédia de Pompeia, Latif queixava-se como era difícil comprar sardinhas frescas em Nova Iorque!
O programa, que sempre lutou contra as dificuldades financeiras, sobrevive graças a um imenso grupo de fãs em todo o mundo e continua a vencer os mais prestigiados prémios de comunicação norte-americanos.
É para ouvir com tempo e atenção. Já conhecias?
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