Rebecca Ferguson revela os bastidores tóxicos de Hollywood
Rebecca Ferguson é um nome sinónimo de talento, intensidade e uma pontaria cirúrgica para escolher papéis em produções que fazem o público prender a respiração, de Mission: Impossible a Dune. Mas desta vez, o que fez o mundo prender o fôlego não foi um papel, foi uma história real de bastidores que voltou à tona.
Porque às vezes, Hollywood é menos glamorosa do que o tapete vermelho quer fazer crer.
O que disse Rebecca Ferguson sobre um “idiota absoluto”?
Em entrevista recente ao The Sunday Times, a atriz sueca voltou a mencionar, sem nunca revelar o nome, o ator que lhe terá tornado o trabalho num autêntico inferno. Um “idiota absoluto”, nas suas palavras. “Outras pessoas que trabalharam com essa pessoa também tiveram uma experiência de m***a”, disse Rebecca Ferguson, com a franqueza desarmante que a caracteriza. “Mas a situação era complicada, e eu também não aplaudo o meu próprio comportamento nisso.”
Esta nova entrevista vem um ano depois de Ferguson ter contado no podcast Reign with Josh Smith que o colega a humilhava publicamente, dizendo-lhe frases como: “Chamas-te atriz?” e “Isto é o que eu tenho de aguentar?”. Segundo Rebecca Ferguson, chegou a “partir-se por dentro” antes de, finalmente, enfrentar o agressor: “Olhei para essa pessoa e disse: ‘Podes ir-te f****. Vou trabalhar com uma bola de ténis. Nunca mais quero ver-te.’”
A coragem de Ferguson tornou-se viral, especialmente quando ela revelou a reação da produção: “Os produtores disseram-me: ‘Não podes fazer isto ao número um. Essa pessoa tem de estar no set.’” Uma lembrança de como, em Hollywood, o poder ainda dita quem se pode defender. Importa recordar que Ferguson já esclareceu não estar a referir-se a Hugh Jackman, Tom Cruise ou Ryan Reynolds, os seus parceiros em The Greatest Showman, Mission: Impossible e Life, respetivamente.
O que diz isto sobre Hollywood?
Não é apenas mais um drama de bastidores. É uma história sobre como a indústria cinematográfica continua a proteger “números um” tóxicos, enquanto normaliza comportamentos abusivos. Rebecca Ferguson não é a primeira a expor o lado sombrio de um set, nomes como Brendan Fraser, Megan Fox ou Ray Fisher já o fizeram antes, mas há algo de particularmente humano na forma como ela o conta.
“É um mundo muito complicado”, explicou Rebecca Ferguson ao Times. “Quando começamos a defender-nos, é difícil. Eles despedem-te e dão o trabalho a outra pessoa.” A frase soa como uma confissão, mas também como um diagnóstico clínico de um sistema que recompensa o ego e castiga a vulnerabilidade.
Curiosamente, a entrevista surge na véspera da estreia do seu novo filme, A House of Dynamite, um thriller de Kathryn Bigelow que fala sobre poder, destruição e ética num mundo à beira do colapso. As coincidências não se perdem em quem a acompanha de perto: Ferguson parece ter transformado a dor real numa força artística palpável. E talvez seja por isso que o público a adora, porque, num mar de discursos polidos e respostas ensaiadas, Rebecca Ferguson fala com alma.
O impacto de Rebecca Ferguson
O fascínio à volta de Rebecca Ferguson não está apenas na curiosidade mórbida de “quem será o idiota?”. Está no facto de ela ter dito aquilo que muitos atores, técnicos e profissionais da indústria gostariam de dizer e não podem.
Assim, em tempos em que Hollywood ainda digere movimentos como o #MeToo, declarações como as dela lembram que o abuso no set não acabou, apenas mudou de forma. Mas quando uma atriz do calibre de Ferguson diz publicamente que não se arrepende de ter enfrentado o agressor, algo muda na cultura.
É por isso que este episódio, para lá dos mexericos, ecoa: porque lembra que até nas maiores produções há espaço, e necessidade, de integridade. Rebecca Ferguson pode ter enfrentado um “idiota absoluto”, mas fez algo ainda mais difícil: enfrentou o próprio medo. E, convenhamos, esse é o papel mais heroico de todos.