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Ridley Scott critica os filmes modernos de Hollywood

Ridley Scott não é homem de panos quentes. O realizador de Blade Runner, Alien e Gladiador voltou a abrir a boca. E, previsivelmente, Hollywood voltou a engasgar-se.

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Hollywood está mesmo a afogar-se em mediocridade?

Ridley Scott
© Fred Duval via Shutterstock.com, ID 2390104097

Durante uma conversa no BFI Southbank em Londres, reportada pelo Metro, o realizador britânico fez aquilo que faz melhor depois de filmar, criticar a indústria que o tornou lenda.  Ridley Scott foi direto ao osso: “A quantidade de filmes que se fazem hoje, literalmente, globalmente — milhões. Não milhares, milhões… e a maioria é uma m***a.” Não é difícil perceber o ponto.

O problema, segundo o cineasta, não está na tecnologia, mas na base: “Os filmes são muitas vezes ‘salvos’ pelos efeitos digitais porque não há uma grande ideia no papel primeiro.” E quando o próprio Ridley Scott, um homem com 87 anos e uma carreira que inclui Thelma & Louise e Black Hawk Down, decide começar a rever os seus próprios filmes porque “não encontra nada de bom para ver”, talvez devêssemos ouvir.

“Comecei a ver os meus filmes,” confessou. “E, na verdade, são bastante bons! E não envelhecem.” Modesto, não é. Mas quem viu Alien recentemente sabe que ele tem um ponto. Num mundo onde cada blockbuster parece uma variação da mesma estrutura narrativa, a frustração de Scott soa quase comovente, um general veterano a olhar para o campo de batalha e a perguntar: “O que é que aconteceu ao cinema?”

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O que está por trás deste desabafo de Ridley Scott?

Russel Crowe em Gladiador
© Universal Pictures

Este não é um caso isolado. Channing Tatum também desabafou recentemente no Hot Ones: “Às vezes, parece que és incentivado a fazer coisas más só para ser pago.” É uma frase que podia ter saído de um filme distópico como Blade Runner, se o filme fosse sobre a decadência do cinema.

O problema, dizem vários realizadores, é que a linha entre cinema e conteúdo ficou desfocada. Ridley Scott pode soar rabugento, mas talvez só esteja a gritar no deserto. Hollywood tornou-se uma máquina tão dependente de fórmulas e sagas que a própria ideia de risco, aquele risco artístico que fez nascer Blade Runner e Alien, parece ter sido substituída por “testes de público” e “potencial para spin-offs.”

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Mas há uma ironia deliciosa aqui: o mesmo homem que deu ao mundo Gladiador II é também o que se queixa do excesso de produções. Como se o próprio gladiador tivesse voltado à arena, espada em riste, para lutar contra o exército de mediocridade digital que ele próprio ajudou a inspirar.

Há esperança para Hollywood?

Scott ainda tem fé, mas é uma fé pragmática. Acabou recentemente The Dog Stars e já fala no que quer fazer com Gladiator 3. “Ele [o protagonista] ainda anda por aí, tecnicamente é o Imperador de Roma, e tenho uma ideia do que deve ser,” revelou. Tradução, Scott Ridley ainda não desistiu do seu épico romano.

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Mas a questão é se o público também não desistiu. Há sinais de esperança, de Oppenheimer a Poor Things, o cinema de autor ainda pode ser um sucesso de bilheteira. Mas talvez o que Ridley Scott esteja mesmo a dizer é que Hollywood precisa de menos filmes… e mais visão.

Assim, ele diz que Black Hawk Down foi um dos filmes que reveu e pensou: “Como raio consegui fazer isto?” A resposta, talvez, esteja na própria pergunta. Scott Ridley sempre foi o tipo de realizador que prefere criar algo maior do que ele próprio, mesmo que isso o leve a confrontar um império inteiro. E tu, achas que ele tem razão? Está o cinema mesmo a afogar-se em mediocridade… ou estamos apenas mal habituados à abundância?

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