Rumours, a Crítica: Cate Blanchett brilha nesta sátira política no IndieLisboa 2025
“Rumours” é um dos títulos mais acessíveis que estiveram presentes no IndieLisboa 2025. É uma comédia política que estreou na secção Rizoma, que destaca temas da atualidade.
Depois de quase uma década desde “The Forbidden Room”, o trio canadiano formado por Guy Maddin e os co-realizadores Evan e Galen Johnson regressa às longas metragens com “Rumours”. É um filme que mantém o absurdismo dos realizadores mas que tenta dar um passo mais perto do mainstream.
É o seu projeto mais acessível até hoje, ainda que carregue consigo algum do humor anárquico que os fãs da filmografia de Guy Maddin esperam. Junta-se um elenco de luxo e mira-se mais alto: o palco é a cimeira dos países do G7, composta por Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, cada um representado por um líder fictício neste filme.
A premissa é simples: os líderes mundiais perdem o controlo durante a cimeira e tornam-se espetadores e vítimas de uma espiral de acontecimentos apocalípticos. A estrutura é meio episódica, quase randómica, o que faz com que algumas piadas nesta comédia assumida acertem, mas várias outras fiquem pelo caminho.
O humor, por vezes, é demasiado fácil e populista, como se tivesse sido concebido para momentos prontos para memes e não para provocar qualquer tipo de reflexão mais profunda. Isto é especialmente evidente quando “Rumours” cambaleia para um final que pede que seja interpretado satiricamente.
A força do elenco de “Rumours”
O elenco é o grande trunfo por detrás de “Rumours”, no entanto. Cate Blanchett no papel de Chanceler alemã domina a tela com uma presença magnética e uma entrega cómica tão refinada que eleva até as cenas mais tolas. Charles Dance, ator britânico, no papel do presidente dos EUA, recusa-se a sequer tentar um sotaque americano, o que resulta numa das decisões cómicas mais eficazes do filme.
Estão também presentes Roy Dupuis, em destaque como o primeiro-ministro canadiano, juntamente com Denis Ménochet, a muito expressiva Nikki Amuka-Bird, Rolando Ravello, Alicia Vikander e Takehiro Hira.
É curioso ver realizadores tão iconoclastas aventurarem-se numa comédia política mais mainstream, e os momentos bons são inegáveis. No entanto, por vezes, é mesmo demasiado “silly” para o seu próprio bem.
Nota: 6/10
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