Selvagens, em análise

 

Título Original: SavagesRealizador: Oliver Stone

Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Taylor Kitsch e Blake Lively

Género: Thriller, Ação, Drama

ZON | 2012 | 131 min

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Chon (Taylor Kitsch) e Ben (Aaron Johnson) partilham duas coisas na vida: o negócio da droga, que lhes rende anulamente milhões de dólares, e Ophelia (Blake Lively), ou como ela prefere ser tratada “O”. Sim, um trio que se ama incondicionalmente, dois grandes amigos que são capazes de amar a mesma mulher, uma paixão simétrica e sem a qual não conseguem viver. A verdadeira dor de cabeça surge quando as duas coisas que Chon e Bem partilham, se juntam. Não, o problema não é “O”  consumir drogas a toda a hora, isso é mais ou menos habitual no trio. “O” é sim raptada pelos capangas de uma mulher afortunada, Elena (Salma Hayek), capaz de tudo para enriquecer o seu negócio e tendo como principal objetivo obrigar Chon e Ben a darem-lhe parte do seu negócio.

Oliver Stone transfigura uma história banal, numa obra recheada de interesse. E quem diria que Stone conseguia deixar de lado alguma ambição (nomeadamente por prémios) para se dedicar a ser um competente entertainer. “Savages” foi inteligentemente adiado para o Verão: por um lado, permite que o estúdio encha os cofres com mais uma fita comercial, por outro, surge o paradoxo porque o facto de ser puramente de caracter recreativo, ajuda-o a ser mais exímio nessa capacidade de deleitar o espetador.

Através de personagens de forte pendor dramático e físico (com claro destaque para o curto mas emocionante papel de Demián Bichir e para Benicio Del Toro, num dos seus melhores papéis, roubando todas as cenas onde aparece) e um visual atrativo onde predominam as cores quentes e paisagens belas que se entrelaçam com uma banda sonora muito bem tratada e encaixada, Stone cria um espetáculo por vezes narrativamente intrigante e noutros momentos de genuína ação. E envolvendo todo dramatismo e os receios dos personagens numa teia perfeitamente criada, Stone, através do argumento de Shane Salerno, é capaz de criar desconforto, seja pela forte violência presente, seja por não sabermos, de todo, o destino dos personagens principais.

Com um final estonteante em termos visuais e complexo no que diz respeito ao argumento, Stone é ainda capaz de deixar a mensagem (ou o cliché) de que as verdadeiras amizades são sempre superiores aos grandes amores. Talvez a mensagem fosse melhor compreendida se o trio de protagonistas fosse tão competente como o elenco secundário. A prova de que nada é perfeito.

DR