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Serpent’s Path, a Crítica | Um thriller assombroso no IndieLisboa 2025

“Serpent’s Path”, do veterano Kiyoshi Kurosawa, destacou-se na secção da Boca do Inferno do festival IndieLisboa 2025

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Apresentado em Portugal na secção Boca do Inferno do IndieLisboa 2025, “Serpent’s Path” confirma Kiyoshi Kurosawa como um mestre de um cinema atmosférico e inquietante. Mais de duas décadas após o seu original de 1998, o realizador veterano japonês revisita a sua própria obra num remake que não soa a repetição, mas é, ao invés, uma remodelação madura e controlada de um filme que representa um pesadelo moral.

A história, centrada num homem em luto (Damien Bonnard) e numa médica misteriosa (Ko Shibasaki) que procuram vingança pelo assassinato de uma rapariga de 8 anos, avança com uma lentidão calculada. Kurosawa, cujo percurso vai do terror psicológico ao drama histórico de “Wife of a Spy”, constrói aqui uma atmosfera que se entranha lentamente. O início do filme não arrebata, mas sem darmos conta, este revela-se mais perturbador do que se poderia inicialmente conceber.

Ko Shibasaki está também impressionante no papel principal. A sua atuação é gélida, quase parecendo mecânica, mas deixa entrever, em silêncios e olhares, um abismo de dor e desespero. É uma performance contida mas devastadora, que dá ao filme uma espessura emocional inesperada. Hideotshi Nishijima, conhecido pelo seu papel em “Drive My Car” e presença habitual no cinema japonês contemporâneo, também surge no filme com uma performance breve mas memorável.

Um grande filme de Kiyoshi Kurosawa no IndieLisboa

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Mais do que um banal thriller de vingança, “Serpent’s Path” é um estudo sobre os limites da moralidade e o poder corrosivo do luto e a violência que brota do silêncio. A realização é precisa, sem ser austera e demasiado formalista, e evita o choque fácil, preferindo insinuar e incomodar. É esse desconforto persistente que faz do filme uma presença difícil de esquecer.

No contexto da programação provocadora da Boca do Inferno, o filme de Kurosawa destaca-se não só por assombrar o espetador mas também pelo modo como atualiza e recontextualiza a sua própria obra. É uma proposta à partida interessante e que acaba por se concretizar num grande filme neste “Serpent’s Path”.

Nota: 8.5/10

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