The Bridge T1 – Em análise

The Bridge termina assim, depois da volta de reconhecimento e após 13 episódios. Elwood Reid, juntamente com Meredith Stiehm, completaram assim o primeiro nível da árdua missão de adaptar a série original dinamarquesa “Bron” para outros terrenos, missão essa distinguida claramente pela coragem que demonstraram, tendo em conta o caudal que a temporada levava, numa súbita reviravolta da trama – e por isso mesmo, bravo!

The Bridge 2
“Weird is good!” – são as palavras proferidas por Daniel Frye no último episódio da temporada, e que provavelmente servem como cabeçalho da mesma. A partir do episódio pilot somos inevitalmente convidados a entrar no terreno de um misterioso serial-killer, algo que Reid e Stiehm jamais poderiam omitir, mas que souberam manobrar de uma forma bastante ousada, num cliché que gradualmente se foi desmoronando. Contudo, é no verdadeiro expoente da temporada, onde muitos (inclusive eu) previam que fosse o último episódio, que ocorre o salto temporal, e com ele, a permuta para outro terreno, mais inóspito, mas igualmente interessante – quando ainda faltavam dois episódios para terminar a temporada (mais uma vez, é preciso ter coragem!!!).

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The Bridge 1

 I’m not leaving. We’re friends, Marco. I only did what you told me friends do for each other.” – A um nível microscópico, talvez muitos concordarão que The Bridge passou no seu primeiro teste. Para além da visão periférica social da fronteira do México, imperfeita, mas esclarecedora, evidenciando os fantasmas omnipresentes relativos a temas como a criminalidade, política e imigração, a série presenteou os seus seguidores com um ponto de vista claro, sem rodeios e com personagens verdadeiramente intrigantes. Num plano principal, a dupla Sonya Cross e Marco Ruiz, interpretados audazmente por Diane Kruger e Demian Bichir, complementaram-se numa forma quase perfeita, incapaz de deixar qualquer espectador indiferente. Ambos souberam tirar o maior proveito das características inerentes às suas personagens, e se numa fase inicial, parecia irrealizável o casamento de uma relação entre duas pessoas tão dispersas e peculiares, numa fase posterior, tornou-se clara a solenidade entre ambos, agora verdadeiros parceiros e amigos!

The Bridge 3
Há agora outra cortina para abrir na 2ª temporada, um novo alvo desenhado num labirinto repleto de novas bifurcações. Marco e Sonya transpuseram uma nova fronteira, capaz de deixar novas marcas, que poderão ser igualmente fatais. Por outro lado, e remetendo ainda um pouco para aquilo que constituiu esta temporada, Reid e Stiehm conseguiram rebuscar ainda mais a tela, quando a partir de personagens como Daniel Frye, Adriana Mendez, Steven Linder e Charlotte, focam os temas problemáticos da sociedade moderna, como o álcool, homossexualidade, corrupção,  tráfico de droga…The Bridge é na sua plenitude uma espécie de jogo social de sedução, onde o espectador é convidado a entrar e a reflectir sobre a definição de real e fictício. Para terminar, não poderia deixar de enaltecer o excelente desempenho do ator Eric Lange no papel de David Tate/Kenneth Hastings, orquestrado de maneira brilhante, pela forma enigmática, incisiva e natural que o mesmo soube transparecer na sua personagem. Tudo indica que voltaremos a revê-lo na nova temporada, resta saber se por muito ou pouco tempo…De notar, no entanto, que o modo como este se apresenta ao público, adequa-se perfeitamente ao modo como nos podemos despedir desta temporada (coincidência?) …

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“There are five murders a year in El Paso. In Juarez, thousands. Why?”

F.O.
APS Portugal