Tribeca Festival Lisboa’25 | Dia 2 com Kim Cattrall e Eddie Falco
No segundo dia do Tribeca Festival Lisboa 2025 decidi, mais uma vez, dar primazia às conversas. Foi um dia de talks com muita diversidade de convidados, personalidades e temas.
O pior do dia foi mesmo a chuva, que veio complicar os planos fora do recinto principal e mesmo os eventos com comida e música no espaço do festival. Contudo, é de esperar esta chuva para o início de novembro.
Eddie Falco e Giancarlo Esposito numa conversa poderosa

Tony Gonçalves liderou uma conversa sobre “The Weight of a Character”, com Giancarlo Esposito e Eddie Falco como foco do tema. O ator português Albano Jerónimo também iria participar na conversa mas por um contratempo não conseguiu estar presente.
Mais uma vez, Giancarlo Esposito apresentou toda a sua energia expansiva, mostrando ser um grande comunicador, além de excelente ator. Durante a conversa, falou-se das várias formas como uma personagem pode impactar um ator.
Primeiramente, como é que se consegue saltar entre personagens quando se está a fazer várias produções ao mesmo tempo. A atriz Eddie Falco, muito conhecida por “The Sopranos”, partilhou que o espaço, os sets e os restantes atores facilitam a adaptação a cada personagem. Quando entra naquele espaço, imediatamente sente-se aquela personagem.
Num tom mais pessoal, ambos os atores já passaram por tempos difíceis, problemas com alcool, drogas e reabilitações. Giancarlo Esposito partilhou várias vezes como é difícil deixar uma personagem para trás, uma vez que o corpo não consegue distinguir se o que a sua personagem está a fazer é real ou não. Assim, o próprio corpo leva muita dessa tensão da personagem para casa.
Eddie Falco, por exemplo, interpreta também “Nurse Jackie”, uma personagem com os mesmos problemas que ela já passou. E conta que foi um orgulho representar esta personagem e perceber que já não estava a passar por aqueles problemas, ou seja, ver tudo de uma perspetiva de fora.
Mas também há coisas positivas a retirar mesmo das personagens mais negras. Tony Gonçalves fez exatamente essa pergunta e Giancarlo Esposito partilhou que a persongem de Gus em “Breaking Bad”, um grande vilão, o levou a começar a trabalhar a respiração e meditação. Uma vez que é uma personagem ponderada, que vive muito dos silêncios, sorrisos e respirações.
Women Power com Kim Catrall e Daniela Ruah

“No Fixed Adress: A Life in Global Storytelling” foi o mote para a conversa com Kim Catrall e Daniela Ruah. Estava curiosa para saber qual seria o tom desta conversa e para onde iriam as perguntas, uma vez que a conversa seria moderada pelo Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.
A conversa surpreendeu-me a vários níveis e, sobretudo, porque foi muito bem conduzida por Carlos Moedas. Apesar de estar ligado à política, notou-se o claro interesse de Carlos Moedas pelo tema e o estudo e preparação feitos, com questões realmente interessantes que levaram a uma conversa com muito para partilhar.
Foi particularmente interessante perceber como a globalização afeta até os atores, que muitas vezes não têm uma morada fixa. Kim Catrall partilhou que tem muitas vezes dificuldade em perceber onde pertence e uma necessidade de definir onde vive. “Tive de começar a dizer eu agora estou aqui em vez de eu vivo aqui”, partilhou a atriz.
No entanto, há também a parte positiva dessa constante migração. Daniela Ruah apresentou-nos vários accents, entre o inglês e o americano, com uma grande naturalidade, devido aos diferentes locais onde estudou e viveu, o que é uma mais valia para os seus papéis.
Partilhou, também que essas experiências, enquanto emigrante, enquanto pessoa e tudo o que já viveu, mesmo que momentos negativos, podem ser benéficos para personagens específicas. Por isso trabalha em conseguir transmitir essas experiências para as suas personagens.
Os conselhos de Kim Catrall e uma preview de Sandokan

Quando questionada sobre que conselhos daria às gerações mais novas que querem entrar no mundo do cinema, Kim Catrall brincou dizendo “não o façam”, o que gerou muitos risos na sala. Mas num tom mais sério, acrescentou que é necessário ter coragem e ter a certeza que é aquilo que se quer, pois é uma via difícil, sem certezas, onde se passa muito tempo sem a família e onde os nãos são garantidos.
Ao final do dia, fui ver a antestreia da série “Sandokan: The Pirate Prince”, o remake que junta Can Yaman e Ed Westwick. Este último ator esteve presente na antestreia, onde no fim se juntou a um Q&A divertido, onde nem um momento de Chuck Bass de “Gossip Girl” faltou. Contudo, a review deste primeiro episódio que está a deixar todos os fãs dos atores em expectativa, sairá num próximo artigo.

