13º IndieLisboa: Ce sentiment de l’été, em análise

 

‘Ce sentiment de l’été’, de Mikhaël Hers é um dos filmes mais elogiados da competição internacional do 13º IndieLisboa, sobretudo pela sua notável simplicidade, mas também, pela forma como evoca o tema do luto e do peso da tristeza com grande delicadeza e optimismo.

Ce sentiment de l’été

O francês Mikhaël Hers, que está pela terceira vez no 13º IndieLisboa (Primrose Hill, em 2008 e Memory Lane, em 2011) é um grande especialista em passar memórias tristes para o cinema. Em Ce sentiment de l’été, este realizador parece continuar a perseguir a situação dolorosa de um luto, mas agora para dar lugar à vida e ao futuro.

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Sasha, uma jovem de trinta anos, morre repentinamente num aveludado e cálido verão de Berlim. Embora conhecendo-se mal, Lawrence (Anders Danielsen Lie, o actor de Oslo, 31 de Agosto de Joaquin Trier) o seu namorado e sua irmã Zoé (Judith Chemlaacabam por ficar muito próximos. E depois apesar de viverem longe um do outro liga-os a forte memória de Sasha. Entre Berlim, Paris e Nova Iorque os dois vão partilhar dessa tristeza, perda e ausência forçada por uma morte inesperada, prematura e irreparável. Passam três verões, em três cidades diferentes e aos poucos ambos e cada um à sua maneira parecem passar de um tempo de trevas à luz, tudo impulsionado pelas memórias doces dos amores e dos afectos.

Ce sentiment de l’été

Ce sentiment de l’été não é apenas uma trágica história de uma rapariga que morreu aos 30 anos ainda jovem. Chama-se um sentimento de verão, porque é a história de um luto, de uma emoção que vai se vai transformando ao longo do filme como o calor e a luz estival que aquece os corações, seja em Berlim, Paris, Nova Iorque ou na bela estância turística de Annecy. Alguma coisa de indescritível vai-se passando entre Lawrence e Zoé, que vivem muito longe um do outro e que têm dificuldade em expressar e consolidar. O filme é muito bonito pelas suas subtilezas que o cineasta consegue passar através de metáforas simples, sensíveis e sentimentais: os passeios nas ruas, as festas nos terraços, os diálogos em familia ou entre amigos e até as alusões ao vôo em parapente, como forma das personagens se libertarem desse peso da tristeza e da perda e partirem para outro sentimento mais ameno.

Ce sentiment de l’été

Ce sentiment de l’été, é um filme marcado ainda por deliciosas referências cinéfilas: de Eric Rohmer (inclusive no elenco com os veteranos Marie Rivière e Féodor Atkine) ao nível dos diálogos e da direcção de actores; aos desejos de outros lugares (de Berlim a Nova Iorque), como na trilogia de Richard Linklater, como fora Ethan Hawk e Julie Delpy, que caminham a pé, dialogado pelas cidades, falando da vida. Sobretudo é gostoso ver como se comportam as frágeis personagens Lawrence e Zoé, que sem um sentimento de lugar, se movem apenas por uma ideia de ‘no wind, no wave, no future’: Zoé não tem planos para o verão e vai visitar ao Tennessee, um antigo colega da faculdade que já não vê há muitos anos, mas não sem antes passar por Nova Iorque para ver Lawrence.

Ce sentiment de l’été

Tal como nos filmes de Rohmer ou Linklater, este Ce sentiment de l’été, é um filme muito luminoso, que oscila entre a alegria e a nostalgia de viver. Oscila entre tema sentimental de uma música pop que apetece dançar, ao fado mais saudosista. A banda sonora é uma maravilha. Extremamente gracioso e simples este Ce sentiment de l’été, trata-se de uma das mais belas alegorias sobre o luto já vistas no cinema. Mais um filme da competição do 13º IndieLisboa que vai estrear em breve nas salas nacionais.

O MELHOR: A simplicidade dos dos diálogos e tudo parece acontecer com naturalidade: a vida, a morte, a tristeza, o amor.

O PIOR: às vezes é um pouco irritante ver as personagens ‘arrastarem-se’ sem qualquer motivação de futuro.


 cartaz Ce sentiment de l’étéTítulo Original: Ce sentiment de l’été
Realizador:  Mikhaël Hers
Elenco: Anders Danielsen Lie, Judith Chemla, 
Midas | Drama | 2015 | 106 min

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JVM

 

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