As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne, em análise

Aprendi uma coisa que já deveria estar assimilada e que tão cedo não irei esquecer: não criar expectativas demasiado altas. Foi o que aconteceu com “As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne”: a ansiedade andou em alta e depois o filme não correspondeu ao esperado (a excelência não foi alcançada).

O filme segue o aventureiro Tintin (Jamie Bell) que inicialmente compra uma réplica exacta do navio de um antepassado do Capitão Haddock (Andy Serkis), o “Licorne”. Ao investigar aquele modelo, descobre que dentro dele se esconde um misterioso mapa que colocará Tintin, Milu e o Capitão Haddock numa enorme aventura que os levará a descobrir um tesouro perdido. Pelo meio ainda se encontram com diversos personagens do universo da banda desenhada tais como Dupond e Dupont, e ainda se confrontam com o terrível Ivanovich Sakharine (Daniel Craig).

Tintin é, antes de mais, um filme perfeito tecnicamente. Se dúvidas existissem quanto à qualidade do motion capture, essas saem completamente dissipadas. A cor, a luz e todos os aspectos desenvolvidos através de computadores estão muito bem trabalhados. Sendo assim, dos aspectos mais técnicos, o 3D é aquele que menos entusiasma. Se é verdade que em algumas cenas o 3D faz-se sentir e é bem utilizado, também é verdade que ele, na grande maioria das cenas, em nada acrescenta à visualização (o que tem sido norma em quase todos os filmes exibidos com esta tecnologia). A música de John Williams é boa mas não tão boa como outras obras em que já desenvolveu (lembremo-nos, por exemplo de Star Wars e Harry Potter) e vê-la integrada no filme, dá a sensação que perde alguma da sua graça.

Mas passemos ao mais importante: a história. E é aqui que Steven Spielberg desilude. Não é um filme com um enredo extremamente cativante isto porque a narrativa possui aspectos comuns a outros tantos filmes. No entanto, é, ainda assim, possível observar cenas verdadeiramente fantásticas, nomeadamente quando o irrepreensível Andy Serkis aparece no ecrã, protagonizando momentos deliciosamente cómicos.

Acredito que alguns diálogos não tão rápidos e mais explícitos, teriam abonado a favor do filme (digo desde já que este não é um típico filme de animação porque, na verdade, é mais um filme adulto do que um filme para crianças). O que faltou também foram cenas com mais suspense (algo que o trailer prometia) principalmente para quem estava à espera de uma mistura de Indiana Jones (Spielberg bem tentou que Tintin se parecesse com Indy) e James Bond. A nível interpretativo, não há nada de muito relevante a dizer, excepto realçar, mais uma vez, que Andy Serkis, como Capitão Haddock, está magnífico!

 

Um filme que prometia dar muito mais do que aquilo que de facto deu mas, mesmo assim, não deixa de ser entretenimento puro e duro, ideal para uma tarde de sábado num programa em família. Foi bom, mas poderia ter sido excelente!

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Data de estreia: 2011-10-27
Título Original: The Adventures of Tintin
Realizador: Steven Spielberg
Atores: Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig
País: EUA
Ano: 2011

DR