Criaturas Maravilhosas, em análise

 

Poster  

Título Original: Beautiful Creatures

Realizador: Richard LaGravenese

Elenco: Alden Ehrenreich, Jeremy Irons, Viola Davis e Emma Thompson

ZON | 2013 | Fantasia/Romance | 124 min

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Há um momento onde Ethan Wate (Alden Ehrenreich) tece um comentário deveras interessante sobre a ilógica morte de Jack em “Titanic”. Justifica essa incoerência da obra de James Cameron com a possibilidade, perfeitamente admissível, de Jack e Rose irem trocando de posições. Ou seja, ora um se apoiava no maciço objeto de sustento, ora outro boiava nas águas geladas do oceano. Bastaria uma troca com intervalos de tempo de cerca de dez minutos para que Jack e Rose vivessem felizes para sempre.

É curioso que o cinema infanto-juvenil vive uma situação similar. Sente-se a hegemonia, muitas vezes incompreensível, de certas obras que não dão espaço para que outras tenham o seu momento de sobrevivência. Assiste-se, ano após ano, a franchises de sucesso que teimam figurar no topo da cadeia cinematográfica, enquanto outros se limitam aos interstícios, sendo o seu destino, quase sempre, o mais profundo e escuro oceano.

A verdade é que a Summit Entretainment tem tentado combater a tendência. Este ano já havia estreado o refrescante (embora tendenciosamente demasiado teen) Sangue Quente”, e agora aventura-se na venda internacional de“Criaturas Maravilhosas”. É por demais evidente a tentativa de clonar a fórmula de sucesso da saga Twilight. Mas já se nota que algum conteúdo a mais, não faz mal a ninguém.

Beautiful Creatures (2)

Criaturas Maravilhosas” é um daqueles filmes que não mereciam (mais por comparação do que por qualidade genuína) ser deixados ao acaso. Apesar dos seus enormes defeitos, nota-se que houve algum cuidado em oferecer uma narrativa com menos clichés e com mais para contar do que a típica história de amor entre adolescentes.

Ainda que com algumas deficiências, “Criaturas Maravilhosas” tenta, e bem, abordar uma panóplia vasta de temas. Saltam à vista algumas referências culturais perspicazes, sempre mais relacionadas com o Cinema e a Literatura, que ajudam a compor um universo que se pretende distanciar do inócuo romance teen.

É também percetível o cuidado da realização de Richard LaGravenese em não altear em demasia a previsibilidade do argumento e em remover oportunamente alguns lugares-comums neste género cinematográfico. Para o sucesso da fórmula, são adicionadas algumas críticas sociais, em especial o fanatismo religioso que surge aqui como um sub-plot bastante coeso e verosímil.

1Beautiful Creatures 19

Contudo, e por muito que queiramos, “Criaturas Maravilhosas” esbarra nos erros dos outros “clones”. Tudo porque temos (mais uma vez) um casal que se conhece numa escola e que desde logo evidencia uma conexão especial, temos a rapariga com poderes sobre-humanos, as famílias de ambos a tentarem a separação, maldições que têm de ser quebradas… no fundo há um descomedimento de fórmulas gastas que não acrescentam nada àquilo que por tantas vezes vimos em sala.

No elenco, destaque para o quase desconhecido e surpreendente Alden Ehrenreich e especialmente para o elenco secundário constituído pelos experientes Jeremy Irons, Viola Davis e Emma Thompson. Apesar de serem bastante competentes tendo em conta o material de base, certo é que não compensam a falta de credibilidade da ação. Contrariamente ao que acontece em “Harry Potter” ou até “Os Jogos da Fome”, são pouquíssimas as vezes em que somos absorvidos pelo universo de “Criaturas Maravilhosas”. O género fantástico é subaproveitado num conjunto de cenas ridículas (quase amadoras) que não são capazes criar uma atmosfera paralela acreditável.

Beautiful Creatures (4)

Para essa falta de pujança fantasiosa contribui a fraca componente técnica (típica de um filme de baixo orçamento, mas com pretensões maiores do que o seu valor) cujos poucos efeitos visuais são manifestamente simples e pouco inventivos, e quase sempre escondidos por uma fotografia pálida e desfocada.

Certo é que apesar de todos as carências visuais e narrativas, “Criaturas Maravilhosas” consegue ser bastante competente no seu cerne: uma encantadora história de amor. É talvez esse o toque mais extravagante numa obra que carece de carisma.

BEAUTIFUL CREATURES

Algumas linhas de diálogo mais sofisticadas e penetrantes, provavelmente originalmente concebidas para a obra literária em que é baseado, conduzem-nos para algumas cenas que provavelmente não estaríamos à espera de ver. Porque contrariam as previsibilidades e os clichés. Porque realmente acrescentam algo de novo a um género gasto. Porque são capazes de nos oferecer momentos que nos levam a pensar que o resultado global podia ser substancialmente melhor. Talvez seja essa réstia de qualidade que o salva da mediocridade.

Criaturas Maravilhosas” não é tão mau como os astrólogos cinematográficos haviam previsto. Na verdade, até surpreende. O público-alvo vai adorar. Os mais exigentes, nem tanto.

DR

2 thoughts on “Criaturas Maravilhosas, em análise

  • PARABÉNS!!!🤩🤩🤩 Filme lindo maravilhoso, aconselho vivamente quero o 2! E quem comentou mal acerca deste filme faça um novo com o fucinho🐷, quero que o 2 filme saia em 2021 obrigada🤩

  • Amei este filme super aconselho quem não curtiu faça um cm o fucinho vao amar! Quero a 2 parte n pode acabar assimmm

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