Do Livro à Tela – Sangue Quente

 

sangue quente

Se olharmos para o global, esta adaptação está dentro do esperado e foca-se mais nos temas que o cinema costuma privilegiar. Também é preciso notar que o filme apresenta um ritmo mais elevado, devido às óbvias necessidades de duração, mas no geral, estamos  perante uma adaptação próxima da obra original. Mas existem diferenças…

A primeira diferença está em R, que no filme se apresenta como um zombie que foi anteriormente um estudante e normal adolescente, enquanto que no livro temos um R mais formal, ficando a ideia que foi um homem de negócios. Esta pequena diferença para o filme ajuda a criar algum romantismo, que é bem explorado no filme.

No entanto, aquela que é, provavelmente, a grande diferença, está na comunidade zombie que não existe no filme.  No livro os zombies casam, divorciam-se, vão à igreja, entre muitas outras coisas, ajudando a que se perceba que algumas diferenças entre zombies e humanos não são tão grandes. Esta diferença tem um impacto considerável em alguns aspetos, não só em relação ao R mas também a partir do momento em que Julie aparece, mas não os iremos revelar.

Existem ainda outras diferenças que não sendo significativas, deixamos aqui um rápido olhar sem revelar muito.

Sangue Quente

  • O romance entre R e Julie demora muito mais tempo a surgir, visto que as memórias do antigo namorado ainda estão presentes.
  • A música tem um papel mais importante no filme, ajudando ao romance e à descoberta de sentimentos.
  • A forma como o antigo namorado de Julie perde o pai, é diferente, e apesar de tal parecer insignificante, não o é, pois ajuda à construção da personagem.
  • No livro, o pai de Julie tem um papel muito mais importante, sendo uma das personagens que nos mostra a mentalidade e sociedade que atualmente existe. No filme a personagem está muito parecida, mas é muito menos explorada.
  • No filme temos uma mudança imediata por parte de R a partir do momento que comete o homicídio mais importante da história. No livro a mudança não é imediata, e como tal, não se torna automaticamente numa personagem mais fácil de se gostar. A mudança é lenta, é coerente, mas no filme é normal que tenha sido acelerada.
  • O filme apresenta uma vertente mais cómica graças a algumas personagens que exploram bem essas situações. O livro, apesar de ter bons momentos para se rir, apresenta um enredo mais negro.
  • Sabemos muito mais sobre R, visto ser o narrador, temos muitas horas com ele e ao ouvir os seus pensamentos, a personagem é muito bem aprofundada.
  • Novamente, devido a falta de tempo, a personagem de Julie é muito menos aprofundada, tanto em relação aos seus sentimentos, mas principalmente em relação ao seu passado, o que ajuda a perceber muitas das suas decisões.
  • Toda a parte final recebeu várias alterações. Não iremos revelar quais, mas algumas são importantes apesar de no geral o filme e livro terem o mesmo desfecho.
  • O autor Isaac Marion criou uns “maus da fita” que são muito mais do que monstros. Ele não explica tudo, algumas questões ficam no ar, mas existe uma profundidade nestes monstros que nos leva a perceber que estamos perante algo inteligente, com objetivos, planos e crenças. No filme temos um olhar muito mais animalesco, não nos deixando perceber o porquê das suas decisões.

WARM BODIES

No geral, a adaptação é boa. No entanto, como na maioria das adaptações, também Sangue Quente sofre as dificuldades de se colocar um livro dentro de um filme de 90 minutos. É mais acelerado, menos profundo e as personagens perdem qualidade com isso. O filme é mais romântico e mais alegre, o livro é tem um maior significado e é possível retirar lições interessantes.

Como disse antes, a adaptação está bem conseguida, e o livro, mais completo, recomenda-se a quem estiver interessado em conhecer este enredo original.

LP

 

 

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