Grand Theft Auto V (PS3) | Análise

 

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  • Editora: Rockstar Games
  • Produtora: Rockstar Games
  • Plataformas: PlayStation 3, Xbox 360

 

Classificação 

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Está à venda há poucos dias e já bateu todos os recordes. Foi o lançamento mais esperado dos últimos anos e foi também o jogo mais caro de sempre a ser produzido. Esta é a estratégia da Rockstar Games: fazer poucos jogos, mas bons. Jogos caros mas que dão lucro. Muito lucro! “GTA” está de volta. Terá valido a pena tanto investimento?

Comprem este jogo!” A nossa crítica podia ser apenas esta frase, mas vamos tentar olhar para este jogo de forma global, sabendo que num jogo tão grande, muitos detalhes ficarão de fora de qualquer crítica que possamos fazer, por maior que ela seja.

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Enredo: É provavelmente o melhor enredo que esta série já teve. Ao apresentar três personagens jogáveis, Michael, Franklin e Trevor, “GTA V” corta com o passado onde tínhamos apenas um personagem jogável. Esta é a primeira grande diferença que captamos no jogo. O enredo ganha bastante com esta mudança, pois irá dar-nos uma visão mais global sobre a ideia que o jogo quer passar. É essa ideia que torna este enredo tão bom: a crítica social. Aliás, o que difere este jogo dos anteriores é que não estamos perante uma história que se limita a dar-nos um objetivo definido, dividido por missões. Aqui o Rockstar tentou, e bem, demonstrar a realidade de vários setores da sociedade, divididos por poucos metros, mas por muito dinheiro.

Com estas três personagens iremos percorrer vários níveis da sociedade e assistir às suas limitações, ajudando à construção psicológica de cada um. Tal capacidade é de louvar num jogo. Ainda no enredo, o jogo apresenta as duas únicas falhas que devem ser assinaladas. Em primeiro lugar, a construção das personagens está muito bem feita, mas por vezes cai na incoerência em algumas atitudes. Num jogo banal e de pouca imersão, tal poderia não se notar, mas neste jogo entramos neste mundo a cada instante e a imersão leva a um maior conhecimento e também a uma maior concentração da nossa parte. O outro fator que falha neste jogo é a ausência de uma personagem feminina com alguma profundidade que retire da mente do jogador que estamos perante um jogo onde as mulheres são apenas objetos de prazer e manipulação. É verdade que a história nunca nos leva no caminho para que tal aconteça, mas é pena vermos personagens profundas, por mais desprezíveis que sejam, como Trevor, e não existir nenhuma personagem feminina que possamos dizer “está bem criada e foge ao estereotipo”.

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Jogabilidade: Existe tanto para fazer neste jogo que é difícil saber por onde começar. “GTA V” é o expoente máximo dos open worlds e também aqui o facto de termos três personagens faz uma enorme diferença. Agora na maioria das missões teremos a hipótese de saltar entre as três para executar certos momentos importantes, mas também para tornar todo a imersão muito mais fácil. O facto de podermos trocar de personagens torna este jogo quase num filme onde vemos todas as perspectivas mas também aumenta a nossa noção do que cada personagem pode fazer, e com isso vem a responsabilidade de as conhecermos. Na parte da preparação das missões, o jogo obriga-nos muitas vezes a um trabalho extra antes de as começarmos. É preciso estudar locais, quais possíveis saídas, o que pode dar mal, que objetos precisamos, e todo este planeamento (por vezes pouco entusiasmante) é recompensado no fim, dando um toque de realismo raramente alcançado num jogo.

Em termos de jogabilidade o jogo facilita-nos muito a vida com o sistema de mira instantâneo que retira algum realismo e deve ser desativado por aqueles que já “dominem”  a série “GTA”. Em termos globais a jogabilidade não é perfeita, sendo o jogo vítima da sua própria grandeza e necessitando de muitas horas de trabalho para proporcionar a um jogador tudo o que aqui podemos fazer: jogar ténis, golfe, corridas de carros/motas/barcos, dardos, para-quedismo, passear o cão, apostar na bolsa, cortar o cabelo… a variedade é tão esmagadora que aos poucos o jogo se torna numa segunda vida. O pormenor vai a um nível tão alto que nos podemos dar ao luxo de, ao sabermos que vamos fazer um golpe na companhia A, antes vamos comprar ações à companhia B, que depois do golpe sairão valorizadas. Não querem dar-se a esse trabalho e preferem relaxar? Vão ao cinema e vejam um filme! E que tal um passeio de bicicleta pelos melhores lugares da cidade? Ou porque não caçar? Mas há mais, muito mais que podem fazer. Preparem as vossas missões com cuidado e esta experiência será única!

É ainda preciso referir a forma fantástica que cada carro se comporta, obrigando a que não nos limitemos a roubar um carro qualquer, mas sim a estudar que carro devemos usar para cada missão, e já agora, a estimar os carros que mais apreciem. Ainda outro aspeto interessante é o facto de cada personagem ter uma habilidade especial e que ajuda a uma maior definição da personagem. Por exemplo, Franklin tem a capacidade de na condução ter momentos de slow-motion para se conseguir esquivar de momentos perigosos.

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Gráficos: Em termos gráficos é difícil não ficarmos de boca aberta com o tamanho desta cidade e detalhe em cada metro quadrado. “GTA V” leva as consolas a um nível nunca antes alcançado onde a sensação de enormidade está em cada esquina. O nível de detalhe é arrebatador e se não estivéssemos tão concentrados a jogar, conseguiríamos ver pormenores que fazem a diferença na criação de um mundo, tornando este no melhor open world alguma vez criado, de fazer inveja a grandes produções de Hollywood. É verdade que tal magnitude toca nos limites da consola e por vezes sentimos um abrandar no frame rate, mas nada de significativo para um jogo onde dá prazer pilotar um avião ou andar de barcos simplesmente para vermos cenários fantásticos.

A diversidade deve ser aplaudida pois estamos perante uma cidade que está realmente viva. Rios, montanhas, estradas, pôr do sol, arranha céus, a cada instante podemos pegar no telemóvel do nosso personagem e tirar fotos de grande beleza para mais tarde recordar. Em relação às personagens, todos os movimentos estão perto da perfeição, principalmente durante diálogos, mas é nas expressões faciais que as personagens ganham ainda mais qualidade, criando um melhor ambiente. É verdade que o jogo não consegue apresentar a qualidade que “Last of Us” nos oferece, mas num mundo tão grande, tal seria impossível.

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Som: Horas e horas de rádio com dezenas de músicas nos mais variados estilos. Uma vez mais, “GTA” faz o que já nos habitou e ainda melhora. A banda sonora é um elemento muito importante nesta série e aqui não apresenta falhas. Os efeitos sonoros estão bons apesar de não terem grande relevância neste jogo, pois a grande qualidade sonora deste jogo está no trabalho de vozes, que é fantástico. No global todas as personagens estão muito boas no trabalho de vozes, tornando-se num dos melhores conjuntos de vozes que alguma vez vimos. Mas é impossível não mencionar Trevor, que apresenta, sem dúvida, um dos melhores trabalhos de vozes alguma vez feitos num jogo. É de tal forma perfeito que se fecharmos os olhos conseguimos imaginar tudo o que a personagem está a fazer apenas ouvindo a sua voz.

 

“GTA V” é uma verdadeira obra prima que dificilmente conseguiria ser criada sem um orçamento tão grande. Existe muito para se fazer e para nos divertirmos fora das missões, levando a que nunca me tivesse sentido saturado com tão variada experiência. O jogo cria checkpoints de forma inteligente, não nos obrigando a repetir vários minutos de uma missão, e aos poucos o jogo torna-se quase num reality show onde podemos fazer tudo. Simplesmente fantástico.

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Claro que um “GTA” não pode ser digno desse nome se não for polémico, e “GTA V” é o mais polémico de todos, levando os jogos a um novo nível, não de violência gráfica, mas de violência moral. Neste aspeto, Trevor é o catalisador que faz o contraste psicológico com as restantes personagens, mas é também quem faz o contraste social, levando a uma crítica à nossa sociedade superficial, às diferenças entre qualidade de vida, justiça e forma como encaramos a vida sem ajuda ao próximo, pois as festas e as redes sociais são mais importantes e mais interessantes do que convivermos com os nossos familiares e amigos ao vivo.

Toda esta crítica está presente de forma inteligente e marcante, e apesar de um jogador menos atento ou mais concentrado em passar o jogo, poder não sentir esta crítica social de forma marcante, a verdade é que está lá… e provavelmente nenhum jogo até hoje fez um trabalho tão bom neste aspeto, principalmente porque é o jogo que mais se aproxima da realidade. Mas, se livros e filmes criticam, e bem, muito do que nos rodeia, porque não pode um jogo seguir esse caminho? Claro que “GTA V” não é um jogo para todos! Existe um momento deveras marcante e quase angustiante para quem olha para este entretimento como algo mais do que carregar nuns botões sem consequências e por isso é fácil afirmar que se falará deste enredo durante muito tempo. É divertido, é polémico, e não sairá da vossa memória nos próximos tempos.

A liberdade que o jogo nos dá está muito bem criada, pois num open world deste tamanho podíamos ficar sem saber o que fazer, mas tal não acontece aqui. A Rockstar Games programou o jogo por forma a sabermos sempre o que fazer a seguir, ficando ao nosso critério, fazê-lo ou não, mas a verdade é que nunca nos desviamos do próximo passo que o enredo quer que tomemos.

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Sendo objetivo devemos dizer duas coisas: “GTA V” será o jogo mais polémico de sempre, ou pelo menos tem tudo para o ser, muito graças a Trevor, “GTA V” será imitado no futuro, mas não será melhorado tão cedo.

“GTA V” é tudo o que esperávamos e ainda mais, pegando em tudo o que já fez e melhorando-o. Dá um passo enorme na qualidade ao criar uma crítica tão intensa, mesmo que indireta, e com isso o jogo ganha uma nova personalidade, deixando de ser aquele jogo que muito consideravam um pacote de violência gratuita e superficial. Por isso, talvez este não seja o enredo mais cativante da série, mas é o melhor.

Na Magazine.HD somos exigentes, principalmente quando estamos perante uma mega produção onde tanto foi investido. Mas, por mais exigentes que possamos ser, é quase impossível não darmos a nota máxima a este jogo. É verdade que não é o jogo perfeito, não é o melhor jogo de sempre, mas é um dos melhores, e claramente um forte candidato a jogo do ano, em luta, por exemplo com “Last of Us” ou “Bioshock Infinite”. Aqui, na Magazine.HD demos uma única nota máxima nos últimos dois anos (“Last of Us”), mas “GTA V” também merece-a, e esta é a maior homenagem que podemos dar a este jogo.

Pontos fortes:

  • Melhor open world alguma vez feito
  • Três excelentes personagens e que podemos alterar durante as missões
  • Fantástico trabalho de vozes
  • Banda sonora de topo
  • Crítica social
  • Muito para se fazer!

Pontos fracos:

  • Falta uma personagem feminina com qualidade
  • Alguma incoerência  em alguns momentos do enredo
  • Trevor leva o jogo quase ao “limite” da polémica

 LP


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