Jason Bourne, Mini-Crítica

Após uma tentativa frustrada de reiniciar o franchise com “O Legado de Bourne”, protagonizado por Jeremy Renner, Jason Bourne regressa à sua forma original – com Matt Damon e Paul Greengrass no leme. O enredo pode realmente não trazer nada de novo, mas será isso um bem de extrema necessidade?

Em 2012 dava-se a expansão do universo literário de Robert Ludlum pelas mãos de Tony Gilroy e com Jeremy Renner a encarnar mais um agente letal cuja memória havia sido removida. “O Legado de Bourne” seria então o primeiro incremento de um franchise cujo desígnio seria a multiplicação de Jason Bournes na exploração de fitas de ação que se debruçassem sobre as sucessivas falhas dos programas de operações especiais da CIA. Nem tudo correu bem, e a consequência imediata foi o regresso à fórmula original, com Matt Damon e Paul Greengrass.

Segundo uma entrevista concedida por Matt Damon à Entertainment Weekly, depois de Bourne cair no East River em Manhattan na sequência final de “Ultimato”, havia que encerrar o arco criado na trilogia de Paul Greengrass e perceber quais os próximos passos dados por um homem com a memória fragmentada e que agora se movimenta nas sombras. Segundo Damon, “Jason Bourne” foi então projetado como o capítulo de encerramento da jornada do agente secreto, antes mesmo de poder ser um ponto de iniciação para a continuação da saga de Jason Bourne nos cinemas.

Lê Também: Filmes Mais Antecipados de 2016 | 20. Jason Bourne 5

 

Bourne 5

Certo é que, paradoxalmente, este thriller de Paul Greengrass tem muito pouco de novo a acrescentar ao enredo que já todos conhecíamos. No entanto, se há filme onde a linguagem verbal está autorizada a ser engolida pela linguagem visual sem que nos importemos muito com o resultado final disso, então esse filme é “Jason Bourne”.

O filme de Greengrass desenvolve-se como uma imparável locomotiva que viaja a alta velocidade, em que a descoberta, por parte da CIA, de que Jason Bourne está vivo é o primeiro e único agente impulsionador de um espetáculo cinético que contempla algumas das melhores sequências de ação do ano. “Jason Bourne” leva-nos, mais uma vez, ao passado do agente secreto e às suas origens, mas Greengrass subvaloriza sempre o seu argumento – por vezes desconexo e frágil nos diálogos, mas surpreendentemente bem embebido na atualidade, desde o boom Edward Snowden à importância da segurança de sistemas  – em detrimento de um olhar minucioso (e de veneração aos zooms) sobre as ríspidas perseguições automóveis, sobre as lutas de corpo a corpo, sobre as precisas e funestas balas, e, sobretudo, sobre os entusiasmantes jogos de gato e do rato (que bem filmada que está toda a sequência em plena revolta antigovernamental na Praça Sintagma, Atenas). Mas, quanto a isto, nada de verdadeiramente novo que nos fique na retina.

Consulta : Percorre a carreira completa de Matt Damon em 8 minutos

2465_RR_00024R

É em toda essa panóplia de sequências de ação que percebemos que Matt Damon não perdeu o jeito, de todo. Damon apropria-se do filme do princípio ao fim, encarnando um anti-herói que, apesar de já se lembrar de tudo, ainda não sabe tudo. É um Matt Damon num papel mais físico e frio, mas tão competente quanto havia sido nos capítulos anteriores.

Lê Mais: Quanto custaria salvar todos os personagens de Matt Damon?

Como seria natural, nas cerca de duas horas de duração de “Jason Bourne”, pouca é a primazia dada aos momentos de pausa, tal é a qualidade de um espetáculo visual que hoje em dia garante um confortável box-office. São nesses singulares momentos de pausa que brilha também a atriz sueca Alicia Vikander, que consegue ser sempre um refrescante ponto alto no seio de uma teia de ação intensa e frenética, mas que não deixa também de parecer um colossal déjà-vu.

Jason Bourne (2016)

 

O MELHOR – Matt Damon ainda não ter perdido o jeito, a frescura que trouxe Alicia Vikander e a realização de Paul Greengrass nas sequências de ação.

O PIOR – O facto de não inovar a fórmula face aos capítulos anteriores. O argumento frágil e sem alma.


Título Original: Jason Bourne
Realizador:  Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Tommy Lee Jones, Alicia Vikander, Vincent Cassel, Julia Stiles
NOS | Ação | 2016 | 123 min

Jason-Bourne_online[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 


DR

 


Também do teu Interesse:


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *