Liga da Justiça, em análise


“Liga da Justiça” é um ponto acima de “Batman vs. Super-Homem: O Despertar da Justiça” e vários  abaixo de “Mulher-Maravilha”. Surpreendidos? Dificilmente.

O pesadelo da produção mais ambiciosa da DC Comics onde os seus principais heróis da banda-desenhada se reúnem pela primeira vez no grande ecrã gerou incontáveis artigos digitais e muita tinta derramada. As críticas negativas ao trabalho sombrio de Zack Snyder, ligados a uma tragédia pessoal, afastou o realizador em detrimento de Joss Whedon (“Os Vingadores”). Ben Affleck, o actual Batman, parece mais ansioso por se ver livre do papel mediático do que em demonstrar as suas verdadeiras forças como actor. Uma mudança no paradigma da DC Entertainment, com Geoff Johns a tornar-se o líder do seu universo cinematográfico a meio da produção da “Liga da Justiça”. Estas e outras são contratempos que assombraram a produção e, sem qualquer surpresa, o resultado final demonstrou ter sido abalado.

Para um ponto de partida inicial, saibam que esta crítica vem de alguém que se tornou defensor de Batman vs. Super-Homem e da fiabilidade artística de Zack Snyder. Contudo, amantes do cinema em geral, poderão perceber que há vários pontos fatais neste filme.

Num tom de luz mais claro a longa-metragem apresenta uma bela fiabilidade dos membros desta original Liga da Justiça. Se o objetivo primário era introduzir todos aqueles que ainda não tiveram a sua adaptação a solo, de uma forma breve e inquietante para recolher frutos mais tarde, então a Warner Bros. pode respirar fundo. Cumpriram com mestria.

Gal Gadot como Mulher-Maravilha, tanto dentro como fora do grande ecrã, é já um símbolo do feminismo e adorada por muitos, e sentiu-se o quão confortável estava no papel de Diana Prince pela terceira vez. Ezra Miller é um jovem prodígio e uma fiel representação da ingenuidade de Barry Allen e com uma muito breve apresentação do seu drama familiar, conseguimos facilmente sentir-nos simpatéticos pelo The Flash. Jason Momoa é Aquaman, no sentido que nada muito rápido e tem força sobre-humana, mas longe ainda do Rei da Atlântida que torna a personagem icónica desta recente “Rebirth” da banda-desenhada. Ray Fisher introduziu-se pela primeira vez em filme como Cyborg, ainda em conflito com a fonte dos seus poderes, mas de longe se vê ainda a metáfora de ligação ao monstro de Frankenstein, que procura apenas ser aceite pela sua diferença física. Por último, Ben Affleck e Henry Cavill, não se afastam muito do esperado com o Cavaleiro Negro a parecer francamente desmotivado depois da adoração da sua prestação em “Batman vs. Super-Homem”. E Warner Bros., não havia outra forma, além do CGI na cara do Super-Homem para esconder um bigode? Era a cena inicial assim tão necessária se estava tão má?

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Para quem não gostou da falta de comédia, em “Liga da Justiça” há vários momentos que podem ser considerados cómicos. Alguns deles são forçados, outros mais orgânicos, como a relação de The Flash e Cyborg, mas em momento algum melhora a experiência cinematográfica.

Infelizmente, para os não-fãs da DC Comics em primeiro lugar os positivos acabam aqui.

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O foco dado à apresentação e criação da Liga significou uma perda significativa na estrutura do argumento, e em especial, no péssimo vilão representado por Steppenwolf (Ciarán Hinds). A escrita do antagonista pode apenas ser comparada a “Transformers”, ou seja, uma personagem nula cuja única motivação é destruir o planeta Terra e governar sobre ele porque tinha sido derrotado milhares de anos antes. Não tem qualquer ligação com nenhum dos heróis, funciona tanto como antagonista e catalisador, e torna-se francamente um alvo demasiado fácil quando Super-Homem regressa dos mortos.

Se “Batman vs. Super-Homem” tentou ser uma complexa comparação entre homem e Deus, então “Liga da Justiça” foi a antítese e uma história demasiado simples e sem tempo para cativar e fazer as audiências pensar. Os arcos são a criação, a tentativa de impedir os planos do vilão e a derradeira batalha. Genéricos.

Os painéis artísticos de Zack Snyder no seu último filme foram nada mais do que inspiradores, e enquanto que a cidade de Gotham ainda nos parece incrível, o resto ficou muito aquém do esperado. No fundo, Steppenwolf é apenas uma mistura digital de um bode e um ogre e está péssimo, especialmente quando falamos de um aglomerado multinacional como a WB por detrás da sua produção.

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Se permitem porém um pequeno SPOILER, há uma cena em particular que este crítico gostou bastante, e que é o pedaço mais fiel de adaptação que se pode esperar do Batman e que demonstra o tamanho potencial e profundidade deste universo, se FINALMENTE não tentarem agradar gregos e troianos:

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Após uma batalha dos membros da Liga, quando todos se encontram na base de Bruce Wayne, há uma pequena metáfora em relação ao Cavaleiro Negro e aos seus novos companheiros. Ele efectivamente não tem poderes. Ele é frágil numa batalha de Deuses. E o seu corpo demonstra as suas feridas, enquanto que os restantes parecem apenas frustrados. A Mulher-Maravilha e Batman travam um diálogo sobre liderança, que Bruce tenta impingir em Diana pelas suas capacidades e sensatez, mas que graças às imagens dos ferimentos atira ao público a noção de que é mesmo Bruce quem é o derradeiro líder. Uma franca adoração de Diana à determinação do seu companheiro, que notoriamente em desvantagem, ferido emocionalmente e fisicamente, não se retira da batalha e que o torna uma inspiração. Conseguida porque já conhecemos esta Diana depois do fantástico filme a solo, e graças à popularidade de Batman na cultura popular.

Que este simples filme seja a rampa para um lançamento mais coeso dos filmes a solo de cada um dos seus membros. A parceria WB/DC bem necessita…

Liga da Justiça, em análise
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Movie title: Liga da Justiça

Director(s): Zack Snyder

Actor(s): Ben Affleck, Gal Gadot, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Henry Cavill e Ciarán Hinds

Genre: Super-Heróis, Acção, Fantasia

  • Catarina de Oliveira - 55
  • Marcos Mendes - 60
  • Daniel Rodrigues - 40
  • Ângela Costa - 65
  • João Fernandes - 65
  • Rui Ribeiro - 65
  • Virgílio Jesus - 50
  • Marta Kong Nunes - 60
58

CONCLUSÃO

Liga da Justiça é um filme demasiado simples mas que cumpre o objetivo de expandir o universo cinematográfico da DC Comics com personagens e actores interessantes para as adaptações a solo.

O MELHOR: A interpretação e representação dos membros da Liga da Justiça, em especial a segurança de Gal Gadot no papel de Diana Prince e a ingenuidade dramática de Ezra Miller como Barry Allen. Há ainda um grande interesse pela contínua expansão do universo graças a última cena pós-créditos, e claro, a iminente chegada de Darkseid.

O PIOR: Os efeitos especiais são francamente maus. A estrutura demasiado simples do filme e a comédia forçada para parecer Marvel light retira-lhe identidade. O filme é um misto de ideias coladas no papel e falta-lhe intenção.

MM

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