Reed Hastings & Ted Sarandos, Netflix

Netflix ameaça retirar cinco filmes do Cannes Film Festival

As divergências entre a Netflix e o Festival de Cannes são cada vez maior, desta vez a plataforma de streaming ameaça retirar os filmes que produziu do festival.

A disputa entre a Netflix e o Cannes Film Festival está a atingir o seu ponto crítico com a aproximação do anúncio do alinhamento do Festival na próxima semana. O serviço de streaming está a ameaçar retirar cinco dos seus filmes que deveriam ter as respectivas estreias durante o Festival. Esta acção é justificada por uma nova regra de Cannes, estabelecida em 2017, a qual impede os filmes originais Netflix de entrarem na competição. A regra terá sido imposta como forma de conter o crescimento desmedido que a plataforma tem apresentado. Apenas para 2018, a Netflix tem planeado um orçamento que ultrapassa os $8 mil milhões de dólares para a produção de conteúdos originais.

É importante referir que o exponencial crescimento do serviço de streaming deve-se, em grande parte, ao seu apoio financeiro. A indústria cinematográfica permitiu, de um certo modo, que a situação chegasse a este ponto. Com filmes que nunca veriam a luz do dia se não fosse pela Netflix. A moeda de troca é relativa. O que, em termos práticos, difere as longa-metragens financiadas pela plataforma das restantes, é o facto de estas nem sempre terem estreia nas salas de cinema. Ora este ponto tem sido alvo de controvérsia, com realizadores como Steven Spielberg a defenderem que tais conteúdos deveriam ser considerados telefilmes, elegíveis para as respectivas competições.

A Netflix estreou-se em Cannes o ano passado com os filmes “Okja” e “The Meyerowitz Stories”, levantando precisamente este ponto de discórdia assinalado pelos cineastas e donos de cinemas franceses. Muitos se impuseram contra a política do serviço de streaming, a qual lança os filmes simultaneamente online e num número limitadado de salas de cinema. Depois deste protesto em 2017, o director do Festival, Thierry Frémaux, afirmou que, nas próximas edições, qualquer filme que queira competir em Cannes terá de se comprometer a ser distribuído nas salas de cinema francesas. Frémaux referiu ainda o reforço da política anti-Netflix deve-se ao que aconteceu na última edição

O ano passado, quando seleccionados estes dois filmes, pensei que conseguiria convencer a Netflix a lançá-los no cinema. Fui pretensioso, eles recusaram.

A lei francesa é, de igual forma, especialmente rígida para empresas como a Netflix, exigindo aos distribuidores um período mínimo de 36 meses de espera entre o lançamento nos cinemas e a disponibilidade em plataformas. Ted Sarandos, director de conteúdos do serviço de streaming, comentou que a nova política tornava o regresso a Cannes “menos apelativo”.

Este ano, a Netflix deverá apresentar cinco filmes a Cannes. “Roma” de Alfonso Cuarón, “Norway” de Paul Greengrass, “Hold the Dark” de Jeremy Saulnier, “The Other Side of the Wind” de Orson Welles, e o documentário de Morgan Neville sobre Welles intitulado de “They’ll Love Me When I’m Dead”. Até agora a plataforma de streaming negou quaisquer comentários sobre a sua ameaça. O alinhamento do Festival será divulgado no próximo dia 12 de Abril, pelo que o mais tardar nessa data saberemos qual a posição da plataforma.

Qual a tua opinião? Deveria a Netflix ter as mesmas regras que o resto dos concorrentes?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *