O Jogo Final, em análise

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  • Título Original: Ender’s Game
  • Realizador: Gavin Hood
  • Elenco:  Harrison Ford, Asa Butterfield, Hailee Steinfeld, Viola Davis, Ben Kingsley, Abigail Breslin
  • Género: Sci-fi/Aventura
  • ZON Audiovisuais | 2013 | 114 min

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Baseado no best-seller premiado do visionário Orson Scott Card, “O Jogo Final” relata inicialmente os horrores que o planeta Terra sofreu – embora tenha sido salvo na última hora pelo Comandante da Frota Internacional,  Mazer Rackham (Ben Kingsley) – quando foi devastado por Formics, uma raça alienígena aparentemente determinada a destruir a humanidade. Anos mais tarde, a população terrestre une-se para impedir a sua própria aniquilação por esta espécie alienígena tecnologicamente superior. Como preparação para o próximo ataque, o altamente respeitado Coronel Graff (Harrison Ford) e os militares da Frota decidem treinar os jovens mais promissores com o objetivo de encontrar o próximo Mazer.

Ender Wiggin (Asa Butterfield), um rapaz tímido, mas brilhante, pode tornar-se o salvador da raça humana. Ele é separado da sua adorada irmã e do seu terrível irmão e é trazido para a Battle School na órbita terrestre onde será testado e aperfeiçoado para que as suas técnicas de combate consigam salvar a humanidade.

Assim começa o filme de Gavin Hood que prometia (pelo menos nos momentos iniciais) criar um épico sci-fi que dignificasse a aclamada obra literária de Orson Scott Card. Para ser sincero, o filme cumpre relativamente bem os seus propósitos iniciais: contextualiza bem a ação (embora haja algumas motivações pouco percetíveis e timidamente exploradas), constrói algumas sólidas personagens (onde se destaca Harrison Ford, por exemplo, no seio de um prestigiado elenco) e consegue integrar a complexa personagem de Asa Butterfield num ambiente tenso e misterioso, que nos leva a ter curiosidade do que se vai suceder a seguir.

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Denota-se, no entanto, que há um arrastamento desmesurado dos acontecimentos e, a determinado momento, parece tudo ainda tão imaturo que já não prevemos grandes desenvolvimentos até ao fim. E quando finalmente Gavin Hood decide começar a ‘ação’ propriamente dita, já é tarde demais. Acaba por desenvolver algumas personagens unidimensionais (as de Hailee Steinfeld, Moises Arias e Abigail Breslin), por usar a componente visual como manto da invisibilidade para os fracassos do argumento, por oferecer algumas inverosimilhanças no enredo e, sensivelmente a meio, já não há dúvidas de que dali sairá uma aventura juvenil apenas satisfatória (mas que podia e devia fazer mais, porque tinha competência e inovação para tal).

De modo que os grandes elogios que se possam fazer a “O Jogo Final” residem essencialmente na premissa com potencial e nas suas vastíssimas qualidades técnicas.

ENDER'S GAME

Impulsionada pelo BAAM que Hans Zimmer criou para “Inception” (que já serviu de inspiração a filmes de ficção-científica – e não só – para os próximos mil anos), a banda sonora de “O Jogo Final” consegue, de facto, criar um ambiente tenso, contrariando por vezes a fria narrativa que se vai arrastando sempre com poucos desenvolvimentos importantes. Serve por vezes como despertador para aquele adormecimento que se sente sensivelmente a meio. É pena que a premissa e toda aquela primeira parte bem construída e contextualizada sejam quase desperdiçadas devido a quedas súbitas de ritmo que vão roubando alguma da nossa atenção e paciência. E neste caso, se não fossem as fortes batidas da banda sonora, algumas sólidas interpretações e o espetáculo visual magnífico (são impressionantes os movimentos corporais durante aqueles jogos no espaço) estar-se-ia, provavelmente, a falar de um filme bem menos satisfatório.

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A tentativa exacerbada de estabelecer uma conexão emocional entre Ender e os Formics é só mais uma frustrada passagem que tenta tornar “O Jogo Final” no épico sci-fi que este nunca chega a ser. A culpa não está do lado de Asa Butterfield (que devolve, como aliás era esperado, uma forte interpretação) mas sim nas opções do argumento na reta final que desaproveitam as capacidades de tornar este “Ender’s Game” numa fábula (moral e ética) sobre a condição humana. Em vez de se ver um conflito dramático crescente até ao twist final, assiste-se a um fim demasiado abrupto, pouco emocionante, ritmicamente monótono (em concordância com o restante filme) e de onde é muito difícil retirar alguns apontamentos verdadeiramente marcantes.

É claro que, em benefício de um filme sólido, pouco ou nada ajuda o facto de haver a inevitável sugestão final de possíveis sequelas, e é isso que retira a possibilidade de “Ender’s Game” nos oferecer um final digno. Se nos recordarmos de “Dragon Ball” e aquela célebre frase ‘Não percam o próximo episódio, porque nós também não!’, podemos facilmente associá-la ao filme de Gavin Hood… com a ténue diferença de que, neste caso, por muito que o filme entretenha, a vontade de ver o próximo episódio é muito pouca.

DR

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