Robô & Frank, em análise

 

ROBOT ET FRANK_POSTER
  • Titulo Original: Robot & Frank
  • Realizador: Jake Schreier
  • Elenco: Frank Langella, James Marsden, Liv Tyler, Susan Sarandon
  • Género: Sci-fi/Drama/Comédia
  • PRIS | 2012 | 89 min

Classificação:

[starreviewmulti id=9 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’]

 

Estreado em solo nacional na sessão de encerramento do passado Fantasporto, “Robot & Frank” exibe agora a sua ligeireza aprimorada em todo o território português.

Todos sabemos que um grande cozinhado para ser bom e saboroso não tem necessariamente de ser requintado e pesado. “Robot & Frank” joga bem com essa premissa e oferece-nos uma pequena história que, apesar de possuir um potencial para uma densidade dramática mais vincada, se assume quase sempre como uma comédia ligeira e futurista.

Poderíamos estar à espera de uma análise à crise da idade avançada, à solidão permanente na velhice, ou até o modo como os androides humanizados podem influenciar o quotidiano da sociedade.

E apesar de “Robot & Frank” tocar ao de leve nesses pontos, a verdade é que nunca quer ser demasiado pesado tentando a todo custo conduzir essas situações para o limiar do humor inteligente.

Passado num futuro próximo, o filme narra a história de um ex-ladrão de joias que recebe um presente do seu filho: um mordomo robô programado para cuidar dele. “Robot & Frank” exibe a relação fraterna entre Frank e o seu Robô, que rapidamente se tornam companheiros… até no crime.

robot-frank

Frank Langella é o elemento em destaque por ser de longe a melhor componente que “Robot & Frank” tem para apresentar. Criando de forma magistral uma personagem afetada pela sua falta de memória, e exacerbando todas as deficiências da idade avançada, onde a solidão nem sempre é definida pelo estado de estar só, mas essencialmente pela vontade de querer permanecer nesse estado. Assertivo, cómico, expressivo. Assim é Frank, numa composição complexa e estudada de Frank Langella que eclipsa todo o restante elenco.

E talvez essa proeminência de Frank Langella deixe espaço para uma subexploração dos outros elementos do cast. Tanto Susan Sarandon, como Liv Tyler ou até James Marsden carecem de tempo de antena e complexidade nos seus personagens, algo que por vezes os torna demasiado acessórios no desenvolvimento da ação. O caso de Susan Sarandon é ainda mais desapontante, dado que a sua personagem revela ser mais importante do que inicialmente aparentava, e as linhas de diálogo que lhe são incumbidas não possuem o mínimo de arrojo ou complexidade dramática.

Peter Sarsgaard acaba por se distinguir, mesmo escondido por detrás do autómato quase humano, com a sua voz segura e terna, e pelas inevitáveis cenas deliciosas que partilha com o estupendo Frank Langella.

Ao nível mais detalhado, não se pode dizer que “Robot & Frank” tenha um grande trabalho de realização. Jake Schreier, estreante na realização de longas-metragens, imprime alguma previsibilidade e linearidade a uma narrativa que necessitaria de momentos mais marcantes. Algo que nunca chega a acontecer. E mesmo os movimentos da sua câmara são demasiado tradicionais, à semelhança da simplicidade do seu argumento (pese embora a criativa ideia inicial).

Funciona, portanto, tudo à base da comédia perspicaz e enternecedora, capaz de criar momentos de puro deleite para os apreciadores de humor consistente e despretensioso.

Se por momentos somos capazes de esboçar os maiores sorrisos, noutros somos afetados pela sensação do potencial maior. Fica evidente a tentativa em conceber um indie simpático, mas essa vontade acaba por destruir algum do seu virtual poder crítico. Na verdade, os seus curtíssimos 89 minutos não dão espaço para que “Robot & Frank” consiga ser mais do que um filme agradável. Porque com o tema que expõe, poderia oferecer uma visão mais analítica da evolução tecnológica da sociedade por oposição à estagnação humana da mesma.

Apesar de todos esses apontamentos menos favoráveis, não haja dúvida que estamos perante uma encantadora obra sobre o fascinante poder da amizade, dotada de uma simplicidade comovente e capaz de nos levar para a fantasiosa dimensão da mente humana.

DR

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *